O
surto de Febre Amarela vem deixando donos de cães e gatos de orelha em pé –
será que os peludos também podem ficar doentes?
Respirem aliviados: a resposta
é não! Humanos e macacos são os únicos hospedeiros do vírus responsável por uma
das mais temidas doenças transmitidas por mosquitos. Existem dois tipos de
Febre Amarela, silvestre e urbana. No primeiro caso, os macacos funcionam como
hospedeiros e, se picados, transmitem o vírus para os mosquitos Haemagogus ou
Sabethes, comuns nas matas e na beira dos rios. Uma vez infectados, os
mosquitos se tornam vetores para sempre e poderão transmitir a doença para
outros macacos e para humanos não vacinados. Em área urbana, o humano
(único hospedeiro do vírus) infectado pela febre amarela silvestre pode
transmiti-la para mosquitos como o Aedes aegypti, que picam outras
pessoas e espalham a doença.
O Aedes
aegypti deve ser temido por donos de cães e gatos por outro motivo:
ele é vetor da Dirofilaria immitis, que acarreta a Dirofilariose, popularmente conhecida como verme
do coração. Para que isso não ocorra, acabe com qualquer possível foco: o
mosquito se reproduz em água parada, por exemplo nas vasilhas dos nossos bichinhos, que devem ser
lavadas com esponja e sabão diariamente. A Dirofilariose também
é transmitida pelo mosquito Culex sp (o pernilongo comum)
contaminado pelo parasita dirofilária. Quando ele pica, libera larvas na
corrente sanguínea, que se alojam no ventrículo direito, na artéria pulmonar e
na veia cava, reduzindo a função cardíaca, causando dificuldades respiratórias
e uma tosse crônica. A doença, que pode ser detectada por exame de sangue e tem
tratamento (embora muito delicado e com um certo risco para o
cão),principalmente nos estágios iniciais, pode ser prevenida por meio de
medicamentos e antipulgas de última geração.
Outra
doença bastante temida é a leishmaniose, transmitida por flebótomos, insetos minúsculos que causam um
estrago danado. Eles se reproduzem em matas úmidas e locais com matéria
orgânica, como terrenos baldios e depósitos de lixos, e ao picarem um cão
infetado, recolhem os parasitas que se multiplicam em seus estômagos e que
contaminarão outros cães e humanos. Apesar dos flebótomos serem os vetores da
doença, em diversos locais a recomendação ainda é a eutanásia dos peludos,
entendendo-se serem eles reservatórios da doença. Ainda não existe cura para a
leishmaniose, mas há tratamento para reverter sintomas como o emagrecimento
progressivo, aumento do baço e fígado, crescimento exagerado das unhas e
ferimentos na pele que não cicatrizam. A prevenção pode ser feita por meio
de coleiras e produtos repelentes.
A Doença
de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi, também pode acometer
os cães. O protozoário é transmitido pelo triatomídeo (mosquito conhecido por
barbeiro) que ao picar o peludo para se alimentar defeca, contaminando o local
da picada.
Outro
inseto do mal é a mosca. A varejeira (Cochliomyia hominivorax)
causa bicheira ou miíase ao depositar suas larvas em
ferimentos expostos, que literalmente “comem” a pele e os tecidos subcutâneos e
musculares do animal, e enquanto não atingem a forma adulta, vão aumentando o
tamanho da ferida. É uma doença dolorosa e, muitas vezes, a amputação do membro
afetado é inevitável. Existem bandanas, sprays e coleiras que ajudam a evitar
que as moscas pousem nos peludos, e é importante ficar de olho em qualquer
machucado, até nos menorzinhos.
Já
a berne, muitas vezes confundida com bicheira, é causada por larvas
de moscas da espécie Dermatobia hominis, que podem contaminar a
pele de qualquer animal, até se não houver ferimento. Com o passar dos
dias surge um nódulo com um buraquinho – às vezes não é possível ver a larva,
apenas as secreções. Espremer não é a solução: peça ajuda ao veterinário. Em
alguns casos o animal precisa até ser sedado para a realização do procedimento.
A
melhor prevenção para essas duas doenças é a higiene. Recolha sempre as fezes
e limpe bem o “banheiro” do peludão.
Medicamentos antipulgas em comprimidos têm ótimo
resultado, além de serem úteis para matar as larvas nos casos de infestações.
Fique
atento!
*
Dirofilariose, conhecida como verme do coração, é causada pelo dirofilária,
parasita transmitido pelos mosquitos Culex sp e Aedes
aegypti e ocorre principalmente em áreas litorâneas.
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Transmitida por flebótomos, a leishmaniose também pode infectar humanos. Ainda
não tem cura, mas é possível reverter os sintomas. A limpeza de terrenos onde
há lixo e material orgânico ajuda a evitar a propagação do inseto.
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As moscas varejeiras depositam ovos em ferimentos na pele. As larvas comem
tecidos e carne, podendo comprometer em demasia a saúde do animal.
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A berne é causada pelas larvas da mosca Dermatobia hominis, que se
alojam na pele dos animais, ainda que não existam ferimentos, causando dor e
irritação. A higiene é a melhor prevenção (isso vale também para a
bicheira),além de repelentes.
Previna-se
*
Lave as vasilhas de água com sabão diariamente, esfregando bem as bordas, lugar
preferido dos mosquitos para desova – melhor ainda se as vasilhas não tiverem bordas.
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Cuidado com os ralos: mantenha-os fechados ou lave todos os dias.
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Prefira caminhas e panos de cor clara – os mosquitos
gostam mais das escuras – e acomode seu amigão em local ventilado para
dificultar que as pragas pousem e botem ovos.
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Mata-mosquitos elétrico ajuda a eliminar as pragas, mas cuidado para o cachorro
não se queimar.
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Aparelhos ultrassônicos não devem ser usados: o som, imperceptível para os
nossos ouvidos, incomoda não só os mosquitos, mas os nossos peludos.
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Consulte o veterinário sobre repelentes que não prejudiquem o animal.
Cláudia
Pizzolatto e Regina Ramoska
Fonte:
https://www.bitcao.com.br/
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