Em 7 de março comemorou-se o mahasamadhi (a última vez que um
mestre divinamente iluminado, por ocasião da morte, abandona o corpo
conscientemente) de Paramahansa Yogananda.
Isso aconteceu, de forma singela, depois dele declamar o poema
“Minha Índia” a convidados que recepcionavam – em um jantar – o embaixador do
país oriental nos Estados Unidos.
Yogananda já havia comunicado a seus
discípulos que a hora de deixar o corpo estava próxima. Na ocasião, Sri Daya
Mata, que assumiria a presidência da Self-Realization Fellowship depois de
alguns anos – e onde permaneceu por mais de meio século – o havia questionado
sobre como poderia dar continuidade à obra sem a presença física do mestre. Ele
respondeu;
“Lembre-se disto: quando
eu me for, só o amor poderá ocupar meu lugar. Embriague-se dia e noite com o
amor de Deus e ofereça esse amor a todos.”.
último retrato do Mestre Paramahansa
Yogananda antes do Mahasamadhi
Poema “Minha Índia”
*Por Paramahansa Yogananda
Não onde se evola o almiscar da fortuna,
Nem onde jamais andaram a escuridão e o medo;
Nem nas mansões de perpétuos sorrisos,
Nem no céu de uma terra florescente eu nasceria,
Se uma vez mais tivesse de tomar as vestes mortais;
Mesmo que a temível fome rondasse e me lacerasse a carne,
Mesmo assim gostaria de voltar ao meu Hindustão.
Em hordas rapinantes,
Poderiam as doenças tentar arrebatar a fugaz saúde do corpo
E nuvens fatídicas despejar gotas cadentes de tristeza,
Ainda assim, lá na Índia gostaria de renascer.
É este amor um cego sentimento alheio aos ditames do bom-senso?
Ah, não! Amo a Índia!
Pois foi lá que, primeiro, aprendi a amar a Deus e a todas as
coisas belas.
Alguns ensinam a agarrar a vida
– efêmera gota de orvalho a resvelar na folha de lótus do tempo;
Constroem-se obstinadas esperanças em torno da dourada e frágil
gota corpórea.
Mas a Índia me ensinou a amar a alma da imortal beleza do
orvalho e da gota
Não suas débeis molduras.
Seus sábios me ensinaram a encontrar meu Ser,
Sepultado nas acumuladas cinzas de encarnações imersas na
ignorância.
Cruzando muitas terras poderosas, terras de abundância e
conhecimento,
Minha alma, às vezes assumindo vestes orientais, às vezes
ocidentais
Empreendeu longas e distantes jornadas em busca de si mesma
Para, afinal, encontrar-se na Índia.
Mesmo que fogos mortais devastassem suas casas e seus dourados
arrozais,
Para dormir sobre suas cinzas e sonhar com a imortalidade,
Oh Índia! Aí hei de estar.
As armas da ciência e da matéria estrugiram em suas praias,
No entanto, ela é indômita.
Eternamente livre é sua alma!
Seus santos soldados se vão
A dispersar, com o raio da realização,
Os bandoleiros do ódio, do preconceito e do egoísmo patriótico;
Vão incendiar as negras muralhas que separam os filhos do Uno, o
Pai Imutável.
Com o poder material, os irmãos ocidentais conquistaram minha
terra;
Soprai, soprai alto todas as suas trompas!
Agora a Índia os invade com amor, para lhes conquistar as almas.
Mais do que o céu ou a Arcádia eu te amo, oh minha Índia!
E darei o teu amor a toda nação irmã existente.
Deus criou a terra;
O homem criou os países confinantes e suas imaginárias e frias
fronteiras.
Mas com o insólito e ilimitado amor
Vejo as fronteiras de minha índia se expandirem no mundo.
Salve Mãe das religiões, dos lótus, das formosas paisagens e dos
sábios!
Teus amplos portais estão abertos
Para saudar os reais filhos de Deus e de todas as eras.
Onde o Ganges, as florestas, as cavernas do Himalaia e os homens
sonham com Deus
Sou abençoado, meu corpo tocou esse solo.
Gratidão a esse grande mestre por seu
legado de Amor!
Namastê,
Yuri Branco - Gestor da Omnisciência – Editora e Livraria da
Cultura da Paz