Marcados como animais para conseguir
farinha de milho
em
Barquisimento.
Há meses e de modo rotineiro, a família de Álida González tem que ficar
sem almoço. É a inflação, a escassez crônica de alimentos... a lista das
desgraças cresce e se repete dia após dia no maravilhoso mundo do “socialismo
do século XXI” tão ao gosto do lulopetismo.
Álida é dona de casa, tem 65 anos e precisa alimentar quatro familiares.
Ela só consegue cortando as proteínas, como as carnes de frango e de porco, e
aumentado o consumo de carboidratos, com um desequilíbrio sensível na
constituição física de sua família, escreve “La Nación” de Buenos Aires. http://www.lanacion.com.ar/1893332-la-crisis-economica-golpea-la-mesa-de-los-venezolanos
“Comemos menos, conta ela. A situação está tão apertada, que com o mesmo
com que antes eu comprava para o café da manha, o almoço e o jantar, hoje só dá
para um café da manha incompleto”, contou ela em sua modesta casinha no bairro
de Petare, em Caracas.
O presidente Maduro fica apegado ferrenhamente ao socialismo e ainda
pretende defender a democracia em perigo no Brasil.
As redes públicas de distribuição de alimentos subsidiados claudicam.
Entre agosto e setembro de 2015, três das principais universidades do país
constataram que 87% dos venezuelanos não tinham entradas suficientes para
compara os alimentos habituais.
Maduro ordenou aumentar em 30% o salário salario mínimo integral, que
inclui bolsa para comida, enquanto a cesta alimentar para uma família média
custava 100 salários mínimos.
“As fibras não existem, o consumo de frutas e hortaliças é escasso. O
ovo e o feijão desapareceram da mesa dos mais necessitados. É uma dieta de
sobrevivência”, disse Marianella Herrera, da Fundación Bengoa, instituição
nutricional sem finalidade de lucro.
Mas o governo sustenta que quando Chávez chegou ao poder o consumo de
calorias cresceu 37%, garantindo três refeições diárias para 95% da população e
erradicando a desnutrição.
No supermercado
Unicasa, no bairro de Cumbres Curumo de classe média alta, Caracas, a notícia
da chegada de leite em pó gerou instantaneamente filas para conseguir 4 pacotes
o máximo permitido.
“Já não comemos nem o básico para ter saúde”, disse a dona de casa Nancy
Morales, 40, enquanto fazia fila num mercado estatal num bairro popular de
Caracas.
Inquérito da empresa privada Datanálisis registrou que 82% dos produtos
alimentares faltavam em Caracas.
Segundo a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk e a escola venezuelana
de gerência IESA, quase dois milhões de venezuelanos sofrem diabetes. Os níveis
de saúde também se degradam por causa dos sintomas de angustia gerados pela
crise económica, a criminalidade e as constantes interrupções dos serviços
básicos, especialmente água e energia elétrica.
Gloria Fernández contou ao jornal “Clarin” que na sua cidade, San
Cristóbal, capital do estado de Táchira, o racionamento de energia, água e
comida é ainda pior que em Caracas. http://www.clarin.com/mundo/Mundo_0_1566443515.html
“Não avisam que vão cortar nem as quatro horas diárias nem quando. E
cortam das 6 da manhã até meia-noite. É uma loteria”.
Os moradores do interior precisam ir a Caracas para recorrer aos
ministérios ou órgãos públicos. Mas Maduro decretou que por falta de energia
nos órgãos públicos só se trabalhará dois dias por semana, aumentando o
calvário dos venezuelanos que vivem no interior.
A filha de Gloria Fernández, de 9 anos fazem as tarefas escolares à luz
de vela. E as escolas, por economia, têm que fechar às sextas-feiras.
A Polar, a maior empresa venezuelana de alimentos, está a ponto de
fechar porque o governo não lhe permite adquirir moeda estrangeira para
importar insumos. A Polar anunciou a interrupção da produção de cerveja – a
mais consumida do país – por falta de matérias-primas.
Supermercados e shoppings abrem às 12 horas e fecham às 18. Lojas e
restaurante apelam para as velas.
Segundo os sindicatos industriais, a capacidade manufatureira caiu mais
de 50%. A maioria das empresas e lojas comerciais já fechou. Os desempregados
só têm como último recurso a economia informal.
Os centros hospitalares também restringiram os atendimentos por falta de
eletricidade, mas os critérios são extremamente confusos porque a empresa
elétrica nacional corta sem aviso prévio. Os consultórios médicos marcam
atendimento sem data nem hora.
A prima de Tibisay Urdaneta é cabelereira, mas tem restringido o uso de
secador de cabelo. Utiliza truques com ar natural, mas o resultado não é igual.
A esperança é o referendo revocatório que, nas condições atuais, tiraria
Maduro do cargo. Uma espécie de impeachment eleitoral.
Luis Dufaur - escritor,
jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM
Fonte: Agência Boa
Imprensa – (ABIM)