Cardiologista do HCor comenta sobre os riscos em suspender medicamentos cardíacos, que podem aumentar a chance de hemorragia em casos da doença
Os casos de dengue aumentam em todo o país. De acordo com números recentes do
Ministério da Saúde, somente no estado de São Paulo, já são mais de 100 mil
registros da doença este ano. O cenário preocupa, pois os casos graves podem
causar mortes.
Para os pacientes cardíacos o risco é ainda maior, uma vez que o
tratamento da dengue exige a suspensão de um importante medicamento o AAS
(Ácido acetilsalicílico), que previne a formação de coágulos que causam infarto
e angina, mas podem causar hemorragia nesses pacientes específicos caso o
tratamento seja interrompido.
“Existe um grupo em situação mais crítica, que são os que passaram por
uma angioplastia e usam AAS, e outras medicações associadas, para evitar a
trombose do stent implantado na coronária. Nestes casos, um acompanhamento
rígido é necessário para evitar problemas mais graves. Além disso, alguns
pacientes, especialmente os mais idosos, podem descompensar uma insuficiência
cardíaca já controlada”, explica o Dr. Abrão Cury, cardiologista e clínico
geral do HCor.
A preocupação do cardiologista se justifica, pois quando um paciente recebe um
stent para desobstruir a coronária, o sistema imunológico irá atacar este corpo
estranho no organismo e elevar o risco de formação de coágulos que provocariam
um infarto.
“O risco é alto no primeiro ano. Depois, o sistema imunológico irá
diminuir o ataque por reconhecer que o corpo estranho faz parte do organismo.
Pacientes com stents precisam tomar a medicação para prevenir o entupimento da
coronária e o AAS é recomendado em praticamente todos os casos”, comenta Dr.
Abrão.
Como
proceder
De acordo com Dr. Abrão, para tratar esses pacientes específicos que
não podem ficar sem o AAS, algumas orientações devem ser observadas:
·
Cada paciente deve ser tratado individualmente
devido à complexidade do caso.
·
Um ponto de atenção é a diminuição de plaquetas.
A dengue promove queda de plaquetas e o AAS diminui ainda esse componente
sanguíneo, aumentando o risco de hemorragia.
·
Internação do paciente vulnerável para um acompanhamento
mais rigoroso.
·
Caso o paciente apresente sintomas de infarto ele
já estará no hospital e o atendimento será muito mais ágil.
·
Prevenir é sempre a melhor opção. O uso de
repelentes é altamente recomendado. Além disso, medidas para evitar a
proliferação da dengue em água parada devem ser adotadas.
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