Desde o boom das construtechs em 2018 até hoje, a procura por digitalizar processos só cresce. Com a pandemia, o mercado se viu obrigado a abrir mão de métodos tradicionais e buscar novas formas de construir que dependessem menos do convívio presencial e de processos analógicos. Foi aí que a palavra "digitalização" explodiu nas buscas no Google.
Mas será que é isso mesmo que
a construtora precisa?
Digitalização e digitização são termos parecidos,
mas, na verdade, digitalizar é a conversão de um objeto físico para digital,
como ao tirar uma foto do passaporte ou escanear a página de um livro. O que
fazemos com esse arquivo? Nada ou muito pouco! Geralmente, ele vai parar em uma
pasta no computador na qual logo o esquecemos dentre os milhões de outros
arquivos acumulados ao longo dos anos. Sempre que for preciso encontrar a
informação ela estará encapsulada, sem indexadores que facilitem o uso dos
dados contidos no arquivo.
A digitização é um fenômeno tecnológico
contemporâneo. Diz respeito à transformação do negócio em um modelo digital,
pautado pelas novas demandas e comportamentos dos consumidores. Fica então
claro que a resposta para quem precisa de dados para tomar melhores decisões ou
mesmo para desenvolver com mais clareza seus processos não é digitalizar mas
sim DIGITIZAR.
Em um mundo digitizado um arquivo nasce, é
modificado e consumido sempre em ambientes digitais, além de ter seus metadados
disponíveis para serem explorados de várias maneiras, inclusive gerando novos
dados não detalhados no arquivo original.
Como funciona a digitização de
uma construtora?
Ao optar pela digitização, a construtora ou
incorporadora passará por mudanças profundas e precisará se adequar ao meio
digital - o que deve implicar em significativas transformações na forma de
pensar seus processos e adaptações na infraestrutura. A boa notícia é que já é
possível criar empresas totalmente digitais. Afinal, existem plataformas que
permitem o funcionamento inteligente e virtual, desde a criação e organização
de documentos, contato com o cliente e até recebimentos.
Esse modelo de negócio mostrou resultados bastante
interessantes em outros mercados. Empresas de locação de espaços em que os hóspedes
fazem seu check-in sem a necessidade de um humano para recebê-los, ou locadoras
de carros que espalham seus carros na cidade e o sistema faz toda a gestão de
veículos - isso quando possuem veículos - esses são apenas alguns dos exemplos
mais conhecidos, o fato é que o grande valor está na experiência.
Na construção, estamos em um momento mais
embrionário, mas muito está sendo feito e as construtoras que entenderam isso
saíram na frente. Scaleups, como a ConstructIn, tornam possível acompanhar
obras sem sair de casa com imagens 360°. Já com a ConstruCode, projetistas e
coordenadores de projetos erguem um prédio sem a dependência da interação
física para lidar com projetos, aliás, os projetos nem precisam ser impressos
já que podem ser consumidos através do QR CODE locado em cada pavimento. São
exemplos que mostram que as coisas estão mudando rapidamente.
Antes de mergulhar em digitização de processos,
alguns passos são fundamentais:
Planejamento: entender qual o status atual da empresa, objetivos e ações necessárias
para atingir essas metas.
Equipe: preparar a equipe para a transformação digital, com treinamentos sobre
novos processos e tecnologias.
Engajamento da alta gerência: a alta gerência deve se inteirar sobre plataformas digitais e como
elas podem facilitar as atividades do dia a dia, pois é dela que deve partir o
comando para inovar.
Segurança: escolher parceiros de negócios confiáveis, com plataformas seguras e
validadas. Se uma plataforma ainda não tem uma quantidade mínima de clientes, a
atenção deve ser redobrada, pois as obras podem se tornar um laboratório de
testes.
O que posso esperar ao
investir em digitização?
E não dá para falar em digitização sem abordar a
transformação digital - o processo de aproveitar as inovações tecnológicas para
acelerar os negócios. O principal retorno da transformação digital é o uso
prático de inovação tecnológica como diferencial para a evolução da empresa. Os
resultados são: eficiência com a melhoria de processos internos; retorno
financeiro, com o fim das tarefas repetitivas e falhas operacionais;
posicionamento de marca, com um upgrade da imagem da empresa perante clientes e
parceiros; valor agregado, com vantagem competitiva aos produtos e serviços.
Pela minha experiência, afirmo que, apesar de ser
inicialmente complexa, a transformação digital é uma jornada sem volta por
agregar na redução de infraestrutura física, agilidade nos processos e redução
de custos. Além disso, a comunicação em diversos pontos da cadeia de relações
se torna muito mais simples, palavra-chave para qualquer construtora.
Diego Mendes - CEO e
co-founder da ConstruCode. Analista de Sistemas pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e Engenheiro Civil pela UniJorge, com MBA em
Economia e Gestão Empresarial pela mesma Universidade, possui mais de dez anos
de experiência na área, com passagens pela Larco Petróleo, Prodenge Engenharia.
Diego foi eleito Personalidade da Tecnologia em 2019 pelo Sindicato dos
Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP-SP) e recebeu o Prêmio Tecnologia e
Inovação do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA).