O Hospital Santa Mônica
de São Paulo, referência em saúde mental infantojuvenil e adulto e dependência
química, participa anualmente da Campanha de Prevenção ao Suicídio, Setembro
Amarelo, sob o tema "Preserve a vida, trate a dor".
Este ano a preocupação é com o aumento do número de adolescentes com
tentativas de suicídio. "Queremos reforçar a importância dos pais
permanecerem atentos e cuidarem da saúde
mental dos seus filhos, assim como cuidam de outros aspectos da vida do adolescente, em função
disso estamos lançando um E-book sobre o assunto", afirma Alexandre
Bellizia, diretor de relações institucionais do Hospital.
A fase de transição e
amadurecimento vivida pela juventude, além de novas experiências prazerosas,
pode trazer dor e confusão. Por isso, um problema como o suicídio entre jovens no Brasil requer atenção e não
deve ser tratado como tabu.
Segundo a Organização Mundial de Saúde cerca de 800 mil suicídios ocorrem
por ano. Isso significa um suicídio a cada 30 segundos. No mundo todo, a taxa
geral de mortes por suicídio é de 11,4 pessoas para cada 100 mil, especialmente
em países pobres.
No Brasil, a cada 100 mil pessoas, 6 se matam todo ano. Apesar de ser um
índice relativamente abaixo em comparação aos outros, somos o oitavo país com
mais suicídios no mundo em números absolutos. E pior: estima-se que, para cada
pessoa que comete suicídio, existem pelo menos outras 20 que tentaram, mas não
conseguiram consumar o ato.
Apesar de a maioria dos suicidas pertencer à faixa etária acima dos 70
anos, é na faixa de 15 a 29 que os números mais impressionam, figurando como a
segunda maior causa de mortes.
Em um estudo recente feito na Dinamarca constatou-se que 46,5% dos
adolescentes que tentam o suicídio realmente queriam morrer, e que apenas 2,5%
queriam "chamar a atenção", desconstruindo o conceito de que os
adolescentes usam a tentativa de suicídio apenas para atrair a atenção para si.
Este mesmo estudo também demonstrou que 50% dos adolescentes apresentaram
ideação suicida por mais de um mês e que muitos destes jovens não se sentiam
ouvidos pelos seus pais e este seria o principal motivo para tirar suas vidas.
Fator de risco de suicídio e as doenças mentais
Um fator de risco bem estabelecido é a relação do suicídio com doenças
mentais. Estudos apontam que 75% dos adolescentes que se suicidaram tinham
algum tipo de transtorno mental, principalmente os transtornos afetivos, como depressão e transtorno bipolar.
Dependência de múltiplas drogas incluindo álcool, maconha e tabaco estão
associados a um aumento do risco de tentativas de suicídio em adolescentes.
Também é importante ressaltar que na população de adolescentes gays,
lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros o índice de suicídio tem
aumentado nos últimos anos. Em muitos casos estes adolescentes convivem com
algumas angústias particulares como a descoberta e o entendimento de sua
sexualidade ou identidade de gênero, além de muitas vezes ter que conviver com o
preconceito e a dificuldade da família em ajudá-los.
O que é suicídio?
Suicídio é quando um adolescente causa sua própria
morte de propósito. Antes de tentar tirar a própria vida, um adolescente pode
ter pensamentos de querer morrer. Isso é chamado de ideação suicida. Ele ou ela
também pode ter um comportamento suicida. É quando um adolescente se concentra
em fazer coisas que causam a própria morte.
"Suicídio é o ato de tirar a própria vida intencionalmente. Antes
deste ato, o adolescente pode ter pensamentos de morte, sem necessariamente ter
um planejamento da ação. A ideação suicida ocorre quando há um planejamento
claro da tentativa de suicídio e uma vontade de morrer. O adolescente também
pode ter um comportamento suicida, ou seja, quando a pessoa se concentra em
fazer coisas que potencialmente podem causar a própria morte" afirma
doutor Caio Bonadio, psiquiatra e médico do
sono do Hospital Santa Mônica.
O suicídio é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 24
anos, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, nos Estados
Unidos) que aponta:
- Os meninos são 4 vezes mais propensos a morrer de suicídio do
que as meninas;
- As meninas são mais propensas a tentar o suicídio do que os
meninos;
- Armas são usadas em mais
da metade dos suicídios de jovens.
O que faz com que um adolescente tente o suicídio?
A adolescência é um momento estressante. É uma fase de grandes mudanças
que incluem as mudanças no corpo, nos pensamentos e nos sentimentos.
Sentimentos fortes de estresse, confusão, medo e dúvida podem influenciar a
resolução de problemas e a tomada de decisões de um adolescente. Ele também
pode sentir uma pressão para ter sucesso.
Para alguns adolescentes, mudanças normais de desenvolvimento podem ser
muito perturbadoras quando combinadas com outros eventos, como:
- Mudanças em suas famílias, como divórcio ou transferência para
uma nova cidade;
- Mudanças nas amizades;
- Problemas na escola;
- Outras perdas.
Esses problemas podem parecer difíceis demais ou embaraçosos para serem
superados. Para alguns, o suicídio pode parecer uma solução.
Quais adolescentes estão em risco de suicídio?
O risco de
suicídio de um adolescente varia de acordo com a idade, sexo e influências
culturais e sociais.
Fatores de
risco podem mudar com o tempo. Eles são:
- Um ou mais
problemas mentais ou abuso de substâncias;
- Comportamentos
impulsivos;
- Eventos de vida
indesejáveis ? ou perdas recentes, como a morte de um dos pais;
- História familiar
de problemas mentais ou abuso de substâncias;
- História familiar
de suicídio;
- Violência familiar,
incluindo abuso físico, sexual ou verbal ou emocional;
- Tentativa de
suicídio passado;
- Arma em casa;
- Prisão;
- Exposição ao
comportamento suicida de outras pessoas, como familiares ou colegas, nos
noticiários ou em histórias de ficção.
Assim,
muitos dos sinais de alerta de suicídio também são sintomas de depressão, como:
Mudanças nos hábitos
alimentares e de sono;
Perda de interesse em
atividades usuais;
Retirada de amigos e
familiares;
Comportamentos de
atuar e fugir;
Uso de álcool e de
drogas;
Negligenciar a
aparência pessoal;
Exposição a
situações de risco desnecessário;
Obsessão com a
morte
Queixas físicas,
muitas vezes ligadas a sofrimento emocional, como dores de estômago, dores de
cabeça e cansaço extremo (fadiga);
Queixas físicas,
muitas vezes ligadas a sofrimento emocional, como dores de estômago, dores de
cabeça e cansaço extremo (fadiga);
Perda de interesse
na escola;
Se sentir
entediado;
Apresentar
problemas em se manter focado;
Sentir vontade de
querer quer morrer;
Falta de resposta
ao elogio.
Outro sinal de alerta é fazer planos ou esforços para
cometer suicídio:
- Dizer "eu
quero me matar" ou "vou me suicidar";
- Dar dicas
verbais, como "Eu não serei um problema por muito mais tempo" ou
"Se alguma coisa acontecer comigo, quero que você saiba ...";
- Dar ou jogar fora
pertencer favoritos;
- Ficar alegre
depois de um período de depressão;
- Expressar
pensamentos estranhos;
- Escrever 1 ou
mais notas de suicídio;
Esses sinais podem se parecer com outros problemas de
saúde. Certifique-se de que seu filho adolescente consulte seu médico para um
diagnóstico.
Como um adolescente é tratado por comportamento suicida?
O tratamento dependerá dos sintomas, da idade e da
saúde geral do seu filho. Também dependerá da gravidade da condição.
O
tratamento começa com uma avaliação detalhada dos eventos na vida do seu
filho durante os 2 a 3 dias anteriores aos comportamentos suicidas. O
tratamento pode incluir:
Aprender os sinais de alerta do suicídio de adolescentes pode impedir uma tentativa. Manter uma comunicação aberta com seu filho adolescente e seus amigos lhe dá a oportunidade de ajudar quando necessário. |
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Fonte:
Caio Bonadio, psiquiatra e médico do sono do Hospital Santa Mônica
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