A
doença aumenta o risco de surgimento da síndrome metabólica e de mortalidade
cardíaca. Mas, existem diversos tratamentos disponíveis para evitar esses
problemas
Muitas pessoas podem sofrer com a apneia obstrutiva do
sono sem terem conhecimento disso. De acordo com uma pesquisa realizada pela
Philips, estima-se que em 80% dos pacientes a doença não foi diagnosticada.
Ainda de acordo com outro estudo realizado pelo Instituto do Sono somente com
moradores de São Paulo, uma a cada três pessoas sofrem com a apneia obstrutiva
do sono.
Quando não tratada, a doença pode levar ao desenvolvimento da síndrome metabólica, que aumenta o risco de morte por doença cardíaca. “A síndrome metabólica é uma associação do aumento da circunferência abdominal, alteração na glicemia, dislipidemia (elevação de colesterol e de triglicerídios) e hipertensão arterial, o que aumenta em três vezes a chance de mortalidade cardiovascular”, alerta o endocrinologista, Kleber Marques.
O endocrinologista explica que a síndrome metabólica é
causada por uma inflamação corporal provocada pelo distúrbio no sono. “A apneia
obstrutiva do sono gera prejuízos na resistência insulínica, o que predispõe o
diabetes, altera o metabolismo do cortisol, hormônio que ajuda no funcionamento
do sistema imune e controle da pressão arterial e níveis de açúcar no sangue,
estimulando a dislipidemia e aumentando a pressão arterial.”
A apneia obstrutiva do sono
é causada pelo estreitamento total da via área superior, que provoca uma pausa
na respiração durante o sono, caracterizada por um engasgo seguido de silêncio
entre episódios de roncos. Essas interrupções respiratórias não causam somente
os problemas de saúde, como diminuem a qualidade de vida. “A pessoa tem a
sensação de sono não reparador, independente do tempo em que passe dormindo, e
maior tendência a ter pequenos cochilos em situações monótonas, pensamento
lento, irritabilidade, diminuição dos reflexos e da memória, o que aumenta as
chances de acidentes de trânsito e trabalho, e até pode levar ao surgimento de
depressão e ansiedade”, conta o otorrinolaringologista especialista em Medicina
do Sono, Dr. Fernando Cesar Mariano.
As pessoas que têm a doença
podem acordar com a sensação de boca seca ou dor de cabeça. “Mas, o principal
sinal da doença é a sonolência excessiva durante o dia. Alguns pacientes podem
despertar após o fim da apneia, mas nem sempre eles percebem o problema.
Geralmente, os roncos frequentes e intensos que acompanham a doença levam os
familiares e cônjuges a perceber que existe um problema e pedir que a pessoa
procure um tratamento”, observa o otorrinolaringologista.
Diagnóstico
e tratamento
Entre os fatores de risco
estão a obesidade, que muitas vezes também está associada à síndrome
metabólica, disfunções na anatomia do pescoço ou cabeça ou musculatura e
aumento de adenoide e amídalas. O diagnóstico somente é feito por meio dos
exames de polissonografia (estudo do sono), complementados pelo exame de
nasofibroscopia (exame de imagem realizado no consultório) ou sonoendoscopia
(exame realizado sob sedação).
Existem diversos tipos de
tratamentos para a doença. A indicação varia conforme o grau da apneia identificado
pelos exames, que pode ser leve, moderado ou intenso. “Pode ser indicado
somente exercícios de fonoaudiologia, que ajudam a fortalecer a musculatura da
faringe, base de língua e pálato mole, ou ter indicação para o uso de aparelho
ortodôntico de avanço de mandíbula ou do CPAP, um aparelho de alta tecnologia
que evita a obstrução do ar por meio de uma máscara nasal”, exemplifica o
otorrinolaringologista.
As cirurgias também podem
ser uma opção terapêutica após uma avaliação individualizada da anatomia feita
pelo especialista em sono. “Os procedimentos com mais sucesso são as
faringoplastias, que têm a função de estruturar a musculatura da faringe e
aumentar o espaço da via aérea superior e as cirurgias esqueléticas de face”,
explica. As mudanças nos hábitos de vida também são fundamentais. “Ter uma
alimentação saudável, praticar exercícios físicos regularmente, não fumar e
controlar o peso corporal são medidas importantes para o tratamento de todos os
pacientes com apneia obstrutiva do sono”, observa Dr. Fernando Cesar Mariano.
Dr.
Fernando Cesar Mariano - O médico otorrinolaringologista Fernando
César Mariano é especialista em sono e cirurgião de ronco e apneia. Faz parte
do corpo clínico do Hospital IPO e é médico em Quatro Barras (PR). É criador do
game educativo para crianças e adolescentes “Hey, Roncabilly! O game do sono
saudável”, que destaca a importância de dormir bem e desmistifica que roncar é
algo engraçado ou normal. Mais informações no site: www.drronco.com.br.
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