Além do esgoto, a água também sofre com a contaminação
industrial e o lixo que sobrecarrega os rios, favorecendo o assoreamento
Créditos: Adobe Stock/ mur162
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Em 20 anos, o
avanço do saneamento no Brasil pode reduzir gastos com saúde em mais de R$ 7
bilhões
Com a maior reserva de água doce do mundo, o Brasil
ainda sofre com a falta de medidas para a conservação desse recurso essencial
para a vida e para a atividade econômica. Segundo o levantamento mais recente
divulgado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS),
35 milhões de brasileiros não recebem água tratada e mais de 100 milhões não
têm acesso a coleta de esgoto. Ainda de acordo com o estudo, apesar de avanços
no saneamento, apenas 45% do esgoto gerado no País é tratado. “Essa era
uma pauta [esgoto] do século 19 que continuamos discutindo no século 21.
Podemos comemorar algumas conquistas, mas ainda estamos muito atrasados quando
falamos sobre a conservação da água”, afirma o doutor em Ecologia e membro da
Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, Marcelo Aranha.
O especialista lembra que investimentos para a
conservação da água impactam positivamente na economia e trazem benefícios à
saúde. “A conservação do recurso e ambientes mais limpos geram um entorno com
condições humanas mais adequadas, diminuindo significativamente a disseminação
de doenças ou a presença de agentes transmissores, como ratos e baratas”,
explica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada dólar
investido em água e saneamento resulta em economia de 4,3 dólares em saúde.
Várias cidades do mundo já verificaram na
conservação da água resultados econômicos mais efetivos. Em Nova York (EUA),
por exemplo, a manutenção da qualidade do recurso oferecido à população é feita
por meio da proteção dos mananciais, conservação das nascentes e, com isso,
precisam apenas de um sistema de filtragem e desinfecção para que a água esteja
própria para o consumo. “Muitos países têm buscado manter a funcionalidade dos
rios. O sistema desenvolvido em Nova York custou apenas 15% do que se gastaria
com a opção tradicional de tratamento. Muitos exemplos comprovam que conservar
é economicamente mais vantajoso que tratar o problema”, finaliza o
especialista.
Economia bilionária
Considerando a projeção de avanço gradativo do
saneamento no Brasil no período entre 2015 a 2035, estima-se que a economia na
área de saúde, gerada pela redução de afastamento no trabalho e despesas no
SUS, deve alcançar mais de R$ 7,2 bilhões no País, segundo informações
divulgadas pelo Instituto Trata Brasil. Somente a coleta de esgoto para 100% da
população, resultaria em uma diminuição de mais de 74 mil internamentos por doenças
ligadas à contaminação da água.
Além do esgoto, a água também sofre com a
contaminação industrial e o lixo que sobrecarrega os rios, favorecendo o
assoreamento. “O resultado são inundações com muito mais frequência do que
seria aceitável com as precipitações. Quando uma pessoa joga lixo no rio ou
diretamente na natureza, sem considerar que esse ato traz um retorno à
sociedade e a ela mesma, consideramos que esse comportamento é reflexo de um
analfabetismo ambiental”, analisa o ecólogo.
Rede de Especialistas de Conservação da Natureza
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