Doenças associadas e risco de
hipoglicemia estão entre as dificuldades do controle da glicemia em pessoas com
mais de 60 anos
Mais de 382 milhões de pessoas
sofrem de diabetes no mundo, 11,9 milhões só no Brasil, segundo dados do IDF (International
Diabetes Federation). A prevalência e a incidência do diabetes tipo 2 em
idosos vêm crescendo proporcionalmente ao aumento da expectativa de vida da
população. Estima-se que 10 milhões de pessoas (26,9% da população mundial) com
idade igual ou superior a 65 anos tenham diabetes, segundo dados do Center
for Disease Control and Prevention. Muitas delas não sabem ser portadoras
da doença. Em 2013, 226 mil adultos morreram em decorrência do diabetes nas
Américas do Sul e Central, mais da metade (56%) com mais de 60 anos.
O impacto do diabetes tipo 2 nos idosos tem recebido atenção especial da comunidade médica e científica nos últimos anos. Isso porque o tratamento da doença nessa população é um desafio, já que inúmeros fatores podem dificultar o controle da glicemia, como condições médicas, doenças associadas, uso de outros medicamentos e a possibilidade de interação medicamentosa, características comuns a essa faixa etária.
A idade avançada também é um fator de risco para a hipoglicemia (nível baixo de açúcar no sangue), problema que pode ser ocasionado pela omissão ou atraso de refeições, por exercícios físicos excessivos ou por doses elevadas de insulina e/ou alguns medicamentos para diabetes. Ela é potencialmente perigosa para os idosos por apresentar sintomas que podem ser confundidos com os comuns à idade avançada, como calafrios, tontura, sudorese, fome, cefaleia, palidez, alteração repentina do humor ou do comportamento e confusão mental. Sem diagnóstico, a hipoglicemia pode aumentar a chance de quedas e comprometer o sistema nervoso central, o que aceleraria a evolução do Alzheimer, já que o baixo nível de açúcar no sangue pode levar à morte de neurônios e à demência.
A baixa adesão ao tratamento nessa faixa etária também é um problema, já que as múltiplas condições médicas podem dificultar o comprometimento dos pacientes com a terapia. É comum que idosos se preocupem mais com a capacidade funcional e a habilidade de manter as atividades do dia a dia do que com os objetivos específicos do tratamento. Sem o controle efetivo do diabetes, eles acabam ficando suscetíveis aos riscos associados à doença. Cerca de 20% dos diabéticos morrem de insuficiência renal e 50%, de ataque cardíaco. O diabetes ainda traz impactos negativos na qualidade de vida: a doença é responsável por um milhão de amputações dos membros inferiores ao ano e por 5% dos casos de cegueira em todo o mundo, segundo a World Diabetes Foundation. Aproximadamente um terço das pessoas com diabetes desenvolvem retinopatias ou algum grau de lesão nos olhos relacionados à doença.
Por esses motivos, é fundamental que o tratamento do idoso seja feito individualmente, levando em consideração as peculiaridades da idade, com acompanhamento multidisciplinar e comportamental, além do controle da glicemia. A boa notícia é que hoje já existem medicamentos eficazes, os chamados inibidores de DPP-4, que agem de forma glicose-dependente, atuando apenas quando a glicemia está aumentada, reduzindo o risco dos episódios de hipoglicemia e proporcionando, assim, mais qualidade de vida para o paciente.
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