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terça-feira, 12 de março de 2024

Dia do Consumidor: 6 dicas para aproveitar as ofertas com consciência

  

Especialista traz orientações para desfrutar das promoções da melhor forma e não entrar no vermelho logo no primeiro semestre

 

O Dia do Consumidor, celebrado em 15 de março, é uma das datas mais aguardadas por quem tem e-commerce e por quem adora uma compra online. Sua criação teve como objetivo movimentar o comércio e, por isso, lojas costumam preparar vantagens exclusivas e descontos atrativos nesse período, além de facilitar a forma de pagamento. Muitas vezes, a data é referida como “a Black Friday do primeiro semestre”.

 

Contudo, é preciso ter cuidado para não se enrolar e entrar no vermelho já no começo de 2023. Pensando nisso, Thaíne Clemente, executiva de Estratégias e Operações da Simplic, fintech de crédito pessoal 100% online, elenca seis dicas que ajudam você a aproveitar as ofertas do Dia do Consumidor com consciência. Confira:

 

1. Avalie se a compra é realmente necessária

Não é porque algo está na promoção ou com valor abaixo do mercado que você precisa comprar. Pense duas vezes: você realmente necessita daquele item? Você já tinha pensado em comprá-lo antes, ou foi um desejo repetino? Em paralelo, lembre-se sempre das contas fixas e obrigatórias que você tem no mês e priorize-as no orçamento.

 

2. Pague à vista

A especialista faz um alerta importante sobre uma situação recorrente: as parcelas. “Se muitas parcelas forem acumuladas, podem causar prejuízos no futuro. As parcelas devem ser utilizadas apenas quando o valor da compra é muito alto ou quando não há outra opção. Se não for o caso, pagar à vista é sempre melhor, pois quita as responsabilidades sobre essa compra”, explica Thaíne.

  

3.Use a tecnologia a seu favor

Algumas plataformas, como comparadores de preços e aplicativos de planilhas, ajudam a otimizar o controle financeiro pessoal. Além de reduzir o tempo gasto com essas ocupações, a tecnologia facilita a educação financeira, possibilitando visualizar os gastos como um todo ou por categorias. A iniciativa é importante para que se possa avaliar a saúde dos gastos pessoais, resultado que pode ser determinante na decisão de gastar ou não com ofertas do Dia do Consumidor.

 

4.Utilize o cashback

Além dos descontos oferecidos pelas lojas, é possível economizar ainda mais durante as compras se a loja em questão oferecer parcerias de cashback. “Nesse sistema, é possível receber uma parte do dinheiro pago de volta após a transação, mas é importante ficar atento e buscar opções que sejam seguras, sempre pesquisando sobre a empresa ou loja antes de comprar”, orienta a executiva.

 

5.Não acredite em tudo que está escrito

Em campanhas promocionais intensas, como é o caso do 15 de março, alguns produtos podem vir com frases como “último item do estoque”, “você pode parcelar em quantas vezes quiser”, “a promoção acaba hoje”. Essas são estratégias de marketing usadas para impulsionar a compra, incitando no cliente uma sensação de urgência e oportunidade única. Não se deixe influenciar por essas estratégias e avalie a necessidade e a conveniência da compra de forma racional. 

 

6.Use o cartão de crédito com sabedoria

O cartão de crédito é um ótimo aliado no dia a dia, por conta das facilidades que proporciona, mas, dependendo do uso, pode se tornar um inimigo. A recomendação é usá-lo apenas para contas fixas mensais e já planejadas, evitando número alto de parcelas, e estabelecer um limite adequado à renda mensal. “No caso das compras online, principalmente, devemos ter um cuidado atento para não sair comprando coisas baratas todos os dias ou semanas e, no final do mês, ter aquela surpresa na fatura com esses valores acumulados”, ressalta a especialista.

  

Simplic


Controle de Estabilidade (ESC): a nova regulamentação obrigatória para veículos no Brasil

  

Norma que obriga os carros novos a terem o sistema, e outros recursos de segurança, entrou em vigor no início deste ano

 

Uma mudança significativa entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2024, no cenário automobilístico brasileiro. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamentou a norma que todos os veículos produzidos ou importados para o Brasil, a partir deste ano, devem ser equipados com o Controle de Estabilidade (ESC), uma tecnologia projetada para melhorar a segurança nas estradas. 

Além do ESC, as luzes diurnas de condução, alerta de uso do cinto de segurança e o alerta de frenagem de emergência também passaram a ser obrigatórios com essa norma do Contran. Os equipamentos de segurança já eram para ser obrigatórios em veículos fabricados entre 2022 e 2023, segundo a resolução 567 do Contran, mas o prazo foi estendido pelo Governo Federal para atender uma solicitação feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), por conta das restrições provocadas pela pandemia. 

O Controle de Estabilidade, também conhecido como ESC, é um sistema eletrônico avançado projetado para ajudar os motoristas a manter o controle de seus veículos em situações de emergência ou em condições de direção desafiadoras. Ele funciona monitorando continuamente a trajetória do veículo e detectando qualquer desvio inesperado da rota pretendida. 

Quando o sistema detecta que o veículo está prestes a entrar em uma situação de derrapagem ou perda de controle, ele intervém automaticamente, aplicando frenagem seletiva em cada roda individualmente e ajustando o torque do motor, conforme necessário. Isso ajuda a corrigir a trajetória do veículo e a evitar acidentes, especialmente em curvas acentuadas, superfícies escorregadias ou manobras mais bruscas. 

O objetivo principal do Controle de Estabilidade é proporcionar uma camada adicional de segurança aos motoristas e passageiros, reduzindo significativamente o risco de capotamento e colisões causadas por perda de controle do veículo. Estudos têm demonstrado que veículos equipados com ESC têm uma probabilidade muito menor de se envolver em acidentes graves em comparação com veículos sem essa tecnologia. 

A decisão do Contran de tornar o Controle de Estabilidade e os demais itens obrigatórios, reflete um compromisso com a segurança viária e a redução do número de acidentes nas estradas. Como resultado dessa regulamentação, os consumidores podem esperar que todos os novos veículos estejam equipados com o ESC e os outros sistemas de segurança, o que marca um passo significativo em direção a um ambiente de condução mais seguro e responsável em todo o país. 

“A principal função do ESC é ajudar os motoristas a manterem o controle sobre seus veículos em condições adversas, como curvas acentuadas, superfícies escorregadias ou manobras evasivas. Ao aplicar frenagem seletiva em cada roda individualmente e ajustar o torque do motor conforme necessário, o ESC ajuda a corrigir a trajetória do veículo e a evitar acidentes graves”, diz Danilo Ribeiro, Coordenador do CTTi (Centro de Tecnologia, Treinamento e Inovação) da DPaschoal. “Estudos demonstraram que veículos equipados com esse sistema têm uma probabilidade significativamente menor de se envolverem em acidentes graves do que aqueles sem essa tecnologia. Isso significa que o ESC pode salvar vidas e reduzir o número de acidentes nas estradas brasileiras, tornando a condução mais segura para todos os usuários da via. A regulamentação é um passo importante na direção certa e deve ser recebida com entusiasmo por todos os envolvidos na indústria automobilística e pela sociedade como um todo.”, finaliza Danilo.  



DPaschoal
https://www.dpaschoal.com.br
  


Guerra cibernética, realidade tangível: como se antecipar?

Guerra cibernética, um termo que soa como um filme de ficção científica, é uma realidade tangível no mundo dos negócios. Pesquisas apontam que até o final de 2022, apenas o Brasil registrou mais de 100 bilhões de tentativas e ameaças de ataques cibernéticos, sendo o segundo mais visado da América Latina, atrás apenas do México.

Considerando esse cenário, imagine por um momento que sua empresa é um castelo medieval. Os dados são o rei, a infraestrutura é o castelo e os cibercriminosos são os inimigos - sempre à espreita, prontos para atacar as famosas joias da coroa.

Minha pergunta é: como você protegeria o rei e seu castelo? Como diria Sun Tzu, “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Caso não conheça nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”.

Com base nessa analogia, vou listar algumas dicas de como preparar uma boa estratégia de defesa e resiliência cibernética, além de mencionar bons aliados para enfrentar as batalhas e proteger seu “castelo”.

Prepare uma Estratégia de Defesa e Resiliência Cibernética

  1. Avalie os Riscos: O primeiro passo é conhecer seu ambiente. Quais são os pontos fracos do seu castelo? Quais são os seus ativos mais valiosos? Uma avaliação de risco completa pode ajudá-lo a identificar onde você precisa fortalecer suas defesas.
  2. Implemente Medidas de Segurança: Você precisa construir suas muralhas e trincheiras - estas são as suas medidas de segurança. Firewalls, antivírus, backup e autenticação múltipla de fatores são apenas algumas das ferramentas básicas que você pode usar para proteger seu castelo. Há maneiras ainda mais avançadas, combinando utilização de EDRs, Pentests em Aplicações, Gestão de Vulnerabilidades, além de criar um SOC (Centro de Operações de Segurança) atuando em conjunto com um SIEM (Monitoramento e Gerenciamento de Eventos).
  3. Treine seus Funcionários: Suas equipes são os guardas do castelo. Eles precisam ser treinados para reconhecer e responder a ameaças potenciais. Um único erro humano pode abrir as portas do castelo para os invasores.
  4. Crie um Plano de Resposta a Incidentes: Mesmo o castelo mais seguro pode ser violado. É por isso que você precisa de um plano de resposta a incidentes - um plano detalhado sobre o que fazer se o pior acontecer.

Preparar uma estratégia para uma guerra cibernética e escolher um bom aliado para estar ao seu lado neste combate é essencial para proteger sua empresa contra as crescentes ameaças cibernéticas. Por isso, traga para perto profissionais e parceiros com experiência comprovada na defesa contra ataques cibernéticos.

Caso a opção seja por um parceiro de negócios, fique atento a esses pontos:

  1. Experiência e Know-how: Seu aliado deve ser um veterano da guerra cibernética, com experiência comprovada na defesa contra ataques cibernéticos.
  2. Conformidade com Frameworks de Segurança: Assim como você não se aliaria a um reino conhecido pelas suas fraquezas, você não deve se aliar a uma empresa que não adere aos mais recentes padrões de segurança, como ISO 27000, CIS, NIST, MITRE, ASPM, etc.
  3. Serviços Oferecidos: Seu aliado deve ser capaz de oferecer uma gama completa de serviços de segurança cibernética - eles devem ser capazes de ajudá-lo em todas as etapas do caminho, desde a avaliação de risco (interna e externa), análise e gerenciamento de ameaças, casos de uso, gestão de vulnerabilidades, treinamentos até a resposta a incidentes.
  4. Reputação: Assim como na guerra medieval, a reputação importa na guerra cibernética. Seu aliado deve ser conhecido por sua integridade e ética profissional. Procure buscar informações, conhecer casos de sucesso e, fazer benchmark com seus clientes.

Preparar uma boa estratégia e escolher um aliado comprometido para estar ao seu lado nesta guerra é essencial para proteger sua empresa contra as crescentes ameaças cibernéticas.



Lincoln Brasil - Executivo de Negócios da Stefanini Cyber, empresa do Grupo Stefanini especializada em cibersegurança com atuação global.


A conturbada relação entre Lula e o Congresso Nacional e a estrita necessidade de diálogo institucional


Recentemente, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, fez um discurso inflamado acerca da disputa pelo orçamento de 2024, que passou por uma alteração pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Em clara demonstração de contrariedade ao veto do presidente – que rejeitou mais de R$ 5 bilhões das emendas das Comissões das Casas Legislativas – Lira afirmou que o Legislativo não é apenas um carimbador do orçamento, mas que deve funcionar ativamente no processo de elaboração orçamentária no país. E, de certa forma, o parlamentar está correto.

Já Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, adotou um tom mais moderado em seu pronunciamento, mas acentuou a necessidade de debater o orçamento e evitar gastos desnecessários – depreendendo-se um certo tom crítico aos gastos do Poder Executivo Federal.

Mas, como isso se explica e o que está por trás dessa disputa? É necessário compreender o contexto e os mecanismos existentes na democracia do Brasil. A Constituição brasileira, em seu art. 2.o, prescreve a tripartição dos poderes, por meio de sua independência e harmonia. Isso significa que cada um dos poderes do Estado é autônomo, mas que eles devem, conjuntamente, ser harmônicos, funcionando como uma engrenagem que permite à máquina estatal operar e, sobretudo, prevenir a concentração e o abuso de poder, seja pelo Legislativo, Executivo ou Judiciário. Tal prescrição não é novidade e remonta à Revolução Francesa, quando se tentava impedir os abusos cometidos pela monarquia absolutista.

Nessa ideia de contenção do poder pelo poder é que surge a teoria dos freios e contrapesos, pela qual, a todo o momento, um poder exerce controle sobre o outro, evitando que haja abuso do poder do Estado por meio de seus órgãos institucionais. São vários os exemplos maculados pela Constituição Federal brasileira, como a necessidade de autorização do Congresso Nacional para que o presidente da República se ausente do país por mais de 15 dias; o poder conferido ao Chefe do Executivo Federal de nomear membros do Judiciário; ou a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar membros de outros poderes, dependendo do tipo de crime cometido.

Um dos mecanismos de controle do poder pelo poder é o veto presidencial sobre as propostas orçamentárias elaboradas pelas Casas Legislativas. Não se trata, necessariamente, de uma afronta, mas, sim, de uma prerrogativa endossada pelo texto constitucional que visa ao equilíbrio entre os poderes. O exercício do veto faz parte do jogo político, assim como sua eventual derrubada pelo Legislativo. Esse processo é saudável para a democracia, desde que se respeite a Constituição e os mecanismos por ela estabelecidos. 

A grande celeuma atualmente é: como resolver tais impasses? Existe uma saída para a possível crise entre os poderes Executivo e Legislativo? A resposta para essa questão está no diálogo institucional. É fundamental que o Executivo e Legislativo busquem o diálogo e encontrem um caminho que seja satisfatório a ambos e, sobretudo, que respeite a democracia e o interesse popular. Não se trata de demagogia ou de falsa esperança, mas, sim, de confiar na visão dos constituintes que, em 1988, buscavam promover uma democracia robusta. A Constituição foi elaborada com o propósito de fomentar o diálogo e o consenso.

O povo é o verdadeiro soberano, e seus representantes são meros intermediários. Aqui, o foco não deve ser atender a interesses individuais. É preciso apostar no diálogo e fortalecer as relações institucionais para garantir o bom funcionamento do Estado, priorizar os interesses da população e alcançar resultados benéficos. É somente por meio dessa abordagem que o Brasil terá condições de crescer e avançar em direção ao desenvolvimento tão aguardado pelos cidadãos. Aguardemos as próximas cenas e o deslinde que virá. 



Dilermando Martins - mestre em Ciências Sociais, doutorando em Direito pela UFPR. É professor da Escola de Direito e Ciências Sociais da Universidade Positivo (UP).


Inovação tecnológica: construindo a emancipação cidadã ou aprofundando abismos?

A história da humanidade é marcada por avanços tecnológicos que moldaram nosso mundo de maneiras profundas e muitas vezes imprevisíveis. Atualmente, vivemos em uma era onde as inovações tecnológicas têm o potencial de impulsionar o desenvolvimento individual e social como nunca antes visto. Este fenômeno é amplamente reconhecido por instituições globais como o Fórum Econômico Mundial, o qual destaca a importância da tecnologia na transformação dos modelos de negócios e na melhoria da qualidade de vida das pessoas. 

Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, ressalta em seus discursos e publicações a necessidade de adaptação e aproveitamento das novas tecnologias para promover uma sociedade mais inclusiva e sustentável. Além disso, relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) destacam como a tecnologia pode ser uma aliada na busca pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, contribuindo para a erradicação da pobreza, a promoção da saúde e o combate às desigualdades. 

Um exemplo inspirador desse potencial transformador é o trabalho do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Suas pesquisas têm mostrado que doenças como Parkinson e impedimentos físicos como a paraplegia estão cada vez mais próximos de serem superados graças aos avanços da tecnologia, como interfaces cérebro-máquina e próteses neurais. Essas conquistas representam não apenas avanços científicos, mas também uma nova esperança para milhões de pessoas em todo o mundo 

Plataformas como o ChatGPT também exemplificam como a inteligência artificial pode ser uma ferramenta poderosa na construção e no desenvolvimento de novas ideias para o desenvolvimento social da humanidade. O ChatGPT, ao fornecer informações, insights e sugestões, pode ajudar a democratizar o acesso ao conhecimento e estimular a criatividade em diversos campos, desde a educação até a resolução de problemas sociais complexos. 

É importante reconhecer, no entanto, que essas inovações também apresentam desafios significativos. O recente dossiê elaborado pela OXFAM destaca os riscos de aprofundamento da miséria e da desigualdade em um mundo cada vez mais tecnológico. Sem uma base ética sólida, as novas tecnologias correm o risco de serem utilizadas como instrumentos de opressão, em vez de emancipação, exacerbando as disparidades sociais e econômicas. Sem essa base ética, as novas tecnologias serão utilizadas como grilhões para grande parcela da humanidade, embotando ainda mais as suas possibilidades de desenvolvimento e emancipação e aprofundando as masmorras em que eles se encontram trancafiados. 

Portanto, para que as tecnologias sejam verdadeiramente impulsionadoras da emancipação cidadã de toda a humanidade, é necessário que sejam coordenadas com um conjunto de princípios e valores fundamentais, enraizados nos Direitos Humanos. Estes princípios incluem a defesa da vida, da liberdade, da segurança, da propriedade e da igualdade, que são essenciais para o desenvolvimento pleno e digno de cada indivíduo. 

Os Direitos Humanos são aqueles decorrentes dos cinco direitos fundamentais que nos fazem humanos, a saber: Vida, isto é, a possibilidade de existir, e não meramente sobreviver, desenvolvendo as características individuais mais intrínsecas; Liberdade, isto é, a possibilidade de ter convicções, se locomover e se portar de acordo; Segurança, que vai além do importantíssimo combate à criminalidade, mas também diz respeito à satisfação das necessidades básicas humanas (segurança alimentar, segurança hídrica, segurança sanitária, segurança educacional...); Propriedade, que diz respeito à tudo o que é próprio ao ser humano (seus bens, seu trabalho, suas convicções, suas tradições e modos de vida...); e Igualdade, isto é, a equivalência de possibilidades para o desenvolvimento das capacidades individuais e sociais. 

Em suma, a inovação tecnológica tem o potencial de ser emancipadora, mas apenas se for guiada por princípios éticos e valores humanos fundamentais. Ao integrar esses valores na concepção, desenvolvimento e uso das tecnologias, podemos garantir que elas sirvam como ferramentas para promover a dignidade, a igualdade e o bem-estar de toda a humanidade. Em outras palavras, para que não sejamos ainda mais flagelados e escravizados pelo uso antiético das tecnologias, precisamos que seu uso seja baseado no princípio ético da emancipação humana! 

A inovação tecnológica, para ser emancipadora, há de ser inclusiva!

 

André Naves - Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social; Mestre em Economia Política. É também Comendador Cultural, Escritor, Professor e Palestrante.


Mortes por Leptospirose aumentam 70% nos últimos dois anos

 


Infectologista do São Cristóvão Saúde comenta sobre a doença; enchentes são o principal fator de risco para contaminação


De acordo com Boletim Epidemiológico de Leptospirose, no Brasil, a leptospirose é uma doença de notificação compulsória às autoridades de saúde, desde 1993. De acordo com boletim divulgado pelo Governo Federal, em 2023 foram notificados 13.279 casos da doença, com letalidade média de 9%. Porém, a doença não é tão comentada e segue causando vítimas em diversas regiões, principalmente em períodos de fortes chuvas, por conta de contato com águas contaminadas em alagamentos e enchentes. 

Infectologista do São Cristóvão Saúde, Dra. Michelle Zicker comenta sobre a doença: “A leptospirose, doença infecciosa febril aguda, é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados (principalmente ratos) pela bactéria Leptospira”. Segundo a especialista, sua penetração ocorre por meio de lesões na pele, mucosas, ou por longos períodos em água contaminada. “As inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos. Desse modo, os casos são mais frequentes no período de calor e chuvas”, complementa Dra. Michelle.
 

Sintomas, tratamento e prevenção da leptospirose

Antibióticos e outras medidas de suporte são parte da orientação médica e podem agir em qualquer período da doença, mas sua eficácia costuma ser maior na 1ª semana do início dos sintomas. Segundo Dra Michelle Zicker, “a escolha do antimicrobiano vai depender do estágio da doença e as manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas até quadros graves, sendo divididas em duas fases: precoce e tardia”.   

Casos leves da doença podem ser tratados em ambulatório, mas os casos graves precisam internação hospitalar. Contudo, a automedicação não é indicada, pois pode agravar a doença. 

A especialista ainda ressalta os principais sintomas da fase precoce:

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Dor muscular, principalmente nas panturrilhas – “Esse sintoma, quando presente, pode levantar suspeita da doença”, comenta Dra. Michelle;
  • Falta de apetite;
  • Náuseas/vômitos.

“Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença. Nas formas graves, a manifestação clássica da leptospirose é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade alaranjada da pele muito intensa - icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar”, salienta a infectologista. 

“Como sua ocorrência está relacionada a condições sanitárias precárias e alta infestação de roedores infectados, a prevenção da doença está diretamente ligada à melhoria nos programas de saneamento e de higiene”, reforça a especialista. Desse modo, algumas orientações são destacadas pela especialista, de forma a evitar a doença:

  • Consumir água potável, filtrada, fervida ou clorada. Atenção às quebras na canalização de água durante as enchentes;
  • A lama de enchentes tem alto poder infectante e adere a móveis, paredes e chão. Recomenda-se retirar essa lama (sempre com a proteção de luvas e botas de borracha) e lavar o local, desinfetando-o a seguir com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, na seguinte proporção: para 20 litros de água, adicionar duas xícaras de chá (400mL) de hipoclorito de sódio a 2,5%. Aplicar essa solução nos locais contaminados com lama, deixando agir por 15 minutos;
  • Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés);
  • Para o controle dos roedores, recomenda-se acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc. A aplicação de raticidas (desratização) deve ser feita somente por técnicos devidamente capacitados.

 


Associação de Beneficência e Filantropia São Cristóvão


segunda-feira, 11 de março de 2024

A.C.Camargo Cancer Center pede doação de sangue e plaquetas

Volume de doadores caiu inesperadamente nas últimas semanas

 

O Banco de Sangue do A.C. Camargo Cancer Center está com baixo volume de doadores e, por isso, pede atenção e mobilização da população. Neste momento a a necessidade é tanto de sangue quanto de doação de plaquetas.

A instituição pede por doações com urgência, pois os pacientes oncológicos necessitam fazer quimioterapia/radioterapia durante o tratamento, o que pode levar à queda da produção do próprio sangue, causando anemia ou plaquetopenia, e à necessidade de transfusão. Sangramentos causados pelo tumor também podem acontecer e a necessidade de manter reservas de sangue para realizações de cirurgias é algo constante.

Além disso, os pacientes com câncer sofrem redução do nível de plaquetas no sangue em decorrência do tratamento oncológico e do próprio diagnóstico. Cerca de 60% das transfusões realizadas no A.C. Camargo Cancer Center são de plaquetas

“Podemos dizer que o paciente oncológico é um grande ‘consumidor’ de plaquetas e, por isso, é tão importante manter nossos estoques de sangue constantes”, explica a Dra. Marta Lemos, médica responsável pelo Banco de Sangue da instituição.
 

Protocolo de segurança

Com protocolo de segurança contra a COVID-19 ainda em vigor, o banco de sangue conta com fluxo protegido e alocação fora do ambiente hospitalar. Os doadores podem comparecer sem agendar, mas para aumentar a agilidade de atendimento, a orientação é fazer o agendamento pelo site do hospital, chat ou por telefone no (11) 2189-5000 (Opção 5).

Os pré-requisitos para doação de plaquetas são semelhantes aos de uma doação de sangue. Podem doar interessados que tenham de 18 a 65 anos – menores, com 16 e 17 anos, podem doar acompanhados do responsável legal e consentimento formal por escrito - com 60 quilos ou mais, e sem nenhuma doença crônica. Cada pessoa doa de uma vez, no máximo, 470 ml de sangue que pode salvar a vida de até quatro pacientes. O procedimento leva cerca de 40 minutos e em menos de 24 horas, o organismo já consegue repor a quantidade que foi retirada.

 

Condições para doação diante das vacinas

- Inaptidão temporária após imunização contra COVID-19:

Os doadores que tomaram vacina contra COVID-19 da Astrazenica/ Fiocruz, Pfizer e Janssen devem aguardar 7 dias após a data da imunização para realizar a doação. Já quem tomou o imunizante da Sinovac/ Butantan deve aguardar 48 horas.

Quem testou positivo para Covid deve aguardar 10 dias após término dos sintomas para doar e aos que tiveram contato com casos positivos, a doação pode ser feita após 15 dias do contato e apenas se não apresentar nenhum sintoma.

Avaliação de outras vacinas e condição clínica do doador será realizada a cada doação, visando a proteção e segurança do doador e paciente que receberá o sangue.

Saiba todos os critérios no Link.

- Inaptidão temporária após imunização contra Influenza:

Os doadores que tomaram vacina contra Influenza devem aguardar 48 horas após a data da imunização para realizar a doação.

 

Sobre o A.C.Camargo Cancer Center 

Reconhecido internacionalmente, o A.C.Camargo é o primeiro Cancer Center do Brasil. Recebeu este título por oferecer um tratamento integrado em oncologia, do diagnóstico à remissão, possuir uma área de Ensino e Pesquisa dedicada ao câncer, e corpo clínico fechado e hiperespecializado. Ao todo, são mais de 5 mil profissionais engajados e especializados no cuidado com pacientes oncológicos. As taxas de sobrevida do A.C.Camargo são iguais às dos melhores Cancer Centers do mundo, destacando-se por descobertas e testes de novos tratamentos. Dividido em 12 Centros de Referência, cada um focado em um tipo de tumor, o A.C.Camargo tem experiência com mais de 800 tipos diferentes de cânceres, além de ter uma célula para atendimento de tumores raros. A instituição é sem fins lucrativos e completou, em 2023, 70 anos de existência.

 

 

Serviço:

Horário de funcionamento do Banco de Sangue

De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h

Sábado, das 8h às 15h

O Banco de Sangue não abre aos domingos e feriados

Endereço: Rua Castro Alves, 131, Aclimação, São Paulo - SP

Telefone: (11) 2189-5000 - selecione a opção 5 do menu telefônico (agendamento de doação de sangue) de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.


Dengue: risco de morte é 8 vezes maior entre pessoas idosa

Divulgação
O Instituto de Longevidade MAG alerta sobre o tema e destaca os cuidados necessários

 

Mais propensos a comorbidades e com a imunidade fragilizada, pessoas 60+ têm maior probabilidade de apresentar a forma mais grave de dengue. Mesmo que apenas 11% dos casos registrados sejam de infecções em idosos, eles correspondem a 50% das mortes decorrentes da doença no Brasil ao longo da última década.

Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Segundo a pesquisa, durante o período analisado, a taxa de mortalidade da dengue, embora geralmente considerada baixa, foi oito vezes maior entre os idosos. A comparação foi feita com pessoas com menos de 60 anos. 

De 2014 a 2024, 9,5 milhões de casos de dengue foram registrados em pessoas de zero a 59 anos, resultando em um total de 3.211 óbitos. Entre os idosos, houve um número muito menor de casos (1,2 milhão de registros), porém o total de mortes chegou a 3.299. A taxa de letalidade foi de 0,03% no primeiro grupo e 0,27% no segundo. Além disso, o risco de morte por dengue aumenta à medida que a idade avança. Nos pacientes com 80 anos ou mais, a taxa de letalidade chegou a 1,03%. Este grupo representou apenas 1,2% dos infectados, mas impressionantes 20,1% dos falecidos. 

De acordo com Antonio Leitão, Gerente do Instituto de Longevidade MAG, as pessoas idosas enfrentam maior risco de morte por dengue devido à sua resposta imunológica enfraquecida e à presença de condições de saúde subjacentes. Ele complementa: “Hipertensão, diabete e problemas cardíacos são mais prevalentes em pessoas com idade mais avançada. Com as comorbidades, pessoas idosas ficam mais propensas a sofrer complicações decorrentes da dengue.”
 

Veja os cuidados necessários

Mesmo diante de sintomas leves, para essa faixa etária, é essencial buscar ajuda. Geralmente, é recomendado o monitoramento diário para detectar sinais de alarme e uma hidratação mais rigorosa. Consultar um médico sobre quais medicamentos de uso contínuo devem ser interrompidos também é importante para evitar o agravamento da condição.
 

Na prevenção da infecção, as medidas destinadas aos idosos são as mesmas recomendadas para toda a população. Confira abaixo:

  • Eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti;
  • Aplique repelente em todo o corpo, especialmente durante os períodos de maior atividade do inseto (início da manhã e final da tarde);
  • Preferencialmente, utilize roupas que cubram a maioria do corpo. Use calças, camisas de manga longa e calçados fechados.

 

Conheça o Programa de Benefícios ViverMais

Cuidar da saúde é essencial durante o processo de envelhecimento e o Instituto de Longevidade MAG pode ajudar com isso. O Programa de Benefícios ViverMais conta com diversos serviços para promover um envelhecimento pleno.

A iniciativa oferece acesso à Tele Saúde, Descontos em Medicamentos, Seguro de Vida e outros serviços exclusivos. Para mais informações, acesse o site do ViverMais.



Instituto de Longevidade MAG

MAG Seguros


600 mil médicos no Brasil: uma boa notícia ou motivo de preocupação?

 Opinião

 

Artigo de Opinião: Presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), Dr. Gerson Junqueira Jr.  

 

Em 2024, chegamos a um marco significativo para a Medicina brasileira: ultrapassamos a marca de 600 mil médicos em todo o país, com um contingente de quase 38 mil profissionais atuando em solo gaúcho. Entretanto, esses números devem ser analisados à luz das transformações e desafios que permeiam nosso sistema de saúde. 

A expansão desenfreada de cursos de Medicina no Brasil aponta para uma projeção assombrosa: até 2035, estima-se que alcançaremos a marca de 1 milhão de médicos. Esta perspectiva, por si só, levanta questões cruciais sobre a formação, distribuição e qualidade desses profissionais em nosso país. 

Outras projeções igualmente relevantes merecem nossa atenção. Primeiramente, observamos uma clara tendência de feminização da Medicina, com as mulheres assumindo a maioria entre os médicos brasileiros a partir deste ano. Além disso, mais de 85% dos médicos do país terão menos de 45 anos, sinalizando uma renovação geracional na profissão. 

No entanto, uma das preocupações mais urgentes diz respeito à defasagem entre o número de egressos dos cursos de Medicina e as vagas de Residência Médica disponíveis. Esta disparidade compromete gravemente a qualidade da assistência médica e a resolutividade dos serviços de saúde, já fragilizados em muitas regiões do país. 

Diante desses desafios, a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) manifesta sua preocupação e inquietação. Com esse espírito de compromisso e responsabilidade que seguimos trabalhando, em busca de soluções que garantam uma Medicina de qualidade para todos os brasileiros. Juntos, enfrentaremos os desafios do futuro, assegurando que a saúde de nossa população seja tratada com a dignidade e a excelência que merece. 

 

Dr. Gerson Junqueira Jr. - Presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS)


USP de Ribeirão Preto inicia teste de terapia celular contra o câncer

 

Da esquerda para a direita: Maria Cristina Domingues (IPT),
Dora Kaufman (PUC-SP), Fausto Augusto Jr. (Dieese), Fabio Cozman (USP)
e Anderson Rocha (Unicamp)
(
foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Anúncio feito na Conferência Estadual de Ciência e Tecnologia expressa uma possibilidade de nacionalização de tratamentos médicos. Também foram debatidas no evento questões relacionadas à saúde mental e inteligência artificial

 

Na próxima sexta-feira (15/03) começa em Ribeirão Preto, interior paulista, a seleção de pessoas com leucemia interessadas em participar de um teste de avaliação de segurança e eficácia de uma das formas de terapia celular chamada de CAR-T (sigla de receptor quimérico de antígeno; o T se refere aos linfócitos T, um grupo de células brancas do sangue).

Desenvolvida nos Estados Unidos em 2017, e, no Brasil, desde 2019, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) em colaboração com o Instituto Butantan e apoio da FAPESP (projetos 13/08135-2 e 14/50947-7), essa técnica consiste na retirada de linfócitos do próprio paciente, que são manipulados em laboratório e reaplicados no organismo. O objetivo é preparar os linfócitos para identificar e eliminar células tumorais que não foram detidas por outras terapias medicamentosas (leia mais em: agencia.fapesp.br/31656 e agencia.fapesp.br/38914).

O médico hematologista Diego Clé, da FMRP-USP, anunciou o teste e expôs suas expectativas com essa forma de terapia celular na última quinta-feira (07/03) durante a sessão “Grandes desafios na área da saúde” na Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (CECTI), que termina sexta-feira (08/03) na Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, na capital paulista. O objetivo do encontro é preparar as sugestões e contribuições do Estado de São Paulo para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que será realizada entre 4 e 6 de junho, em Brasília.

Com apoio da FAPESP e do Ministério da Saúde (MS), deverão participar da terapia CAR-T 81 pessoas com leucemia e leucemia linfoide aguda que não responderam a outras formas de tratamento. Os pacientes serão atendidos inicialmente no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Clé comentou que 20 pessoas já foram tratadas previamente com as células preparadas no Núcleo de Terapia Celular Avançada de Ribeirão Preto (Nutera-RP, um Centro de Ciência para o Desenvolvimento da FAPESP), em alguns casos com bons resultados. “Essa forma de terapia celular pode mudar a forma de tratamento de leucemias resistentes, mas o custo é quase proibitivo para um país como o nosso”, comentou. O tratamento por paciente pode chegar a R$ 2 milhões, com medicamentos importados ‒ a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou três para uso no Brasil.

“O produto nacional vai custar um sexto do importado”, estimou o médico infectologista Esper Kallás, diretor do Butantan, em sua apresentação. Isso deverá ocorrer porque os custos de produção serão menores. “Sem esse tipo de solução, o SUS [Sistema Único de Saúde] quebra.” Kallás enfatizou a necessidade de expandir a produção de vacinas, medicamentos e insumos farmacêuticos no Brasil. “Temos infraestrutura e boas cabeças, mas ainda muitas travas burocráticas e dificuldade de dar continuidade aos investimentos”, afirmou.

Por sua vez, o psiquiatra Jair Mari, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressaltou as perspectivas da saúde mental, outro tema debatido na tarde de quinta-feira. “Por causa do desmonte do sistema para cuidados imediatos e casos graves, mesmo em uma cidade como São Paulo haveria dificuldade para internar uma pessoa que teve uma crise aguda”, comentou. “Onde está a falha? Na falta de leitos em enfermarias de hospitais gerais.”

A seu ver, a prioridade das políticas públicas nessa área deveria ser a saúde mental na infância e adolescência, quando emergem os distúrbios mentais. “A depressão aparece na adolescência, principalmente entre meninas”, disse. Outra sugestão foi a disseminação dos programas de identificação e prevenção de transtornos mentais em escolas.

Durante a primeira sessão da tarde também fizeram apresentações Guilherme Polanczyk, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, e a geneticista Carolini Kaid, da startup Vyro.

 

Impactos da IA

O sociólogo Fausto Augusto Jr., do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), falou na segunda parte da tarde, durante a sessão “Transição digital e inteligência artificial”. Ele comentou que a inteligência artificial (IA) amplia o impacto causado por outras grandes mudanças tecnológicas, como a indústria 4.0, ao intensificar a precarização do trabalho, flexibilizar a jornada e os contratos de trabalho, reduzir a oferta de empregos (principalmente os de tarefas repetitivas), enfraquecer organizações coletivas como os sindicatos e dificultar a construção de identidades profissionais.

“A IA, como antes as mudanças causadas pelo fogo, a agricultura e a indústria, tem o potencial de nos alterar como trabalhadores, cidadãos e seres humanos”, comentou. “Ampliaremos nossas desigualdades sociais se pensarmos que o mercado vai disciplinar a transição tecnológica.” Para ele, a negociação entre as empresas e os trabalhadores seria uma das formas de amenizar o impacto das novas tecnologias.

“Vivemos um momento de euforia excessiva na IA, parece que tudo vai dar certo, mas os programas ainda podem alucinar e passar informações falsas”, observou o engenheiro eletricista Fabio Cozman, da Escola Politécnica da USP. Ele foi um dos autores do documento “Recomendações para o avanço da inteligência artificial no Brasil”, lançado em novembro de 2023 pela Academia Brasileira de Ciências (ABC).

A seu ver, o projeto de lei sobre IA, em discussão no Congresso Nacional, “talvez seja excessivamente inflexível”, comentou. “Seria melhor deixar os próprios órgãos elaborarem suas políticas, como já fez o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] para as eleições.”

A economista Dora Kaufman, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por sua vez, propôs que o Estado de São Paulo deveria criar um órgão para liderar as propostas de regulamentação do uso da IA, diagnosticar as aplicações, os riscos para os usuários e criar uma espécie de “framework de governança”. Segundo ela, esse framework incluiria as informações a serem exigidas dos gestores de programa de IA e o monitoramento dos riscos para os usuários.

Outros palestrantes da segunda sessão da tarde foram o cientista da computação Anderson Rocha, do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a analista de sistemas Maria Cristina Domingues, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).

O vídeo com as duas últimas sessões de quinta-feira pode ser acessado em: www.youtube.com/watch?v=cDRUhdyKs0U. 



Carlos Fioravanti
Revista Pesquisa FAPESP
https://agencia.fapesp.br/usp-de-ribeirao-preto-inicia-teste-de-terapia-celular-contra-o-cancer/51055


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