Doença progressiva causada pelo cigarro mata uma
pessoa a cada 10 segundos
Ainda
que incapacitante e silenciosa, o diagnóstico precoce de DPOC ajuda a diminuir
os efeitos do cigarro no corpo
Dia 29 de agosto é o
Dia Nacional do Combate ao Fumo, data criada para alertar sobre os perigos do
tabaco para a saúde da população. Mesmo com a diminuição nos números de
fumantes no Brasil, é estimado que 20 milhões de pessoas sejam fumantes – 10%
da população, de acordo com o último estudo Vigitel. Desse número, 3% dos
fumantes consomem mais de 20 cigarros por dia.
De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata metade de seus usuários e
pode causar doenças que atingem o coração e os pulmões, como é o caso da doença
pulmonar obstrutiva crônica, a DPOC, doença silenciosa e de diagnóstico
desafiador que atinge principalmente aqueles que fumaram por grande parte de
sua vida. Ainda de acordo com a OMS, a DPOC leva à óbito, em média, uma pessoa
a cada 10 segundos e seus principais sintomas são tosse, catarro, cansaço e
falta de ar.
“A DPOC não é uma doença
única, é um termo que abrange a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. O que
acontece nessa condição é uma inflamação dos brônquios, que obstrui a passagem
de ar e causa a destruição dos alvéolos, diminuindo a capacidade respiratória
do paciente e deixando-o cada vez mais debilitado”, explica o pneumologista
Alex Macedo, mestre em pneumologia pela UNIFESP e professor da
Universidade Metropolitana de Santos.
O fumo não é a causa
exclusiva para o surgimento da doença, que também pode ser ocasionada por
exposição prolongada à poluentes no ar – como inalação de fumaça de cigarro e
queima de madeira ou outros combustíveis sólidos – asma severa e até uma rara
condição genética conhecida como deficiência de alfa-1 antitripsina. Ainda
assim, mesmo que nem todo fumante desenvolva a DPOC, 90% dos que desenvolvem
são fumantes, de acordo com a COPD Foundation, uma fundação dedicada a promover
iniciativas para melhorar a vida das pessoas afetadas pela DPOC nos Estados
Unidos.
Apesar de
progressiva, a doença leva certo tempo para demonstrar sintomas preocupantes, o
que atrasa o diagnóstico e, consequentemente, complica o tratamento. “Não é
incomum que o fumante receba um diagnóstico de DPOC com a doença em estágio
mais avançado. Isso se deve porque os sintomas são confundidos com a falta de
condicionamento físico causado normalmente pelo cigarro ou até mesmo o
envelhecimento”, relata o especialista. Isso faz com que muitos
pacientes ignorem os sintomas mais comuns, como falta de ar e tosse crônica, e
só procurem ajuda profissional quando o quadro já está tão grave que até
levantar da cama, por exemplo, causa sensação de fadiga.
A condição é
tratável, mas não tem cura e é imprescindível que o paciente pare de fumar.
Infelizmente, de acordo com a Centers for Diseases Control and Prevention
(Centros de Controle e Prevenção de Doenças, em tradução literal), apenas nos
EUA, dos 15 milhões de pessoas que sofrem com a DPOC, 39% continuam fumando.
Durante o tratamento,
normalmente, os pacientes fazem uso de medicações diárias e em casos mais
graves é necessário o uso de oxigênio contínuo. Além disso, é essencial ter
cuidados extras principalmente em épocas mais secas, como o outono e o inverno,
quando o nível de poluição do ar está mais elevado. Por isso, a principal
recomendação é procurar um pneumologista ao perceber os sinais da doença
visando um diagnóstico precoce.
Parando de fumar
A Organização Mundial
da Saúde aponta que, ao ano, 7 milhões de pessoas morrem devido ao tabaco.
Mesmo com reduções no número de usuários em todo o mundo e os perigos do fumo
cada vez mais conhecidos pela grande maioria, não é difícil encontrar alguém
que não conheça pelo menos uma pessoa que é ou já foi fumante em algum momento
de sua vida.
Parar de fumar não é
um processo simples, mas não é impossível. O Sistema Único de Saúde oferece
tratamento para o tabagismo em mais de três mil municípios brasileiros, com
apoio de profissionais capacitados e terapias medicamentosas. Além disso, o Dr.
Alex explica que quem está pensando em parar precisa contar com o apoio da
família e dos amigos, uma vez que o cigarro contém substâncias que viciam e
causam abstinência. “Parar de fumar é um ponto muito positivo e
imprescindível para o tratamento de DPOC. Durante esse processo, o suporte das
pessoas ao redor do fumante é essencial”, finaliza o médico.
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