Sabe-se que a
Internet 5G permitirá em pouco tempo a substituição de diversos tipos de
atividades laborais
Kevin Ashton, em junho de 2009, foi a
primeira pessoa a utilizar o termo Internet das Coisas (IoT). Referia-se a
interligação de diversos aparelhos e mecanismos a rede de computadores para uso
cotidiano. Desde então a tecnologia tem alcançado desenvolvimento vertiginoso,
alterando o dia a dia de todos nós e de como nos relacionamos com o mundo
a nossa volta.
Sabe-se que a Internet 5G permitirá em pouco tempo
a substituição de diversos tipos de atividades laborais, inicialmente aquelas
ligadas à distribuição de produtos e transporte. Assim nos mostra a Uber,
Microsoft, Tesla, Google, dentre outras empresas.
Juridicamente empresa é atividade de organização
dos fatores da produção, como capital, trabalho, meios de produção e a terra.
Essa atividade, reside sob a gestão de empresário, que organiza criativamente
os fatores de produção com objetivo de criar riquezas, em outras palavras,
obter lucro. Gerência a atividade empresarial aperfeiçoando produtos e
serviços, mas também almejando melhorar vendas e diminuir despesas.
A força de trabalho, principalmente, é custo para o
empresário. Logo, desde os mais remotos tempos, o pagamento pela energia gasto
pelo trabalhador no trabalho é visto como custo. Despesa baixa no mundo com a
utilização de escravos e mais cara com a contratação de empregados. De uma
forma geral, quem gasta a energia para trabalhar tem certo grau de irrelevância
para quem empreende, podendo ser uma pessoa ou um robô.
Não se trata de um olhar desumano, mas uma
constatação do ocorrido desde Revolução Industrial. Mecanização e automação no
trabalho sempre ocorreu em escala crescente.
E agora temas a Revolução Tecnológica. Este novo
ciclo eliminará gradualmente o trabalho menos intelectualizado, tendo primeiro
impacto nos trabalhadores e empregados não especializados. Também haverá
impacto nos serviços onde milhares de desempregados conseguiram refúgio:
aplicativos de transportes e entrega de bens.
Mas o que a Previdência Social tem a ver com isso?
A relação direta e impacto da revolução será na fonte de custeio disposta no
art. 195 da Constituição do Brasil. As contribuições principais para o custeio
da previdência advém dos salários dos empregados e da folha de pagamento como
um torno. Algo em torno de 30% sobre os ganhos, além da fonte de custeio
de autônomos que situa-se em 20% sobre o valor dos serviços prestados.
A pretensão de reformar o sistema previdenciário
para economizar 1 trilhão em 10 anos e projetar um sistema hígido para garantir
o pagamento de benefícios para as novas gerações não logrará êxito. Afirmar que
a reforma da previdência viabilizará benefícios para filhos e netos é uma
afirmação ilusória, pois a realidade tecnológica engolirá o propósito pela
falta de projeção de nova fonte de custeio.
Tudo isso sem deixar de mencionar que a preocupação
com a educação deveria ser primordial. Não só na área de exatas, pois pensar o
futuro não é matéria apenas de atenção das ciências exatas.
Um sistema que se pretende ser perene deveria ser
elaborado a partir de uma comissão composta por especialistas em diversas
áreas, uma vez que o projeto tem contornos de uma mini constituinte
previdenciária.
Ocorre que o Brasil tem tradição de pacotes
econômicos que são apresentados prontos e com o desejo de aprovação na integra.
Além dessa realidade, poucos congressistas têm noções técnicas para entender de
forma global o problema, quedando-se preocupados com vinculações orçamentárias
para atender suas bases eleitorais.
Por fim, entendemos que uma reforma para gerações
deveria ser estudada e apresentada por mais de uma mão que terá, ainda, o
mérito do comprometimento político da sociedade. Desta maneira, sem afogadilho,
deixará de ser apenas uma reforma nascida no Ministério da Economia para ser
uma reforma elaborada pela sociedade e para a sociedade.
Dr
Cássio Faeddo - Ativista dos Direitos Sociais. Mestre em Direitos
Fundamentais/Sociais, MBA em Relações Internacionais - FGV SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário