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terça-feira, 8 de maio de 2018

130 anos apenas de sonhos !


Maio de 2018 mês que começa pelos 130 anos da inacabada abolição da escravatura. O Brasil  foi a última nação do planeta a abolir essa mancha da história da humanidade que foi o tráfico e a escravização de seres humanos, amenizado ainda na atualidade com argumentos espúrios do tipo: em outros momentos da história da humanidade isso também aconteceu como no antigo Egito das passagens bíblicas, ou falácias do tipo que, aqui se praticava a escravização cordial embasado no clássico Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire.
Diálogos incompletos, pois esquecem de dizer que na história da humanidade nenhum sistema como o Capitalismo nasceu sob a judicies do tráfico e exploração da mão de obra humana e que as violências, apropriações por quase quatro séculos desestabilizaram todo um continente deixando um rastro de caos econômicos, sociais e educacionais não só na África mas para todos os afrodescendentes em todas as partes do planeta até os dias de hoje.
O Brasil, último país do mundo a abolir essa vergonha e também grande aliado da exploração intensa de mão de obra escrava, se tornou o local onde a desigualdade entre negros e brancos é mais gritante, em nenhum outro canto do mundo. Essa realidade foi e continua sendo tão cruel. Exemplos não faltam:  por aqui morrem mais jovens negros de forma violenta que em todas as guerras em curso no planeta, incluindo a Síria!
Aqui também um trabalhador negro ganha em média à metade que seu colega branco, onde mais de 54% da população é negra e não chega a 5% dos cargos estratégicos da economia, do poder público ou judiciário são comandado por negros o que se reflete diretamente em nosso IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. Quando comparado o IDH - Negro o Brasil fica entre os países mais pobres do mundo se igualando a áreas extremamente subdesenvolvidas da África, quando comparado o IDH Branco ficamos entre as 50 nações mais ricas do mundo.
Atento a esses números e dispostos a não esperar pelo governo, um grupo de empresas, empresários e empreendedores reuniram-se em cima de uma ideia:  juntar experiências de empresas que já atuam na inserção e promoção de negros, mulheres e outros grupos historicamente excluídos em suas empresas e divulgar de forma digital como encarar o problema da discriminação racial e de gênero no mercado de trabalho lançando assim a plataforma digital “Brasil Diverso, todos pela inclusão”.
A ideia ganha forte apoio de gigantes do mercado como Itaú e Bayer do Brasil entre outros que têm como meta atacar o principal problema enfrentado pelos afro-brasileiros na atualidade. Com objetivo de crescer em números a presença dos afrodescendentes nos cargos de decisão da economia brasileira, mais um exemplo que o setor privado vem dar ao Brasil cada vez mais descrente dos desmandos e das mazelas, no qual o setor público tem se enveredado nas últimas décadas.
A iniciativa da plataforma Brasil Diverso será lançada no próximo dia 16 de maio, às 15h, no Museu de Imagem e Som, em São Paulo, ironicamente três dias após os afrodescendentes brasileiros lembrarem data que lhes foi tirado o trabalho de escravo e nada foi colocado no lugar. Agora, após 130 anos, nasce uma iniciativa vinda do mercado de trabalho no intuito de reparar parte daquilo que o Estado brasileiro se quer se ateve, inserir negros e negras na economia de mercado.
Que iniciativas como a plataforma Brasil Diverso possam ser replicadas e que daqui 130 anos o Brasil não precise apresentar ainda números tão injustos acerca das diferenças entre negros e brancos no mercado de trabalho, porta de entrada do desenvolvimento econômico, educacional e social brasileiro.


Maurício Pestana - Jornalista, Coordenador da Plataforma Brasil Diverso.

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