Pulmonar X Arterial: entender a diferença
entre essas hipertensões ajuda no diagnóstico precoce
Em 2019, o Dia Mundial da Hipertensão Pulmonar quer alertar as pessoas
sobre os sintomas dessa doença que é confundida facilmente com outros problemas
pulmonares
A hipertensão acontece
quando a pressão nos vasos sanguíneos é maior do que deveria ser, fazendo com
que o sangue se force contra a parede dos vasos ou artérias com muita força.
Essa condição é popularmente conhecida como “pressão alta”, mas o que muita
gente não sabe é que ela não se limita apenas à pressão arterial (HA), podendo
acometer diretamente os vasos sanguíneos do pulmão e gerar uma condição
conhecida como Hipertensão Pulmonar (HP).
Por ser menos popular e
discutida que a HA, o dia 5 de maio foi escolhido como o Dia Mundial
da Hipertensão Pulmonar, justamente para conscientizar a população dos
sinais e sintomas que essa doença pode provocar, uma vez que seu diagnóstico é
demorado e confundido com outras condições pulmonares. Mesmo conhecida em menor
escala, a HP atinge mais de 26 milhões de crianças e adultos no mundo todo, de
acordo com a Associação Americana de Hipertensão Pulmonar (PHA). Mas no que,
exatamente, essas hipertensões se diferem?
Onde acontece
A primeira diferença é que na hipertensão comumente
conhecida (também denominada como hipertensão arterial ou "hipertensão
sistêmica"), a pressão nos vasos sanguíneos arteriais em todo o
corpo está elevada para além do recomendado. “Na HP, os vasos sanguíneos
especificamente nos pulmões são afetados e podem se tornar rígidos,
danificados, estreitos ou bloqueados. Como resultado, o lado direito do coração
deve trabalhar mais para bombear o sangue, o que pode levar à insuficiência
cardíaca e até à morte” esclarece Dr. Caio Júlio Cesar dos Santos
Fernandes, do Grupo de Circulação Pulmonar do INCOR – Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Sintomas
Mesmo com o nome parecido,
os sintomas dessas doenças se diferem entre si. Enquanto a hipertensão arterial
pode causar dores de cabeça, no peito, tonturas, zumbido no ouvido e até
sangramento nasal, a hipertensão pulmonar causa fadiga extrema e dificuldade
para respirar, podendo causar desmaios. Por se tratar de sintomas comuns a
outras doenças pulmonares como a asma, o diagnóstico da HP demora a ser feito e
muitas vezes também é confundido com a falta de preparo do indivíduo para
realizar exercício físico.
Casos raros
Tanto a HP como a HA são
condições que podem atingir adultos ou crianças, homens ou mulheres, de
qualquer idade ou raça. Mesmo assim, existe um tipo de hipertensão pulmonar que
é mais rara e de difícil diagnostico: hipertensão tromboembólica crônica, a
HPTEC. No total,
existem cinco tipos de HP e segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), a classificação funcional do paciente com a hipertensão
pulmonar, incluindo a hipertensão pulmonar tromboembólica crônica,
varia numa escala de 1 a 4. Tais indicadores representam desde a
ausência de limitação para atividades habituais, até a incapacidade de
realizar qualquer tipo de esforço físico e a presença de fadiga mesmo em
repouso.
“A HPTEC é rara, mas
é a única das hipertensões pulmonares que pode ser curada por meio de cirurgia.
O seu surgimento pode ocorrer quando o corpo não consegue dissolver um coágulo
de sangue nos pulmões. Isso pode levar ao surgimento de tecido cicatricial
(fibrose) nos vasos sanguíneos dos pulmões, bloqueando o fluxo normal” diz dr. Caio.
Diagnóstico e tratamento
Talvez a maior diferença
esteja no diagnóstico, uma vez que a hipertensão arterial é facilmente
diagnosticada, enquanto a pulmonar pode levar muito mais tempo. “Em países desenvolvidos, o diagnóstico da hipertensão
pulmonar pode levar de 2 a 3 anos para ser feito. Em muitos casos, após o
diagnóstico, 75% dos pacientes já apresentam um quadro de HP grave”, diz
dr. Caio.
O
tratamento, entretanto, tem uma característica em comum: é necessário analisar
o quadro individual de cada paciente antes de iniciar qualquer intervenção. Na
HA, é possível mudar a alimentação e implementar exercícios físicos para baixar
a pressão arterial, mas há casos que o uso de medicamentos é necessário. Já nas
HP, os tratamentos podem variar desde tratamento medicamentoso, exercícios
físicos supervisionados, até cirurgia e transplante de pulmão.
Desde
2017, os pacientes mais graves da HPTEC inoperável lutam para ter seu
medicamento incorporado ao SUS. De acordo com Paula Menezes, Presidente da ABRAF – Associação
Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas,
a incorporação do medicamento significa uma nova esperança e a chance de viver
dignamente com uma doença que, em muitos casos, impossibilita seus pacientes
até mesmo de pentear os cabelos e fazer outras tarefas simples do dia-a-dia.
“Entender
que a hipertensão pulmonar existe e que seu diagnóstico precoce pode trazer
diversos benefícios para a vida do paciente é o mote para o ano de 2019.
Precisamos conhecer os sintomas e lutar pelo diagnóstico precoce e pelo
tratamento adequado para cada um”,
finaliza Paula.
Bayer
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