Oncologista afirma
que graças aos novos tratamentos disponíveis, pacientes poderão conviver com a
doença que é o tipo de câncer mais incidente no Brasil e no mundo
O câncer de pele não melanoma corresponde a cerca
de 30% de todos os tumores malignos registrados no Brasil. Segundo o Instituto Nacional
do Câncer, INCA é o mais frequente no país. A boa notícia é que medicamentos
modernos para tratamentos específicos para cada tipo de tumor de pele já estão
disponíveis no Brasil. Vismodegib, Pembrolizumab e Avelumab são drogas
aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indicados para
tratar carcinoma basocelular em estágio avançado, melanoma metastático e
carcinoma de células de Merkel. Estes são os nomes dos tipos de câncer de pele
mais comuns.
“Novas drogas estão surgindo num ritmo incrível e
com objetivo de controlar os vários caminhos pelos quais o câncer de pele pode
crescer”, afirma o oncologista Vinícius Correa da Conceição, do SOnHe - Sasse
Oncologia e Hematologia, grupo de médico com atuação em hospitais de Campinas-SP.
O mais comum e com incidência crescente nos últimos
anos é o carcinoma basocelular, que também é o menos agressivo, raramente se
espalhando para outros órgãos. O tratamento padrão é a cirurgia e em alguns
casos radioterapia. No entanto, quando mais agressivo, este tumor pode destruir
estruturas ao redor do local em que surgiu, comprometendo a funcionalidade e
estética, principalmente quando ocorre na face, em locais como nariz e orelhas.
“Para os casos em que o tumor se espalha para outros órgãos, existe a novidade:
a medicação chamada Vismodegib, que age inibindo uma
via de sinalização celular chamada hedeghog, ativada em 90% dos casos mais
avançados de basocelular”, explica o oncologista.
Para um outro tipo de câncer de pele (mais raro,
mas muito agressivo!), o carcinoma de células de Merkel, um tipo de tumor
neuroendócrino de pele com poucas opções de tratamento - no qual a
quimioterapia convencional com platina era o mais usado, trazendo resultados
ruins e com muita toxicidade - mais uma vez a imunoterapia veio para mudar a
evolução também deste tipo de câncer de pele. “Tivemos, recentemente, a
aprovação no Brasil da medicação Avelumab, um anti-PDL-1, trazendo
resultados promissores e com menos efeitos colaterais”, afirma o oncologista.
Por fim, há novidades ainda para o tipo melanoma, o
mais temido e agressivo (e com incidência também crescente). Até 2011 não havia
nenhum tratamento com eficácia comprovada e muitas pessoas morriam rapidamente
em decorrência de suas metástases. A aprovação da imunoterapia Ipilimumab, em
2011, foi a primeira medicação a aumentar o tempo de vida dos pacientes. E,
desde então, novos medicamentos foram desenvolvidos e, hoje, estão disponíveis.
“Existem hoje, no Brasil, três opções de imunoterapia para melanoma: Nivolumab,
Pembrolizumab, (que é a novidade), e Ipilimumab,
podendo ainda ser feita a associação de dois medicamentos como
Nivolumab+Ipilimumab. Estas medicações mudaram a história natural da terrível
doença e, atualmente, os pacientes vivem mais e melhor”, explica.
Estamos em risco: prevenção, sempre!
Apesar do desenvolvimento de novos tratamentos,
muito mais eficazes e com menor toxicidade, os tumores de pele quando muito
avançados ainda comprometem a qualidade de vida e causam a morte de um grande
número de pacientes.
“Por isso, o ideal continua sendo a prevenção,
visto que a maior parte dos cânceres de pele é evitável. Vivemos em um país
tropical, com alta incidência solar, com dias muito quentes. Estamos mais
expostos aos riscos que a radiação solar traz. Além disso, estamos próximos do
fim do ano e época de férias escolares, momentos propícios para viagens e
diversão, mas também época em que mais nos colocamos em risco aos danos
causados pelo sol”, conclui o especialista.
Para um futuro próximo
Outro tumor de pele muito frequente é o chamado
carcinoma epidermoide (CEC), mais agressivo que o basocelular e com maior
chance de causar metástase para linfonodos e outros órgãos. Seu tratamento
geralmente também é com cirurgia ou radioterapia, mas nos casos avançados e metastáticos
o tratamento usual é com quimioterapia. Infelizmente, para esse tipo de tumor a
quimioterapia tem baixas respostas e não existem estudos que comprovem o seu
impacto na melhora tanto da qualidade quanto do tempo de vida. “A imunoterapia,
medicamentos que ativam o sistema imunológico do próprio paciente contra o
câncer, tem mostrado resultados promissores no tratamento dos tumores de
pele. Recentemente foi aprovado pelo FDA, nos EUA, a droga imunoterápica Cimiplimab,
um anti-PD-1, que mostrou taxas de resposta de 47% em pacientes com CEC de pele
avançado. Esta medicação ainda não foi aprovada pela Anvisa e, portanto, ainda
não está disponível no Brasil, mas esperamos em breve tê-la como opção”, almeja
o médico.
Dados
O câncer de pele é o mais comum no Brasil e no
mundo, correspondendo a aproximadamente 33% de todos os tumores malignos
(165.580 novos casos são estimados pelo Instituto Nacional do Câncer, INCA,
para 2018, sendo 51% em homens). Dentre os seus subtipos, os cânceres de pele
não melanomas são os mais frequentes, mas geralmente menos letais. Já o
melanoma, que representa cerca de 4% dos tumores de pele, se não diagnosticado
na fase inicial da doença tem alta mortalidade.
Vinícius
Correa da Conceição - oncologista graduado pela Unicamp, visiting
fellow no serviço de oncologia do Instituto Português de Oncologia (IPO).
Médico assistente da Oncologia da Unicamp, com função docente junto aos
graduandos da medicina e residentes da disciplina de oncologia. Como membro do
Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia, Vinícius é oncologista do Hospital
Vera Cruz, no Instituto Radium de Campinas e do Hospital Santa Tereza. Membro
titular da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade
Europeia de Oncologia (ESMO).
Sobre o Grupo SOnHe
O Grupo
SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia, é formado por oncologistas e
hematologista que fazem o atendimento oncológico humanizado e multidisciplinar
no Hospital Vera Cruz, Hospital Santa Tereza e Instituto do Radium, três
importantes centros de tratamento de câncer em Campinas. A equipe oferece
excelência no cuidado oncológico e na produção de conhecimento de forma ética,
científica e humanitária, por meio de uma equipe inovadora e sempre
comprometida com o ser humano. O SOnHe é formado pelos oncologistas: André
Deeke Sasse, David Pinheiro Cunha, Vinicius Correa da Conceição, Vivian Castro
Antunes de Vasconcelos, Adolfo Scherr, Rafael Luiz, Fernanda Proa Ferreira
e Susana Ramalho.
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