Muito comum hoje encontrar jovens de idades
variadas que não têm uma ocupação. Eles fazem parte da geração conhecida como
nem-nem, composta por pessoas que não estudam, não trabalham, e sequer estão
procurando emprego. Mas poucos se atentam à conjunção de fatores óbvios que
contribuiu para formar esse exército de desocupados que tanto preocupa o país e
o mundo.
Pra começar, em época de redes sociais, onde todo
mundo se sente na obrigação de estar e parecer feliz, a busca pela aprovação e
recompensa imediata, em forma de likes e comentários, tornou-se foco de muitas
dessas pessoas. Mas a vida real não funciona assim. Nela, a recompensa e a
aprovação são resultados de muito esforço, dedicação e, ainda assim, muitas
vezes o resultado não vem. Quem não está preparado para isso, acaba frustrado
e, claro, desmotivado.
O enriquecimento da população, por mais incrível
que possa soar aos ouvidos, também foi um fator determinante para o surgimento
dessa geração. Isso mesmo! A humanidade sempre foi pobre, então não tinha muita
opção: ou a pessoa trabalhava, ou não comia. O capitalismo gerou a queda
abrupta dos preços de vários itens e o aumento da renda das famílias. Isso tudo
deixa muito fácil ficar na tranquilidade da casa dos pais, no ar-condicionado,
com acesso à internet e ... pagando muito pouco, ou nada, por isso!
Também é comum em muitas famílias com alto poder
aquisitivo de hoje em dia, a terceirização da educação dos filhos. Se não para
a escola, para a babá, sendo que a primeira tem a função de ensinar, e a
segunda, por mais competente que seja, está ali cumprindo um trabalho
remunerado, que não inclui a preocupação com a orientação da criança para
enfrentar a vida.
Podemos aproveitar essa comparação com a realidade
de alguns anos atrás para falar de outra questão: a previdência. Há uns 20 ou
30 anos, os pais cuidavam dos filhos e sabiam que os filhos iam cuidar deles no
fim da vida, de alguma maneira. E os mesmos pais cuidavam de seus pais, pra
servir de exemplo para os filhos. Hoje, em última instância, graças ao sistema
previdenciário, quem vai cuidar desses pais é o filho dos outros. O sistema
previdenciário tira da sua mão a responsabilidade, e coloca na mão dos outros.
As consequências dessas situações, nos mostram a
importância de se ter um propósito na vida. Na grande maioria das vezes, a
escassez de recursos e de oportunidades faz com que as pessoas cresçam e evoluam.
Por mais rica que a pessoa seja, se não tiver um objetivo, ela vai estar
infeliz e desmotivada. É muito importante que os pais das novas gerações que
estão surgindo agora tomem o triste exemplo dessa geração como uma bela lição.
Não sou contra o capitalismo,
enriquecimento da população, facilidades. Acho tudo isso fantástico, mas vai
aqui um recado para os pais: É mais cômodo deixar as crianças dentro de casa,
longe do risco, não ter que se chatear brigando para que eles corram atrás do
que querem, do que entrar em conflito diário depois de um dia exaustivo de
trabalho, mas a segunda alternativa vale a pena. Não ensine seus filhos que o
mundo tem o dever de fazê-lo feliz, deixa ele se machucar, arrumar briga e se
defender, pare de impedir que seu filho viva.
Mateus
Baumer Azevedo - atua na área de Tecnologia, com foco em
Inteligência Artificial, há dez anos. Tem uma visão de mundo praxeológica
(estudo das ações humanas), que é a base epistemológica da escola austríaca de
economia, cuja base é o individualismo metodológico. Defensor ferrenho da
liberdade como princípio mais valioso de uma sociedade, Mateus acredita na
evolução tecnológica como a principal ferramenta pela qual as pessoas poderão
promover profundas transformações na sociedade. Atualmente, é diretor de marketing e vendas da Bluelab,
empresa que desenvolve robôs complexos de chat e de voz para a área de
atendimento ao cliente de grandes companhias do país, pois sabe que redução de
custo e aumento de produtividade geram riqueza social, único caminho para
erradicação da miséria
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