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quinta-feira, 2 de março de 2023

1 em cada 3 crianças está com sobrepeso ou obesidade no Brasil

04/03 - Dia Mundial da Obesidade  

 

 

Além dos fatores genéticos, responsáveis por 70% das causas da obesidade, o estilo de vida da criança influencia - consideravelmente - para o desenvolvimento da obesidade. As telas dos smartphones e o vídeo game, aliados à baixa qualidade nutricional dos alimentos consumidos pelas crianças e a falta de exercícios físicos, contribuem para que a obesidade infantil atinja patamares assustadores.

 

O Brasil está em 5º lugar entre os países com maior número de crianças e adolescentes com obesidade até 2030, segundo o Atlas Global e Obesidade Infantil de 2019. Dados do Ministério da Saúde apontam que uma em cada 3 crianças está com sobrepeso ou obesidade no País.

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde cerca de 340 milhões de crianças e adolescentes - de 5 a 19 anos - apresentam sobrepeso e obesidade. A obesidade infantil já é considerada uma epidemia mundial. (leia aqui).

 

A endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato explica que a obesidade pode trazer muitas complicações para o desenvolvimento dos ossos, articulações e músculos ainda mais porque a criança está em constante crescimento.

 

“Além dos prejuízos esqueléticos, a criança com obesidade tem um risco maior para ter hipertensão e distúrbios metabólicos. Estendendo a obesidade até a fase adulta, aumentam-se as chances de doenças cardiovasculares”, explica Dra. Lorena.

 

Incentivar atividades com gasto de energia como andar de skate, brincar de pega-pega e andar de bicicleta são brincadeiras que ajudam no combater ao sedentarismo.

“Quanto à alimentação, evitar salgadinhos e excesso de doces É preciso oferecer frutas, folhas verdes, legumes. É uma troca, nem sempre muito bem-vista pela criança, mas que aos poucos faz toda a diferença na qualidade de vida”, exemplifica a endocrinologista.

 

 

Dicas da Dra. Lorena Amato:

 

- A introdução alimentar deve ter início no 6º mês de vida, oferecendo os cinco grupos alimentares (proteína, carboidrato, verduras, legumes e fibras) com variedade de alimentos.

 

- Criança precisa de rotina, inclusive na hora de comer. Horários estabelecidos para as refeições ajudam a diminuir a chance de escapar e comer aquele salgadinho. Evite que a criança consuma excessivamente frituras, doces, fast-food e outros alimentos industrializados.

 

- Respeite a quantidade consumida pela criança. Nada de encher o prato e exigir que ela coma tudo.

 

- Até para beber água é importante ter uma rotina, fique atento a isso. A água pode inibir a vontade de comer. Não beber água, pelo menos, 30 minutos antes das refeições.

 

- Outra estratégia é não comer doces e salgadinhos direto do pacote, coloque em um pote uma quantidade determinada para que não haja exagero.

 

- Deixar frutas à disposição e ao alcance da criança é uma ótima dica para incentivar a alimentação saudável. 

 



Dra. Lorena Lima Amato - especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela USP.
https://endocrino.com/



Casos de pedras nos rins crescem em média 30% durante o verão

Médico urologista alerta para importância da hidratação na estação mais quente do ano

 

O verão é a época do ano em que mais é preciso tomar precauções, principalmente quando falamos de saúde de um modo geral, devido às altas temperaturas da estação. Preocupada com os termômetros subindo ano após ano, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) faz um alerta à população sobre os riscos e as maneiras de prevenir a formação de pedras nos rins.

 

Afinal, segundo a última pesquisa feita pela própria SBU, no verão a incidência de pedras nos rins aumenta 30% em comparação com outras épocas do ano. E qual o motivo? O médico urologista Heleno Diegues Paes explica:

 

“Com a temperatura mais quente, as pessoas perdem mais líquido pela transpiração e pela respiração e tendem a ficar com a urina mais amarelada. Esta urina mais concentrada leva a saturação de alguns sais presentes na urina que precipitam para a forma sólida, formando cálculos. Portanto, a desidratação causada pelo calor e pela má hidratação, em pessoas propensas, leva a formação dos cálculos”.

 

Portanto, o que importa é ter uma boa hidratação e, por isso, quem bebe pouca água pode desenvolver cálculos em qualquer temperatura. A associação entre cálculos e as estações do ano pode não ser verdadeira em lugares em que a temperatura é elevada no inverno, como nas regiões Norte e Nordeste. Dr Heleno reforça que pessoas com propensão a formar cálculos devem ter atenção redobrada com a hidratação nas épocas quentes do ano.

 

“A quantidade de líquido irá variar de acordo com o consumo de água pelo corpo, tendo em vista que somente o excedente irá ser eliminado na urina. Atletas, por exemplo, consomem muita água durante a atividade muscular, necessitando de uma hidratação muito maior. Assim como trabalhadores de ambientes quentes como na siderurgia ou na construção civil. Já quem exerce atividades intelectuais em ambiente refrigerado, cerca de 2 a 3 litros seriam suficientes”.

 

O urologista dá ainda, uma boa dica para estar atento e prevenir a formação de pedras nos rins. “Considero a coloração da urina um bom termômetro para saber se a hidratação está adequada. Formadores de cálculo precisam manter a urina próximo ao transparente”.

 

Além da má hidratação, o consumo elevado de sódio, presente no sal de cozinha, dietas hiperproteicas, obesidade e sedentarismo, ácido úrico elevado no sangue, ter infecções urinárias com frequência e pessoas com doenças no aparelho urinário que dificultem o adequado esvaziamento vesical são outros fatores que aumentam o risco de formar esses cálculos.

 

Como a maioria das pessoas portadoras de cálculos é assintomática e só descobre o problema em exames rotineiros ou quando tem uma cólica de rim, é preciso prevenir. Dr. Heleno diz que as melhores maneiras para evitar o problema são manter a boa hidratação, reduzir a ingesta de sódio, ingerir frutas cítricas, manter peso adequado e realizar atividade física rotineiramente.

 

Agora, quem descobrir que está com uma pedra no rim, deverá procurar um especialista para determinar a melhor maneira de resolver o problema. “Existem tipos de tratamento específicos para cada caso”, comenta o urologista. 

“Pode ser apenas com observação para cálculos pequenos, que são passíveis de serem eliminados espontaneamente, pode ser através da litotripsia extracorpórea, onde tenta-se fragmentar o cálculo em fragmentos pequenos para serem eliminados; ou então com cirurgias, onde os cálculos são acessados através de câmeras e fragmentados com auxílio do laser”.

 

Heleno Paes - começou a se interessar pela medicina no final do ensino médio, quando precisou socorrer um amigo com cólica renal. Posteriormente esteve em uma excursão promovida pela escola para ajudar os estudantes a escolher a profissão, e conheceu a faculdade de medicina da USP.


Diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais para evitar dor crônica na coluna

Imagem ilustrativa / Divulgação
Caracterizada pela permanência da dor por um período maior de três meses, a dor crônica persiste mesmo após a resolução da causa original


A dor nas costas é um problema que afeta milhares de pessoas em todo o mundo e pode ter várias causas, como hérnia de disco, estenose espinhal, artrose, entre outras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 80% da população adulta terá pelo menos uma crise aguda de dor nas costas ao longo da vida e cerca de 90% dessas pessoas terão recorrências. Porém, muitas vezes a dor pode persistir mesmo após o tratamento adequado dessas condições. Neste caso, a dor se torna crônica, um problema em si, e não um sinal de que há algo errado com o corpo. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), em geral, a população brasileira que se queixa ou sofre de dor é de cerca de 30% e não existe uma política de saúde pública que leve em consideração a questão da dor crônica. 

Para o médico ortopedista especialista em cirurgia da coluna, Dr. Antônio Krieger, a dor crônica da coluna é um problema complexo que envolve não só a anatomia, mas também aspectos emocionais e psicológicos.

"A dor crônica é definida como uma dor que dura mais de três meses, mesmo após o tratamento adequado da causa. Isso significa que há uma disfunção no sistema nervoso central que faz com que a dor continue mesmo após a lesão ter sido tratada", explica o médico. 

Além disso, o cirurgião ressalta que a dor crônica da coluna pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente e afetar as atividades diárias, como trabalhar, dormir e se exercitar. O problema também pode levar a distúrbios do sono, ansiedade, depressão e outras condições que podem agravar ainda mais o quadro de dor. 

Segundo a psicóloga especialista em dor, Mariana Mansur, a dor crônica pode ser influenciada por fatores emocionais e psicológicos, como estresse, ansiedade, depressão e até mesmo traumas do passado. 

"Esses fatores podem desencadear uma resposta de dor no sistema nervoso central, o que pode levar a um ciclo vicioso de dor crônica. As técnicas de psicoterapia especializada para a dor, meditação e relaxamento podem ajudar a reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida do paciente", acrescenta Mariana.

 

Como prevenir a dor crônica?

A prevenção da dor é possível e pode ser alcançada através de uma combinação de fatores, como manter uma boa postura, fazer exercícios físicos regulares para fortalecer os músculos da coluna, manter um peso saudável e evitar hábitos como o tabagismo, que podem prejudicar a saúde da coluna. Segundo Krieger, não negligenciar os sintomas também é importante para evitar a dor crônica.

“Sentir dor não é normal. Nós somos ensinados e induzidos a suportar e conviver com a dor, mas essa não é a melhor recomendação. Quanto antes buscar o diagnóstico e o tratamento adequado do seu problema, as chances de cura serão maiores e o risco do desenvolvimento de uma dor crônica é menor”, explica o cirurgião.

 

Tratamento

Segundo os especialistas, existem várias opções de tratamento para a dor crônica da coluna, que vão desde medicamentos até terapias não invasivas, como acupuntura, fisioterapia e exercícios físicos, e por isso a abordagem multidisciplinar é importante para o tratamento da dor crônica que pode ser acompanhada de outros fatores emocionais como a ansiedade e a depressão. 

“Por isso é importante que o paciente tenha uma equipe de profissionais que trabalhe em conjunto para tratar não só a dor, mas também as questões emocionais envolvidas”, afirma Krieger. “Um acompanhamento psicológico pode ajudar o paciente a lidar com a dor de maneira mais efetiva, reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade de vida”, complementa a psicóloga.


SAÚDE É PREVENÇÃO

SOBED, SBCP e FBG se unem e lançam o Março Azul, campanha nacional de prevenção ao câncer de intestino

 

O câncer de intestino continua ceifando vidas no Brasil e hoje é uma das neoplasias de maior incidência no País, impondo sofrimento a milhares de pacientes e suas famílias todo ano. Embora seja prevenível com exames simples (sangue oculto nas fezes e colonoscopia), a doença segue como desafio relevante para o sistema de saúde. Para reverter seus indicadores, a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) uniram esforços e lançam a Campanha Março Azul 2023 para alertar a população de que a doença pode ser prevenida. 

Com o tema Saúde é prevenção: cuide de você, evite o câncer de intestino, a campanha -- que acontece pelo terceiro ano consecutivo --, quer sensibilizar profissionais da saúde, gestores públicos e tomadores de decisão sobre os riscos relacionados a essa doença e a necessidade de se facilitar o acesso ao seu diagnóstico e tratamento precoces para reduzir sua incidência. Essa meta, avaliam, deve unir o sistema de saúde e entidades de especialidades médicas, com foco na qualidade de vida e saúde da população brasileira. 

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 45.630 novos casos de câncer de intestino para o triênio de 2023 a 2025 no país. Se vierem a se confirmar tais projeções, a doença alcançará um contingente superior a 136 mil brasileiros. Segundo o Inca, o risco estimado é de 21,10 casos por 100 mil habitantes: sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 casos entre as mulheres. Os dados mais recentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM do DATASUS, de 2020, mostram que 20.245 pessoas morreram de câncer de colón, reto e ânus. 

“A alta incidência do câncer de intestino segue nos desafiando a conscientizar e proteger a população de uma doença que pode ser prevenida e evitada com exames simples. Essa é uma ação que foca na proteção à saúde e à vida do brasileiro”, afirma o médico Herberth Toledo, presidente da SOBED. “Para nós, o Março Azul traduz a nossa responsabilidade com a população, a nossa missão de contribuir para a qualidade de vida das pessoas”, justifica. Segundo ele, todas as regionais da SOBED estão mobilizadas para disseminar a campanha e conscientizar a população em todo o País. 

“O câncer de intestinoé terceiro tipo de tumor que mais mata no Brasil (excetuando-se o câncer de pele não melanoma), mas felizmente está entre os que podem ser prevenidos. Por meio da colonoscopia, conseguimos localizar e remover os pólipos, que são lesões que podem se transformar em câncer. Se você tem mais de 45 anos, converse com seu médico sobre a colonoscopia”’, orienta Dr. Antônio Lacerda Filho, presidente da SBCP. 

Entre os principais sintomas estão: 

- Alterações do hábito intestinal: diarreia ou constipação de início recente sem resolução espontânea ou com medicação.

- Presença de sangue nas fezes.

- Cólicas abdominais persistentes.

- Dor à defecação e/ou sensação de evacuação incompleta.

- Redução do apetite com ou sem perda de peso.

- Anemia 

"Os sinais e sintomas acima podem vir em conjunto ou isolados e uma parcela dos pacientes pode não apresentar qualquer tipo de sintomatologia nas fases iniciais da doença, o que torna mais importante a utilização de exames diagnósticos como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia para diagnóstico precoce do câncer de intestino, notadamente em indivíduos com mais de 45 anos”, lembra Dr. Sergio Pessoa, presidente da FBG. 

Edição 2023 - O Março Azul está hospedado no site www.marcoazul.org.br, onde podem ser encontrados conteúdos informativos sobre o câncer de intestino, seu diagnóstico e tratamento. A realização da campanha tem o apoio institucional da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), além da do apoio especial da Associação Brasileira para a Prevenção do Câncer do Intestino (Abrapreci). 

O Março Azul 2023 recebeu ainda o endosso de outras instituições e envolverá entre suas iniciativas a iluminação pública de monumentos em diversos Estados brasileiros, que serão vestidos de azul durante parte ou todo o mês para chamar atenção para o tema e entrar na rotina das pessoas. 

O slogan Saúde é prevenção: cuide de você, evite o câncer de intestino traduz de forma direta a mensagem do Março Azul 2023, levando não apenas esperança, como principalmente consciência para o cidadão. Nos anos de 2021 e 2022 a campanha impactou público estimado em 93 milhões de pessoas em todo o Brasil -- a mobilização de dezenas de artistas, influencers, times de futebol e personalidades do esporte contribuiu para viralizar a campanha por meio de depoimentos na imprensa e nas redes sociais. 

Em 2023, SOBED, SBCP e FBG convidaram um novo grupo de personalidades de diversas áreas de atuação a gravarem mensagens de apoio à iniciativa, potencializando o alerta sobre a importância da prevenção da doença. Uma das ações emblemáticas do Março Azul, os vídeos serão divulgados nos canais das entidades médicas nas redes sociais (@sobednacional, @portaldacoloprocologia e @fbg_gastro) e no perfil oficial da campanha @campanhamarcoazul. 

Em outra esfera, as entidades médicas farão uma nova rodada de diálogo com o Congresso Nacional para concluir a votação do Projeto de Lei 5.024/2019. Aprovado pelo senado Federal com alterações, a proposta que oficializa o Março Azul e inscreve a prevenção ao câncer de intestino no calendário da saúde pública brasileira terá de ser apreciada novamente pela Câmara dos Deputados. Este é um passo decisivo para construir avanços que permitam a redução da incidência da doença, assim como maior sucesso no tratamento dos pacientes. 


Prevenir é essencial -- O câncer de intestino voltou a ganhar destaque no final de 2022 pela inestimável perda de Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, e por outras celebridades que anunciaram diagnóstico positivo. 

Hoje, cerca de 85% dos casos de câncer de intestino são diagnosticados em fase avançada, o que aumenta os custos com o atendimento de saúde -- cirurgias, quimioterapia, radioterapia -- e diminui as chances de cura para um dos tumores malignos mais frequentes e fatais no país. Evitar a doença e, principalmente, aumentar a possibilidade de cura e de sobrevida de seus pacientes exigem diagnóstico e tratamento precoces dessa doença, com impacto positivo não apenas pela preservação de vidas, como também pela redução de custos do sistema de saúde. 

O tumor intestinal está relacionado a fatores de risco como: 

- Histórico familiar de câncer;

- Sobrepeso/obesidade;

- Idade igual ou superior a 45 anos;

- Dieta com excesso de alimentos processados e carne vermelha;

- Tabagismo;

- Ingestão de bebidas alcoólicas em demasia;

- Doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn.

 

Já a prevenção da doença está muitas vezes associada a hábitos de vida, por isso são recomendados: 

- Praticar exercícios físicos regularmente;

- Manter o peso sob controle;

- Não fumar;

- Não consumir bebidas alcoólicas em excesso;

- Ter uma alimentação rica em verduras, frutas, legumes, farelos e cereais integrais;

- Beber cerca de 2 litros de água por dia;

- Evitar o consumo excessivo de carne vermelha e alimentos ultraprocessados e embutidos como salsicha, peito de peru, linguiça, salame e presunto.

 

Saiba mais sobre a campanha em www.marcoazul.org.br/


A Inteligência Artificial e os avanços em saúde ocular


A Inteligência Artificial (AI) tem evoluído de forma considerável nos últimos anos. Atualmente, já podemos encontrar a AI sendo aplicada em praticamente todos os setores da economia, impactando o consumidor final de diversas formas. Na área da saúde não é diferente: a tecnologia já é capaz de gerenciar dados de pacientes, auxiliar no diagnóstico e tratar doenças com mais precisão e agilidade, assistir na realização de cirurgias, entre muitos outros usos. 

A utilização da tecnologia na saúde apresentou um salto ainda maior desde o início da pandemia de Covid-19, quando diversas empresas reinventaram seus processos, passando a atuar de maneira digital. Segundo o Mapeamento Healthtech 2022, realizado pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e pela consultoria Deloitte, o setor está em crescimento constante desde 2019, com novas healthtechs sendo criadas e diferentes tecnologias lançadas no mercado. Para se ter uma ideia, o estudo apontou que os investimentos nas startups de saúde mais do que dobraram desde 2017, atingindo 1,5 bilhão de dólares em 2020.  

Um dos setores de maior evolução nesse segmento é o oftalmológico, com a implementação de novos procedimentos e tratamentos, acompanhando os avanços da tecnologia. Nos últimos anos, a indústria criou e lançou técnicas envolvendo luzes terapêuticas, terapia genética e tratamentos combinados capazes de mitigar os efeitos de doenças como câncer, cegueira, degeneração macular, catarata e glaucoma. Recentemente, um estudo teve grande repercussão ao utilizar colágeno de porco para restaurar a visão de pessoas cegas, acometidas por uma doença degenerativa conhecida como ceratocone. Outra novidade mais recente é a lente de contato capaz de tratar diferentes doenças oculares com o uso de microagulhas, tão pequenas que não causam desconforto ou irritação aos olhos do usuário. O projeto, ainda em fase de testes, tem grande potencial para revolucionar a indústria óptica nos próximos anos. 

Para além da Medicina em si, a Inteligência Artificial também já vem se fazendo presente no varejo óptico, com diferentes players procurando reinventar seus processos, adaptando o modelo tradicional de atendimento e passando a atuar por meio de canais diversos. Dessa forma, a interação em tempo real via aplicativos de mensagens, chats com humanos, chatbots e assistentes de voz virou uma tendência no setor. A evolução tecnológica também é notável no desenvolvimento de novos produtos e materiais, que proporcionem mais qualidade de vida às pessoas com diferentes distúrbios oculares, sobretudo àquelas com casos complexos e que demandam mais cuidados. Para quem possui alguma ametropia – miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia – e faz o uso contínuo de óculos, o mercado já desenvolveu soluções como lentes ultrafinas capazes de minimizar a distorção causada pelas lentes aos olhos do usuário, como o conhecido efeito “fundo de garrafa”, além de novidades no setor de armações, com tecnologia capaz de analisar o formato do rosto do usuário e indicar as melhores opções individuais, além de materiais mais resistentes e duráveis. 

No cenário tecnológico mundial, novas descobertas envolvendo a IA surgem a cada dia, de modo que este tema é uma das grandes apostas do mercado para o ano de 2023. De acordo com um estudo recente, encomendado pela Microsoft, até 2030, a IA deve impactar um crescimento de 4,2% no PIB brasileiro. Outras pesquisas, como a realizada pela consultoria PWC, indicam que essa tecnologia deve contribuir com cerca de US$16 trilhões para a economia mundial até o mesmo ano. Um exemplo prático que vem impactando o mercado é o recém-lançado ChatGPT, modelo generativo de IA em linguagem natural, criado para responder  a perguntas e gerar textos de forma coerente e autônoma. E não deve demorar muito para que novas ferramentas similares sejam integradas aos cuidados com a saúde ocular, na área clínica ou no varejo.

Ainda para este ano, outras tecnologias estão no radar de instituições de saúde, como: o uso de dados em seus processos – integrando informações de pacientes e facilitando a gestão do tratamento –; a ampliação do 5G; a evolução da Internet das Coisas (IoT); e a melhoria de ofertas para atendimento e tratamento remoto. Com isso, é possível perceber que, apesar da indústria e do varejo de saúde focados no segmento de oftalmologia ainda não estarem 100% digitalizados, o mercado vem apresentando continuamente novas soluções, que devem ser encaradas com seriedade e utilizadas a fim de proporcionar acesso à saúde e mais qualidade de vida a todos.  

 

Makoto Ikegame - CEO e fundador da Lenscope

Saiba quais são as infecções ginecológicas mais comuns no verão e confira dicas para evitá-las


Convite ao lazer, o verão é sinônimo de água, calor e umidade. Além de favorecer momentos de descontração ao ar livre, a estação requer da população feminina um cuidado mais atento à saúde íntima. O clima típico desta época do ano acaba abafando mais a região da vulva e vagina, favorecendo o aparecimento de infecções e incômodos.

“É bastante comum as mulheres confundirem sintomas e se automedicarem, o que não resolve o problema. No caso de uma condição causada por bactérias, isso pode deixá-la mais resistente. Por isso, o melhor a fazer ao menor sinal de desconforto é procurar um médico, que vai indicar o exame necessário para que o tratamento seja feito adequadamente, como cultura de secreção vaginal e vulvoscopia, que detecta alterações epiteliais na região da vulva e vagina”, afirma Dra. Raquel Coelho, ginecologista e Coordenadora Médica do CDB, marca de laboratórios do Grupo Alliar em São Paulo. Confira abaixo os problemas ginecológicos mais comuns nesta época do ano:


Candidíase: 

Este corrimento anormal é causado pelo fungo Candida, que faz parte dos micro-organismos do corpo humano. Quando há baixa imunidade, estresse, uso excessivo de antibióticos, ele pode se multiplicar excessivamente. A candidíase apresenta corrimento espesso, esbranquiçado e sem cheiro forte. Os principais sintomas são coceira, ardência na vulva, dor ao urinar e durante o ato sexual. “Ambientes abafados e úmidos também favorecem o aparecimento da doença. Por isso, é indicado que não se fique com roupas de banho molhadas por muito tempo”, alerta Dra. Raquel.


Vaginose bacteriana:

Com origem no desequilíbrio da flora vaginal, a vaginose bacteriana se manifesta com corrimento fino, acinzentado e com odor forte e desagradável. Ela aparece quando cai o número de lactobacillus, as bactérias ‘boas’, e aumenta a quantidade das aeróbicas, bacilos ‘ruins’. “Dor ao urinar, coceira na vulva e dor na relação sexual também são sintomas da vaginose bacteriana. Para evitar a doença, não faça duchas vaginais, não use roupas justas e de material sintético e durma sem calcinha para que a vagina ‘respire’”, indica a médica.


Tricomoníase:

Sexualmente transmissível, a enfermidade é provocada por um protozoário que causa vaginite, acompanhada por corrimento fino, amarelo-esverdeado, odor desagradável, dor ao urinar, irritação da vulva e sangramento e/ou dor durante o ato sexual. “Aqui a questão essencial é utilizar camisinha em todas as relações sexuais”, finalizada Dra. Raquel.


Região íntima saudável durante o ano todo

Dr.ª Raquel salienta que, para que a saúde e o bem-estar íntimo da mulher se mantenha durante o ano todo, são necessários alguns cuidados simples, como usar camisinha em todas as relações sexuais, lavar as roupas íntimas com água e sabão neutros, secá-las ao ar livre e passá-las com ferro quente. “Fazer a higiene íntima adequada depois de ir ao banheiro ou ato sexual é também essencial, assim como trocar o absorvente com regularidade durante a menstruação”, aponta.

Segundo a médica, toda mulher deve visitar o ginecologista pelo menos uma vez por ano e realizar exames de rotina, como ultrassonografia transvaginal e das mamas, mamografia (dependendo da faixa etária), além do papanicolau (também conhecido como preventivo) e colposcopia e vulvoscopia com as análises de biópsia das células do colo do útero, caso necessário.


 Grupo Alliar


Sobrepeso, ansiedade e as famosas “canetas para emagrecer”

Com a proximidade do Dia Mundial da Obesidade, a nutróloga Dra. Esthela Oliveira explica relação entre estado emocional e ganho de peso, além de fazer alerta sobre uso indiscriminado de medicamentos para emagrecimento


 Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 1 bilhão de pessoas já sofrem com o sobrepeso em todo o globo, número que se intensificou durante a pandemia do Covid-19. Estima-se que até 2025, ao menos 20% da população brasileira adulta esteja obesa. Segunda a nutróloga, Dra. Esthela Oliveira este cenário se dá especialmente pelos altos níveis de estresse a que fomos submetidos após o surto de COVID-19.


“Desde que a pandemia começou diversos estudos mostraram o aumento de casos de depressão, ansiedade e burnout, condições totalmente relacionadas ao estresse excessivo. A questão é que junto com elas vem as mudanças no estilo de vida e na alimentação, induzindo a um maior consumo calórico e compulsão alimentar que favorecem o sobrepeso e ao sedentarismo, que dificulta a perda de peso”, analisa a nutróloga, Dra. Esthela Oliveira.


Em paralelo a esse cenário, estamos vendo um verdadeiro boom de medicamentos como o Ozempic e o Wegovy, as famosas “canetas para emagrecer”, tão populares entre celebridades internacionais, quanto entre mulheres comuns, determinadas a buscar o peso ideal. Mas, ainda há muita polêmica em torno dos prós e contras do chamado “emagrecimento químico”.


Em um Brasil onde 96 milhões de adultos estão em condições de sobrepeso, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, assim como, cerca de 6,4 milhões de crianças, segundo dados do Ministério da Saúde de 2021, a liberação para comercialização do remédio nas farmácias nacionais, chega como uma forma segura e eficaz de combater essa comorbidade, a partir dos 12 anos de idade, claro, desde que prescrita e acompanhada por um médico especialista, unida a um plano alimentar adequado, exercícios físicos regulares e uma mudança no estilo de vida, que também engloba aspectos emocionais.

A nutróloga e especialista em medicina integrativa, Dra. Esthela Oliveira, alerta sobre o uso indiscriminado da medicação sem prescrição adequada. “Esses medicamentos com semaglutida, indicados para tratamento da Diabetes tipo 2 costumam ser prescritos off label para tratamento da obesidade e sobrepeso, o Wegov, por isso não precisam de receita médica controlada para a comercialização. Esse fácil acesso pode levar ao uso inadequado e banalizado do medicamento, visto que também há um aumento nos distúrbios alimentares e de autoimagem nos últimos anos”, alerta.

Para falar mais sobre este novo medicamento, seus benefícios e indicações à saúde, a diferença entre o Ozempic e o Wegovy, além das consequências da sua liberação numa sociedade em busca de um padrão de beleza inalcançável, a Dra. Esthela Oliveira está super disponível para entrevistas.



Dra. Esthela Oliveira |@sideclinic | @draesthelaoliveira - Médica do esporte (RQE 76855), pós-graduada em nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Albert Einstein, conexão mente-corpo (Harvard). CEO and Founder da Side Clinic, espaço que busca trazer uma visão mais ampla no cuidado com os pacientes, acompanhando-os em todas as etapas da vida e em todas as suas esferas: físico, emocional e mental, por meio da associação de técnicas integrativas, como ferramenta para complementar a medicina tradicional.


SBE desvenda 12 mitos e verdades sobre endometriose

Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE) esclarece sobre doença que atinge 200 milhões de mulheres em todo o mundo


No Brasil, mesmo que muitas ainda não tenham recebido o diagnóstico, cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva convivem com a endometriose – doença caracterizada pelo crescimento do endométrio fora da parede interna do útero, podendo causar diversos prejuízos para a qualidade de vida.

Por isso, a Sociedade Brasileira de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva (SBE) promove anualmente o Março Amarelo, campanha que sensibiliza sobre a importância do diagnóstico precoce e dos cuidados após o diagnóstico.

Nos dias 10 e 11 de março, a SBE realiza o “SBE e ELAS” – evento gratuito, que pode ser visitado de forma presencial ou online, no qual as pacientes poderão tirar dúvidas com especialistas (inscrições: https://materiais.sbendometriose.com.br/sbe-e-elas-marco-amarelo).

A presidente SBE, médica Dra. Helizabet Salomão Abdalla Ayroza Ribeiro, aproveita a data para desvendar os principais mitos e verdades sobre endometriose.

  1. Não se sabe a causa da endometriose.

Verdade. Não existe uma só causa para a doença, mas fatores genéticos, hormonais imunológicos ou ambientais podem influenciar no surgimento da endometriose.

  1. É possível ter endometriose e não apresentar sintomas

Verdade. A maioria das pacientes sente cólicas muito fortes; inchaço abdominal; dores durante as relações sexuais; dor ao urinar e evacuar; e/ou fadiga. Mas existe um grupo menor de pacientes assintomáticas. Elas podem, por exemplo, não ter dor e só descobrir a doença quando pesquisam a infertilidade.

  1. A doença é rapidamente diagnosticada.

Mito. Existem levantamentos que mostram que algumas mulheres levam até dez anos após os primeiros sintomas até serem diagnosticadas. Por isso é importante buscar um médico especializado. Ele fará o diagnóstico a partir do histórico da paciente e do exame físico ginecológico. Também pode pedir exames complementares, como ultrassonografia e ressonância magnética de pelve.

  1. A endometriose pode ser grave

Verdade. A endometriose é uma doença benigna. Entretanto, em alguns casos, pode ser potencialmente grave dependendo dos sintomas e dos tecidos e órgãos afetados.

  1. Endometriose tem cura

Mito. Não existe cura para a endometriose, mas com acompanhamento médico e o tratamento adequado aliviam significativamente os sintomas e podem preservar o futuro reprodutivo da paciente.

  1. 6. A endometriose é uma doença de mulheres mais velhas.

Mitos. A média de idade das mulheres diagnosticadas com a doença é de 27 anos, mas a doença também ocorre em adolescentes já nos primeiros ciclos. É importante que a paciente sempre busque ajuda quando apresentar os primeiros sintomas para iniciar o tratamento o mais breve possível.

  1. O tratamento sempre inclui cirurgia.

O tratamento é personalizado, de acordo com cada situação. Na maioria dos casos, a indicação está no uso de medicamentos, como hormônios, analgésicos e anti-inflamatórios) e na mudança do estilo de vida (alimentação, sono, exercícios físicos, meditação). Apenas em situações específicas e mais graves, pode haver necessidade de cirurgia.

  1. 8. A endometriose engorda.

Mito. Algumas pacientes podem apresentar inchaço abdominal, mas a doença em si não engorda. O ganho de peso pode ser um efeito colateral resultante do tratamento hormonal. Se isso ocorrer, é importante conversar com o médico.

  1. Endometriose é sinônimo de infertilidade.

Mito. Apesar de 40% das mulheres portadoras da doença apresentarem alguma dificuldade para engravidar, a endometriose não deve ser encarada como sinônimo de infertilidade. Para as pacientes inférteis devido à endometriose, existem as possibilidades do tratamento clínico e cirúrgico associado às técnicas de reprodução assistida para uma possível gravidez.

  1. Mulheres portadoras de endometriose que conseguem engravidar podem ter gestações de risco.

Verdade. A condição do endométrio impacta no desenvolvimento da placenta, aumentando as chances de parto prematuro e a placenta prévia.

  1. 11. A dieta pode influenciar nos sintomas e no tratamento da doença.

Verdade. A nutrição é uma grande aliada no controle dos sintomas da endometriose. Recomendamos uma dieta anti-inflamatória, rica em gorduras de boa qualidade (óleo de peixe e ômega-3); frutas, ricas em vitaminas C e E e vitamina D. Carnes vermelhas, embutidos e alimentos industrializados ultraprocessados devem ser evitados, pois acarretam estresse oxidativo e aumento de hormônios como testosterona e estradiol, influenciando no agravamento da inflamação e da dor.

  1. É possível ter uma vida normal com endometriose.

Verdade. Cada vez mais os cuidados multidisciplinares, que envolvem as diversas especialidades da medicina, bem como as áreas de nutrição, fisioterapia, psicologia e terapias complementares são capazes de oferecer apoio às pacientes portadoras de endometriose. Com o acompanhamento de profissionais de saúde capacitados, a mulher consegue ter uma boa qualidade de vida.

 

Março Amarelo: SBE e Elas

Data: 10 e 11/3

Local: São Paulo, Baixada Santista, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Manaus e Aparecida de Goiânia

Inscrição: https://materiais.sbendometriose.com.br/sbe-e-elas-marco-amarelo

Valor: Gratuito


Dra. Helizabet Salomão Abdalla Ayroza Ribeiro - Médica ginecologista com 30 anos de experiência em Ginecologia, Dra. Helizabet assumiu a presidência da SBE para a gestão que vai de 2023 até 2025. Possui mestrado e doutorado pela Santa Casa de São Paulo, é professora, membro da comissão científica e médica atuante na Santa Casa de São Paulo. Também coordena projetos direcionados para o diagnóstico e o tratamento da endometriose, além do ensino sobre a doença para profissionais de saúde.


Março Roxo: especialista esclarece mitos e verdades sobre a Epilepsia

Estresse é um dos fatores que mais desencadeia a crise

 

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a epilepsia atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, sendo aproximadamente 2 milhões de pessoas no Brasil.  Apesar de atingir a vida de muita gente, ainda é uma doença em que a maior parte da população tem pouco conhecimento, fazendo com que quem convive com ela passe por grandes desafios, devido à falta de informação. Isto mostra a importância do “Março Roxo”, mês voltado para a conscientização da epilepsia. 

As causas da doença são variadas, podendo ser genética, estrutural, metabólica, infecciosa, imunológica ou até mesmo de causa indeterminada.

Além da busca por novos tratamentos, ainda é preciso esclarecer a população sobre os sintomas e diagnóstico, pois existe muito preconceito e estigmas envolvendo questões sociais e psicológicas.

A neurologista e neurofisiologista, Dra. Natália Longo, vai ajudar a esclarecer alguns dos mitos e verdades sobre a epilepsia. Veja abaixo.

 Quando uma pessoa estiver tendo uma crise convulsiva, devo segurar os braços e a língua dela?

MITO. Nessa situação o ideal é você proteger a cabeça do paciente e colocá-lo deitado de lado, pois isso irá facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômitos.

Não tente impedir os movimentos, não introduza qualquer objeto na boca da pessoa e não ofereça nenhum alimento ou bebida para ela, pois isto pode causar acidentes tanto para a pessoa que está tendo a crise, quanto para a pessoa que está tentando ajudar. 


O estresse emocional pode levar a pessoa a ter uma crise de epilepsia?

VERDADE. O estresse é um dos principais fatores que desencadeiam uma crise epiléptica. Outros fatores muito comuns são a privação de sono, ficar muito tempo sem comer ou dietas radicais que podem levar a alterações metabólicas como hipoglicemia (baixa de glicose no organismo) e/ou hiponatremia (baixa de sódio no organismo).

 

Toda convulsão é epilepsia?

MITO. Qualquer pessoa pode ter uma crise convulsiva, pelo menos uma vez na vida e não ser epiléptica. Geralmente, estas pessoas apresentam crise durante um quadro infeccioso, ou uma alteração metabólica, ou até mesmo durante um trauma na cabeça. Neste caso chamamos isto de crise convulsiva sintomática. 

 

Epilepsia é uma doença mental?

MITO. A epilepsia é uma doença neurológica com causa geralmente muito bem definida (estrutural, genética, infecciosa e outras), fazendo com que o paciente apresente crise epiléptica quando há alteração na passagem de informação entre os neurônios. As doenças mentais são de natureza psiquiátrica, e geralmente não causam lesões estruturais no cérebro.



Dra. Natália Longo – médica neurologista e neurofisiologista graduada em medicina pela Universidade Federal do Pará. Residência médica de neurologia clínica na Santa Casa de São Paulo. Título de especialista em Neurofisiologia pela Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC). Fellowship no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) em neurofisiologia com ênfase em epilepsia, eletroencefalograma e videoeletroencefalograma.
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Alterações na Lei do Planejamento Familiar, um novo olhar sobre os métodos contraceptivos e os direitos da mulher

Principais diretrizes se darão na questão de métodos contraceptivos e condições para esterilização

 

A Lei 14.443/2022 entra em vigor a partir de março deste ano e tem como objetivo alterar a Lei do Planejamento Familiar, passando a determinar, entre outras coisas, um prazo máximo para o fornecimento de métodos contraceptivos (com exceção da esterilização) e disciplinar novas condições para a realização da esterilização. Uma pessoa, por exemplo, terá até 30 dias para solicitar, pelo SUS, a implantação de um Dispositivo Intrauterino - DIU, e tê-lo implantado. A redação antiga não estipulava prazo.

No que tange à esterilização voluntária, a primeira das mudanças se dá quanto à redução da idade mínima para o procedimento, passando de 25 para 21 anos. “Ainda não é o ideal, visto que a capacidade civil se inicia aos 18 anos, mas já é um passo para que no futuro qualquer pessoa com mais de 18 anos possa decidir sobre a sua reprodução”, avalia Manoela Ribeiro, advogada especializada na área de saúde do Rosenbaum Advogados.

Outra importante mudança diz respeito à revogação do dispositivo que impunha a necessidade de consentimento do cônjuge/companheiro para realização da esterilização. “Esta mudança é um avanço enorme para os direitos da mulher, visto que, finalmente, retirou a possibilidade de o cônjuge/companheiro regular a reprodução da mulher”, diz Ribeiro.

Por fim, a última das alterações trazida foi a permissão para que a esterilização fosse realizada concomitantemente ao parto. Para a especialista, “essas mudanças têm um impacto significativo na vida das mulheres, ajudando a prevenir gravidezes não planejadas e permitindo que elas possam tomar decisões conscientes sobre sua saúde e futuro reprodutivo”.

Vale dizer que o Direito ao Planejamento Familiar, que engloba o acesso aos métodos contraceptivos, é um direito fundamental de todos os cidadãos, garantido pelo artigo 226, §7 da Constituição Federal Brasileira e a Lei 9.263/96 visa garantir que homens e mulheres possam escolher se e quando ter filhos, visando assegurar o acesso a todos os métodos contraceptivos permitidos no Brasil e, em especial, regular o acesso à vasectomia e laqueadura.

Para a especialista, “o que verificamos com frequência é que as mulheres enfrentam obstáculos monumentais para conseguir o acesso ao DIU e à esterilização. Um dos principais responsáveis por essa dificuldade exacerbada é o artigo 10° da Lei do Planejamento Familiar, que trata, especificamente, dos requisitos para a esterilização voluntária”.

O primeiro requisito é quanto à idade mínima de 25 anos para a realização da esterilização. “Este requisito viola o instituto da capacidade civil plena, previsto no Código Civil, que estabelece que a capacidade civil é adquirida plenamente aos 18 anos. Se com 18 anos somos capazes de dirigir, beber, eleger nossos representantes governamentais, por qual motivo não seríamos capazes de decidir sobre a nossa reprodução ou não reprodução?”, afirma.

O segundo é requisito alternativo quanto à existência de dois filhos vivos. Ou seja, uma pessoa de 20 anos e com dois filhos vivos poderia realizar a esterilização voluntária, ao passo de que uma pessoa de 23 anos e sem filhos não poderia. “Este requisito apresenta alguns problemas, o primeiro é que não há nenhum embasamento científico que explique a escolha deste número como sendo o ideal de filhos para seres humanos. O segundo, é que dilacera o princípio da isonomia que prevê a validade e eficácia às leis sem distinções. Além disso, cria uma segregação populacional absurda, visto que coloca diversas situações diferentes em grau de paridade, tais como: pessoa de 23 anos e sem filhos; pessoa de 20 anos e com um filho, e pessoa de 26 anos, com um filho, mas sem autorização do cônjuge/companheiro”.

O terceiro e último requisito é quanto à necessidade de consentimento do cônjuge ou companheiro. O que não se percebe é que este requisito viola patentemente a Lei Maria da Penha, Lei 11.340/2006, que em seu artigo 7º elenca as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, dentre elas destacamos o inciso III:

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos

Ou seja, a Lei do Planejamento Familiar encontra-se em desacordo com o resto da legislação pátria, de forma que permite a prática de um ato de violência doméstica e familiar contra a mulher sem que haja nenhum tipo de punição.

A dificuldade de acesso aos métodos contraceptivos, seja pela negativa dos profissionais de saúde, seja pela falta de disponibilização deles na rede pública, geram um impacto significativo na vida das mulheres, colocando-as em uma situação em que ficam sujeitas à gravidez não planejada.

 

Legalização do aborto

Atualmente, existe um debate acalorado sobre a legalização do aborto. Sobre o tema, a especialista explica que, “uma pessoa quase não consegue pegar preservativos de forma gratuita no SUS, pois em vários lugares estão em falta. Também, uma mulher não consegue a implantação de um DIU pelo fato de a fila do SUS estar muito longa. Como se espera que neste cenário seja possível a realização de um aborto seguro?”

Segundo Ribeiro, a questão da saúde da mulher não se limita aos grandes e graves problemas do SUS. “Médicos e demais profissionais da saúde, que atuam no setor privado e credenciados a planos de saúde, estão constantemente negando acesso aos métodos contraceptivos para as mulheres. O motivo dessas negativas é incerto (não sabe fazer, não tem especialização ou "por questões éticas", como dizer que a paciente é nova e pode se arrepender depois), mas com certeza, tem como fundo a ignorância sobre os direitos reprodutivos da mulher”, alerta.

“É preciso, em primeiro lugar, garantir o acesso da população aos métodos contraceptivos adequados e à informação, para que as pessoas possam conscientemente fazer uma escolha inteligente sobre que método mais se adequa às suas necessidades. O acesso aos contraceptivos é uma parte fundamental da saúde reprodutiva das mulheres e deve ser tratado como tal“.


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