O
que há de novo
Aproximadamente 70
milhões de pessoas no mundo sofrem com algum tipo de glaucoma
O glaucoma é uma
doença ocular silenciosa, influenciada principalmente pela elevação da pressão
intraocular que provoca lesão no nervo ótico e, como consequência,
comprometimento visual. Quando não tratada pode levar à cegueira. É considerada
a 2ª causa de cegueira e a 1ª de cegueira irreversível no mundo. Segundo
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem aproximadamente 70 milhões
de pessoas no planeta com algum tipo de glaucoma. No Brasil há escassez
de informação quanto à prevalência do problema, mas estima-se que 900 mil
pessoas são portadoras da doença.
De acordo com o estudo
- publicado em 2014 - Global
prevalence of glaucoma and projections of glaucoma burden through 2040: a
systematic review and meta-analysis,
em 2013, o número de pessoas com idade entre 40 e 80 anos com
glaucoma em todo o mundo foi estimado em 64,3 milhões, prevendo um aumento para
76,0 milhões em 2020 e 111,8 milhões em 2040. Estes números mostram que o
glaucoma é um problema crescente; porém, o tratamento só será eficaz se a
doença for diagnosticada precocemente.
Como avaliar a progressão
Na maioria
das vezes, o glaucoma é causado pelo aumento da pressão intraocular (PIO) do
indivíduo. No entanto, as causas desse aumento ainda não são totalmente
conhecidas, porém há estudos que indicam que fatores como má circulação ou
redução sanguínea no nervo óptico ou, uso de corticoides podem influenciar.
Já os
sintomas da doença são bem variáveis e isso acontece por conta do tipo do
glaucoma. A avaliação da progressão é feita de duas formas: morfológica e
funcional. “A morfologia é
aquela que analisa a perda de determinadas estruturas relativas à retina e
nervo óptico. Já a funcional é aquela que analisa a perda de função, como por
exemplo, a diminuição do campo visual ou alteração da sensibilidade do
contraste. Uma terceira via de analisar é segundo a perda de qualidade de vida
devido a restrições diárias”, relata o
Oftalmologista Dr. Victor Cvintal (CRM-SP 127130), Membro da Associação
Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR-BRASCRS), palestrante sobre
Glaucoma no XVIII Congresso Internacional de Catarata e Cirurgia Refrativa.
Como o glaucoma é uma doença quieta e de sintomas
diferenciados, o dano ao campo visual pode ser avaliado com modernos aparelhos
que possuem software especiais que fazem um baseline e comparam os
exames, indicando ou não, uma possível piora da doença. “O único problema é
que cada tecnologia tem o seu próprio algoritmo e não são comparáveis. Ou seja,
se um paciente fizer um exame em um determinado aparelho, ele terá que fazer
sempre em equipamentos da mesma marca”, diagnostica o especialista.
Tratamentos avançados
Por mais que
o Glaucoma não tenha cura, há diversas formas de tratamento para que a perda da
visão seja controlada e também para que a qualidade de vida do paciente seja a
melhor possível.
Segundo o Dr. Victor Cvintal, o tratamento para o
glaucoma é dividido em 3: medicamentos, lasers e cirurgia. “Os medicamentos
já são usados há muito tempo e têm sua eficácia bastante comprovada. Contudo,
um dos vilões do glaucoma, principalmente inicial, é a ausência de sintomas
claros e o uso de colírios pode levar a sintomas de coceira e vermelhidão. Isso
somado à dificuldade de se pingar o medicamento faz com que uma porcentagem
muito grande de pacientes não os use. Esta situação influenciou o
desenvolvimento de novos gadjets que terão a droga “presa” a eles e liberarão
aos poucos o medicamento para o paciente, sem precisar pingar. Quanto aos
lasers, existem diversos tipos para diferentes tratamentos. Entretanto, existe
um em especial: o SLT.
Ele vai “limpar” o ralo do olho podendo diminuir a
pressão e fazer a função de um ou mais colírios. Na parte cirúrgica pode-se
optar desde as técnicas mais tradicionais, como a trabeculectomia – considerada
padrão ouro - até os recentes MIGS, que são cirurgias minimamente invasivas de
glaucoma. Aqui, só para dar um panorama resumido, há menos de 10 anos,
instrumentos especiais foram desenvolvidos com o intuito de aumentar o
escoamento do líquido que há dentro do olho, visando diminuir a pressão, como também
reduzir o uso de colírios. Com o passar do tempo novas técnicas foram
desenvolvidas e a cada ano esse tipo de cirurgia dá um passo à frente para o
tratamento de glaucomas mais complexos. Agora, entre a trabeculectomia e a
MIGS, a diferença em termos de técnica é que uma ‘retira o pedaço do chão’, já
a outra modifica a grade do ralo.
Desta forma cada uma tem sua eficácia e segurança própria”, avalia o
especialista.
Sobre ABCCR
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA (ABCCR) tem sua origem na incorporação da
Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares (SBCII), fundada em
16 de março de 1982, pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa (SBCR),
fundada em 20 de janeiro de 1985. A ABCCR visa congregar oftalmologistas, ampliar
o estudo e acompanhar o desenvolvimento de todos os aspectos técnicos e
científicos inerentes à cirurgia de catarata, aos implantes intraoculares e da
cirurgia refrativa, propagando-os aos oftalmologistas e estendendo seus
benefícios à comunidade.
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