Caso
de estupro de vulnerável aumenta em 14,3% no Estado de São Paulo
Maio Laranja é uma Campanha de Combate ao Abuso e
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, infelizmente o Brasil está no 11º
no ranking de exploração sexual infantil, de acordo com o relatório Out of the
Shadows, publicado no início do ano pela revista britânica The Economist.
O relatório avalia o ambiente, em itens como a
segurança; as leis de proteção às crianças; compromisso e capacidade dos
governos; e o engajamento do setor privado, da sociedade civil e da mídia.
Desta forma, a nota é composta por 34 indicadores e 132 subindicadores. Quanto
maior a pontuação, maior a probabilidade de as crianças serem protegidas.
Segundo o estudo, "o estigma e a falta de uma
discussão aberta sobre o sexo, direitos das crianças e gênero" podem
prejudicar a capacidade de um país de proteger suas crianças. Até por que,
historicamente, os casos envolvendo menores são encobertos por omissões, tabus
e pelo fato da maior parte dos abusos serem cometidos por pessoas próximas às
vítimas.
A médica e especialista em Educação em Sexualidade
Lilian Macri acredita que as limitações brasileiras estão na falta de uma
educação em sexualidade conduzida pelos pais e em parceria com a escola, de
políticas públicas e de programas de prevenção para abusadores em potencial.
A preocupação com as crianças é ainda maior em
relação aos casos de estupro de vulnerável. De acordo com os dados
divulgados pela SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo)
o número de casos de estupro cresceu em todo o estado em 2018. Foram 11.950
boletins de ocorrência registrados, o equivalente a 32 casos por dia, uma alta
de 7,76% em relação ao ano de 2017. Esse é o maior índice desde 2013.
Os crimes cometidos contra pessoas consideradas
vulneráveis tiveram a alta ainda mais acentuada, cerca de 14,3%, com 8,6 mil
casos. Só na capital paulista, enquanto o número de denúncias de estupro
cresceu 1,7%, os registros de estupro contra vulneráveis cresceu 10,6%.
Em 2013, houve 12 mil registros, mas esse índice
caiu nos dois anos seguintes. No entanto, desde 2016, as autoridades policiais
apontam que esse tipo de crime está em ascendência.
Em Taubaté, de Fevereiro de 2017 a 2018 foram
registradas 30 denúncias, o número cresceu para 48 no mesmo período de 2018 a
2019.
Estima-se que esse número pode ser ainda maior, já
que a maioria dos abusos acontece dentro de casa, por algum familiar da vítima.
No Hospital Universitário de Taubaté são atendidos em média 3 vítimas desse
tipo de crime por semana.
A grande maioria dos abusadores sexuais infantis
cometem o crime contra crianças por acreditarem que elas estão à sua
disposição. A crença de que crianças e adolescentes são objetos. E sua
objetificação às colocam em situação de risco dentro do local que deveria
protegê-las: a família. E estas relações desiguais de gênero são mantidas pelo
machismo.
Em meio a esses indicies desolador a pergunta que
não quer calar é: Como proteger as nossas crianças? Lilian acredita que
os pais/cuidadores podem proteger seus filhos de possíveis abusos. “Através do
diálogo, do amor e da orientação. Estabeleça laços de confiança entre você e o
seu filho/filha, conduza-o a uma educação sexual adequada a cada fase do seu
desenvolvimento. Que ele saiba que o corpo é dele e que somente ele deve tocar
em suas áreas íntimas. E que se alguém tocá-lo de forma diferente, ele deve
contar a você”.
O olhar atento dos pais/cuidadores a qualquer
mudança de comportamento também é fundamental. Se você notar que seu filho está
diferente, triste e isolado. Investigue, vá a fundo, converse com a criança.
Não tenha medo e nem vergonha, peça ajuda e denuncie, disque 100!
A
especialista orienta aos pais de como proteger seus filhos
1- Estabeleça laços de confiança;
Seu filho precisa saber que pode confiar em você,
que pode ter contar tudo e que você está ali para ajudá-lo e protegê-lo de tudo
e todos;
2- Mostre para o seu filho que o corpo é dele e
estabeleça limites;
Ensine seu filho que ele pode dizer não se alguém
forçá-lo a tocar, abraçar ou beijar outra pessoa. Ao cumprimentar um
desconhecido, o aperto de mão pode ser uma alternativa a beijos e abraços. Não
force seu filho a beijar ou abraçar alguém;
3- Crie uma rede de proteção;
Ajude seu filho a formar esse grupo, que deve
reunir três ou quatro adultos em que ele confia para contar o que quiser caso
se sinta preocupado ou inseguro.
4- Respeite a intimidade;
Chame as partes íntimas de seu filho pelo nome
correto e explique que ninguém, criança ou adulto, pode tocá-las, a não ser os
responsáveis. Diga ainda que não é legal que ela toque no corpo de outra
pessoa;
5- Forneça ao seu filho educação sobre sexualidade;
Aceite o desafio conduza naturalmente uma educação
sexual, sadia e segura para o seu filho, respeitando a idade e grau de
compreensão da criança;
6- Ensine ao seu filho algumas medidas básicas de
proteção;
Exemplifique uma situação de risco com uma história
e oriente-o uma forma de se proteger;
7- Fique atento aos sinais;
Explique à criança que seu corpo é inteligente e,
por isso, mostra quando está desconfortável. Dor no estômago, coração acelerado
ou suor sem motivo podem indicar que algo não vai bem, e isso deve ser contado
a um adulto de confiança;
8- Não estimule segredos;
Explique que sua família não tem segredos. Que tudo
pode ser contado para um adulto de seu confiança.
Lançamento
do livro
Lilian Macri aborda esse assunto também no seu
livro “Mamãe, o que é sexo? Vem que eu te ajudo com a resposta!”.
O livro propõe sanar dúvidas, esclarecer o papel da
família e da escola, alertar sobre a prevenção de abuso sexual infantil e
ajudar pais e educadores, por meio de uma metodologia, a desenvolver uma
educação em sexualidade sadia e eficiente em todas as fases de desenvolvimento
da criança.
O lançamento oficial do livro terá uma roda de
conversa e acontecerá no dia 19 de maio, às 15h, na livraria Leitura, no
Taubaté Shopping, em Taubaté – SP.
A agenda completa do lançamento do livro nas
melhores livrarias de todo o país, está disponível no site www.lilianmacri.com.br.
Lilian Macri - médica, pós-graduada em sexualidade
pela Universidade de São Paulo e especialista em Educação em Sexualidade pela
UNISAL e Terapia Sexual pela SBRASH. Atua como colaboradora do Projeto Afrodite
da UNIFESP, no ambulatório de disfunções sexuais femininas, onde realiza seu
mestrado. Atende em seu consultório nas cidades de Taubaté e em São José dos
Campos e ministra palestras sobre sexualidade pelo país. Autora do
livro “Mamãe, o que é sexo? Vem que eu te ajudo com a resposta!”, propõe uma
educação em sexualidade sadia e eficiente em todas as fases de desenvolvimento
da criança.
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