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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Colaboração Produtiva: POR QUE O SUPER-HERÓI PRECISA DA LIGA DA JUSTIÇA?



Você já deve ter percebido que, nos filmes de super-heróis, agora, eles são postos em times, o formato ‘liga da justiça’. Com os problemas mais complexos e os desafios cada vez mais incertos, os talentos individuais precisam ser combinados na hora de enfrentar os problemas. Portanto o super-herói precisa do seu time. Você já reparou que estamos como pessoas, profissionais e sociedade enfrentando a mesma situação?

Na busca por explorar as habilidades e potencialidades individuais, surgem os movimentos colaborativos. Um exemplo simples se passou comigo: os pais da escola de meu filho estavam reclamando de como os livros estavam ficando mais caros e um deles propôs que fizéssemos uma feira de livros para trocar, vender e aproveitar melhor os livros de nossos filhos. Bingo, uma economia de 40%. Depois, soube que, em vários lugares, outras iniciativas iguais estavam ocorrendo. Sem falar em lojas colaborativas, onde se divide espaço para diversos empreendedores apresentarem seus produtos ou os espaços de co-working que são uma realidade para quem quer trabalhar com baixo custo, e há muitos outros exemplos.

Com o intuito de reunir pessoas, potencialidades e ideias, as empresas estão procurando ambientes mais colaborativos. O tema ‘colaboração’ faz parte de uma medida internacional de saúde organizacional, empresas mais colaborativas se renovam mais rápido e logo são mais sustentáveis. Problemas mais cabeludos sendo resolvidos por times colaborativos têm sido uma premissa. Se hoje um jovem for procurar emprego, ele certamente será avaliado por sua capacidade de trabalhar junto, colaborando, e quem está empregado e não trabalha colaborativamente, está cada vez mais sob o risco ter espaço para ocupar.

Em casa, na escola e em vários ambientes, o assunto é o mesmo. Desenvolver habilidades colaborativas para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais interdependente. Tarefa difícil para pessoas que, como nós, foram criadas e têm no entorno uma sociedade que se pauta mais pela competição do que pela colaboração. Há muito para falar sobre isso e despertar para a necessidade de aprender a colaborar.

Por causa disso, começamos a pesquisar sobre colaboração produtiva. Porque não é a colaboração pela colaboração, mas aquela que nos leva a um resultado qualitativa e quantitativamente melhor. Durante um ano, dialogamos com uma série de pessoas vindas de organizações, escolas e pessoas da sociedade sobre o tema e chegamos a uma definição: “Colaboração Produtiva significa pessoas que trabalham juntas para um propósito comum, utilizando o máximo de suas potencialidades em um fluxo contínuo de aprendizagem, mantendo um envolvimento emocional durante o processo” (extraído do livro ‘Inovação: Diálogos sobre Colaboração Produtiva’).

Colaborar é diferente de ajudar. Ajudar o outro significa se doar para alguém que precisa de sua habilidade ou recurso. Colaborar também é diferente de cooperar. Cooperação ocorre quando cada um dos envolvidos faz a sua parte separadamente e, todos juntos, esperam que a combinação deles leve ao resultado. Ao colaoborar, trabalhamos juntos para um objetivo comum de forma interdependente para construirmos algo. Às vezes, tratamos tudo como uma coisa só, mas são diferentes.

A outra questão é que é necessário que a colaboração seja produtiva. Muitas pessoas relacionam ser produtivo com trabalhar mais ou fazer muito esforço para produzir em maior quantidade. Parece uma ideia que enraizada em nossa cabeça. Para vencer essa ideia equivocada, agreamos ao conceito de colaboração o valor de ser também produtiva. E isso não requer trabalhar mais ou se esforçar mais. Uma simples ideia dada em 15 minutos, por exemplo, pode nos ajudar a ganhar milhões se agregada ao ato de fazer diferente. Não podemos mais apenas fazer por fazer. Para ser produtivo, o pensar e o fazer andam juntos. O conhecimento, a análise e as ideias têm valor e devem ser estimuladas em todos.

Líderes - e quero dizer aí pais, professores, políticos, presidentes, diretores, gerentes etc. - precisam colaborar produtivamente cada vez mais como resposta aos problemas mais complexos e incertos que vivemos. Desde o nosso modelo de avaliação educacional, competições ou mesmo em nossos lares, fomos estimulados desde sempre a vencer individualmente, a sermos melhores que os outros, a concorrer para obtermos um espaço melhor para cada um e agora isso precisa ser visto como algo coletivo e não individual. Eu só posso estar bem se outros também estiverem e a forma de realizar essa façanha é juntos.





Celso Braga - Sócio-diretor. Mestre em Educação, pós-graduado em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, é qualificado como professor supervisor pela FEBRAP e Psicólogo. Fundador e diretor da Bridge Soluções em Desenvolvimento Humano e coordenador do comitê de referência em inovação aplicada no cotidiano que sustenta o prêmio “O Melhor da Inovação”. Possui 25 anos de experiência na área de desenvolvimento de lideranças em organizações, em desenvolvimento de estratégias organizacionais, planejando, planejamento estratégico, projetos educacionais, desenho de conexões entre iniciativas da educação corporativa e desenho de soluções para inovação. Palestrante internacional com atuação em conferências e universidades, autor de livros voltados para gestão organizacional ("A Jornada Ôntica – Uma perspectiva sustentável para o mundo através das organizações",  2013; "Educação para excelência", 2014;  “O Hólon da liderança – Um novo jeito para liderar”, 2015). Diretor Administrativo da Drucker Society Brazil SP vinculada a Drucker Institute em Claremont CA.






Resoluções



Minha primeira resolução de fim de ano é chegar ao fim do ano. Ou, pensando melhor: que o ano tenha um fim e que ele chegue. E nem precisa ser logo. Basta que seja minuto a minuto, hora a hora, dia a dia. Simples assim. 2017 foi um ano ímpar. Não teve como ele.  Sim, é uma redundância. Mas estou falando sério. E nisso 2017 foi igual a todos os outros anos. Não, não é um paradoxo. Nem uma charada. Apenas pense nisso.

Normalmente fazemos resoluções porque parece que a conta não fecha. A resolução de fim de ano é uma espécie de “esperem pra ver” ou “vocês não estão acreditando?” Isso tudo porque cremos que estamos em uma corrida, ou em um jogo, e as pontuações que obtivermos poderão ser trocadas ao final. Mas somente se chegarmos lá. Muito já se falou sobre esse “lá”, mas no fundo (como sabemos), “lá” é um lugar que não existe. Não é um corpo mais esguio, uma língua mais fluente, um curso de programação a mais no currículo. Não é um filho, um novo casamento, a viagem para a Índia. O lá está aqui, dentro da gente. É esse vazio que alguns mais céticos chamam de existência. Eu chamo apenas de vida.

Estamos aqui, essa é a grande verdade. E estar aqui dura por muito tempo. Tanto que nos perdemos. Não somos capazes de guardar na memória todo o tempo que estamos por aqui. Por isso, criamos uma marcação: horas, dias, meses, anos. Mas, mesmo assim, ainda é muita coisa. Então resolvemos destacar apenas alguns pontos desse tempo imenso: um dia para o aniversário; um para a mãe, outro para as crianças, um para a outra pessoa que está naquele momento com a gente. Ao longo dos 365 dias de um único ano, conseguimos ocupar uns dez, doze dias com esses eventos. O resto é uma imensa planície de minutos e horas passando entre um afazer e outro, uma série ou outra, um reality show e mais um, até mesmo uma novela, pelo menos até o fim do primeiro mês de exibição.

E então o ano vai acabando. Lembramos que ele passou e que foi longo, moroso, cansativo. Não, não! Existiram momentos maravilhosos! Aqueles dez ou doze momentos inesquecíveis. Ou foram só uns oito ou nove dessa vez? Ah, mas no ano que vem vai ser diferente, vai começar diferente, vai terminar diferente, vai ser todo ele diferente.

Evidentemente, não nos perguntamos como isso é possível, pois vivemos em um trem e a única chance de ser diferente é se ele descarrilar. No mais, nossa margem de escolha é ir para a cabine, olhar a janela ou ir para o bar tentar conversar com alguém. Ou - e é aí que quero chegar - tudo isso é só uma forma de dizer que esquecemos o mais básico e óbvio possível. Se não há necessariamente um “aí”, há, sem sombra de dúvida, um “aqui”, esse lugar e esse momento no qual me encontro. E não é a coisa mais ruim do mundo. Aliás, na categoria ruim, há centenas de situações que nem compensa começar a enumerar.

E aqui, nesse momento da minha reflexão, lembro da história contada pelo escritor americano David Foster Wallace: "dois jovens peixes estão nadando por aí e, por acaso, encontram um peixe mais velho nadando na direção contrária, que acena para eles e diz ‘Bom dia, meninos, como está a água?’ E os dois jovens peixes continuam nadando por um tempo, até que eventualmente um deles olha para o outro e fala: ‘O que diabos é água?’. É isso. É o que está aí, o tempo todo, o que eu desejo que continue. Um trem sobre os trilhos. Um avião no ar. O resto, ora, são meses e dias e horas e minutos. Começando agora!






Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica pela UFPR e professor no Curso Positivo




Condução coercitiva: do STF sai muita confusão jurídica

Um ministro do STF concedeu duas liminares no sentido de proibir a condução coercitiva de pessoas que entram na mira da Lava Jato. Meras liminares (que exprimem nada mais que a opinião de um único juiz).

O diretor-geral da Polícia Federal já aproveitou o embalo pró-impunidade reinante na nossa cleptocracia para dizer que vai seguir essas liminares, até que o Plenário da Corte resolva o assunto. Não há data para isso.

Nenhuma liminar dos ministros do STF tem efeito vinculante, ou seja, não se torna obrigatória no país. Se a Polícia não cumprir a ordem do juiz de primeiro grau, poderá ser penalmente responsabilizada. Se nada for feito contra o renitente, a Justiça se desmoraliza. A confusão jurídica está plantada.

Na Lava Jato já foram determinadas 225 conduções coercitivas. A lei sobre o assunto (Código de Processo Penal, art. 260) é clara: ela só pode ser deferida depois que a pessoa é intimada e não comparece em juízo.

Na operação Lava Jato não se promove a intimação precedente. A condução coercitiva, com isso, é decretada de forma direta. Isso é que está sendo questionado.

O STF foi imaginado para gerar estabilidade jurídica. Hoje se transformou, no entanto, em virtude das confusas e frequentemente partidarizadas decisões monocráticas dos seus ministros, em fonte de intermináveis polêmicas.

Cada vez mais nossa Corte se iguala às congêneres latino-americanas e, sobretudo, bolivarianas.

Cada ministro (isoladamente) se transformou num “mini” Supremo. Em lugar de um, temos onze Supremos. Um batendo cabeça com o outro. Sua credibilidade está em xeque.

Há três anos o tema da condução coercitiva é objeto de grande controvérsia, que pegou fogo no dia em que um ex-presidente acabou sendo levado coercitivamente para prestar esclarecimentos sobre vários supostos delitos.

Claro que o STF já deveria ter discutido isso no Plenário. Há tempos duas ações diretas foram propostas, uma do PT e outra da OAB.

O STF vai enrolando as controvérsias até onde consegue. A restrição ao foro privilegiado já estava praticamente decidida, quando houve um suspeito pedido de vista. Lógica da “embromação” (que favorece a corrupção sistêmica vigente).

Sobre a condução coercitiva o legislador também já podia ter definido o tema. Persiste, no entanto, sua omissão. Daí a interferência do Judiciário. Esse ativismo judicial quando solicitado pelas partes não deslegitima a atuação da Corte. De qualquer modo, uma simples mudança na lei resolveria tudo.

A proibição da condução coercitiva não impedirá a polícia de investigar os delitos. Mas um efeito colateral poderá ser produzido: a decretação de mais prisões temporárias. Até aqui, já foram 111 na Lava Jato. Esse número tende a aumentar significativamente se o STF pôr fim à condução coercitiva direta.






LUIZ FLÁVIO GOMES - jurista. Criador do movimento Quero Um Brasil Ético. Estou no f/luizflaviogomesoficial





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