Centro de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade
Santa Joana trouxe da Bélgica para o Brasil inovadora técnica de congelamento
do tecido ovariano para preservar capacidade reprodutiva de mulheres com câncer
O
Centro de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana trouxe para o
Brasil um novo procedimento de preservação da fertilidade voltado para mulheres
com câncer e em idade fértil (até 35 anos) que pretendem engravidar após o fim
do tratamento. Este método consiste em congelar parte do ovário das mulheres
com câncer, antes da quimioterapia e como forma de preservar sua atividade,
para depois reimplantá-la quando curadas, permitindo que engravidem.
No
mundo, já são mais de 60 crianças nascidas a partir dessa técnica. No Brasil, o
procedimento de congelamento do tecido ovariano nas pacientes oncológicas é
recente, sendo o Centro de Reprodução do Santa Joana a Instituição privada
pioneira em sua realização, com quatro casos de congelamento do tecido
ovariano, ainda não reimplantados. “Aqui no Santa Joana, temos óvulos de
mulheres sadias congelados há mais de 10 anos, mas o congelamento de tecido
pode trazer uma expectativa melhor de sucesso. Porém, só iremos utilizar o
tecido e reimplantá-lo após a paciente ter alta do tratamento oncológico”,
explica o ginecologista e obstetra do Centro de Reprodução Humana do Santa
Joana, dr. Eduardo Motta.
A
embriologista da Instituição, dra. Joyce Fioravanti, viajou a convite até
Bruxelas, na Bélgica, para realizar um aperfeiçoamento sobre essa técnica que
foi desenvolvida lá pelo professor Jacques Donnes, da Universidade de Bruxelas.
“Como os procedimentos de radioterapia e quimioterapia podem prejudicar os
órgãos reprodutores femininos, principalmente os ovários, a técnica é uma
possibilidade de preservar a capacidade reprodutiva destas mulheres”, conta a
especialista.
Realizada
por meio de uma biópsia do ovário, parte do tecido contendo alta concentração
de óvulos é retirada e congelada. O procedimento é semelhante ao do
congelamento de gametas (óvulos e espermatozoides), porém sua eficácia é maior.
“Este método tem mais potencial do que o congelamento de gametas, pois a
quantidade preservada de óvulos é bem maior. No entanto, é fundamental que as
mulheres tenham no máximo 34 anos, sendo o ideal antes dos 30”, garante dr.
Motta.
Depois
do término do tratamento oncológico, basta uma nova intervenção cirúrgica para
reimplantar o tecido congelado no local do próprio ovário. Dessa forma, a
mulher pode, inclusive, readquirir a capacidade de engravidar naturalmente,
embora o procedimento de fertilização in vitro seja o mais apropriado. “A
embriologia está cada vez mais evoluída, o que contribui para que as mulheres
tenham várias alternativas de realizarem o sonho de ser mãe”, conclui dra.
Joyce.