A Inteligência Artificial (AI) tem evoluído de
forma considerável nos últimos anos. Atualmente, já podemos encontrar a AI
sendo aplicada em praticamente todos os setores da economia, impactando o
consumidor final de diversas formas. Na área da saúde não é diferente: a
tecnologia já é capaz de gerenciar dados de pacientes, auxiliar no diagnóstico
e tratar doenças com mais precisão e agilidade, assistir na realização de
cirurgias, entre muitos outros usos.
A utilização da tecnologia na saúde apresentou um
salto ainda maior desde o início da pandemia de Covid-19, quando diversas
empresas reinventaram seus processos, passando a atuar de maneira digital.
Segundo o Mapeamento Healthtech 2022, realizado pela Associação
Brasileira de Startups (ABStartups) e pela consultoria Deloitte, o setor
está em crescimento constante desde 2019, com novas healthtechs sendo criadas e
diferentes tecnologias lançadas no mercado. Para se ter uma ideia, o estudo
apontou que os investimentos nas startups de saúde mais do que dobraram desde
2017, atingindo 1,5 bilhão de dólares em 2020.
Um dos setores de maior evolução nesse segmento é o
oftalmológico, com a implementação de novos procedimentos e tratamentos,
acompanhando os avanços da tecnologia. Nos últimos anos, a indústria criou e lançou
técnicas envolvendo luzes terapêuticas, terapia genética e tratamentos
combinados capazes de mitigar os efeitos de doenças como câncer, cegueira,
degeneração macular, catarata e glaucoma. Recentemente, um estudo teve grande repercussão
ao utilizar colágeno de porco para restaurar a visão de pessoas cegas,
acometidas por uma doença degenerativa conhecida como ceratocone. Outra
novidade mais recente é a lente de contato capaz de tratar diferentes doenças
oculares com o uso de microagulhas, tão pequenas que não causam desconforto ou
irritação aos olhos do usuário. O projeto, ainda em fase de testes, tem grande
potencial para revolucionar a indústria óptica nos próximos anos.
Para além da Medicina em si, a Inteligência
Artificial também já vem se fazendo presente no varejo óptico, com diferentes players
procurando reinventar seus processos, adaptando o modelo tradicional de
atendimento e passando a atuar por meio de canais diversos. Dessa forma, a
interação em tempo real via aplicativos de mensagens, chats com humanos,
chatbots e assistentes de voz virou uma tendência no setor. A evolução
tecnológica também é notável no desenvolvimento de novos produtos e materiais,
que proporcionem mais qualidade de vida às pessoas com diferentes distúrbios
oculares, sobretudo àquelas com casos complexos e que demandam mais cuidados.
Para quem possui alguma ametropia – miopia, hipermetropia, astigmatismo ou
presbiopia – e faz o uso contínuo de óculos, o mercado já desenvolveu soluções
como lentes ultrafinas capazes de minimizar a distorção causada pelas lentes
aos olhos do usuário, como o conhecido efeito “fundo de garrafa”, além de
novidades no setor de armações, com tecnologia capaz de analisar o formato do
rosto do usuário e indicar as melhores opções individuais, além de materiais
mais resistentes e duráveis.
No cenário tecnológico mundial, novas descobertas
envolvendo a IA surgem a cada dia, de modo que este tema é uma das grandes
apostas do mercado para o ano de 2023. De acordo com um estudo recente,
encomendado pela Microsoft, até 2030, a IA deve impactar um crescimento de 4,2%
no PIB brasileiro. Outras pesquisas, como a realizada pela consultoria PWC,
indicam que essa tecnologia deve contribuir com cerca de US$16 trilhões para a
economia mundial até o mesmo ano. Um exemplo prático que vem impactando o
mercado é o recém-lançado ChatGPT, modelo generativo de IA em linguagem
natural, criado para responder a perguntas e gerar textos de forma
coerente e autônoma. E não deve demorar muito para que novas ferramentas
similares sejam integradas aos cuidados com a saúde ocular, na área clínica ou
no varejo.
Ainda para este ano, outras tecnologias estão no
radar de instituições de saúde, como: o uso de dados em seus processos –
integrando informações de pacientes e facilitando a gestão do tratamento –; a
ampliação do 5G; a evolução da Internet das Coisas (IoT); e a melhoria de
ofertas para atendimento e tratamento remoto. Com isso, é possível perceber
que, apesar da indústria e do varejo de saúde focados no segmento de
oftalmologia ainda não estarem 100% digitalizados, o mercado vem apresentando
continuamente novas soluções, que devem ser encaradas com seriedade e
utilizadas a fim de proporcionar acesso à saúde e mais qualidade de vida a
todos.
Makoto Ikegame -
CEO e fundador da Lenscope
Nenhum comentário:
Postar um comentário