O professor de
Economia e Empreendedorismo da IBE-FGV, Paulo Ferreira, dá dicas de como
encarar financeiramente o começo do ano
As palavras de ordem para quem quer sair do sufoco
no início de 2018 são planejamento (de contas), renegociação (de dívidas),
pesquisa (de preços) e contenção (de gastos).
A empolgação com as festas de fim de ano não pode
superar o cuidado com o planejamento das conhecidas, e temidas, contas de
início de ano. É o que diz o professor doutor em Economia da IBE-FGV, Paulo
Ferreira, que dá dicas de como encarar as contas do começo do ano.
“A lista dos famosos gastos como IPVA, IPTU,
matrículas, materiais e uniformes escolares poderá ser estendida com aumento de
água e energia, previsto para 2018, mais as contas extras do cartão de crédito
utilizado para despesas com as férias ou comemorações de Natal e Ano Novo”,
afirma ele.
A Associação Brasileira dos Fabricantes e
Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE) divulgou um acrescimento de 60% do
preço dos materiais escolares em 2017 e deve aumentar ainda mais ano que vem.
A conta de luz pesou no bolso dos consumidores e a
tendência também é continuar em alta. A arrecadação das bandeiras em 2017 não
foi suficiente para cobrir os impactos da seca que obriga as distribuidoras a
comprar energia cara, gerada pelas usinas térmicas. A previsão feita pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cobrir o custo da geração
térmica foi insuficiente e em 2018 esse custo será repassado nas tarifas.
Os carnês de IPTU distribuídos pelas prefeituras já
foram distribuídos e em quase todos os municípios brasileiros também apresentou
alta.
O alívio é pouco, mas vem do imposto de veículos.
Com a queda nos valores de carros, o IPVA para 2018 deve ficar em média 3,2%
mais baixo.
Dicas
“As pessoas devem se preparar para os gastos de
início de ano, ainda em novembro, quando recebem a primeira parcela do 13°salário.
Porém a maioria das pessoas não faz esse tipo de planejamento e depois não
enxergam uma luz no final do túnel”, explica o professor Paulo Ferreira.
Segundo ele, a melhor maneira de encarar a situação
é reunir a família e fazer um planejamento de despesas, retirando do orçamento
qualquer gasto que não seja fixo e tudo o que for supérfluo. “Gastos com
restaurantes, idas ao shopping, cafezinhos na rua, compra de vestuário, tudo
isso deve ser deixado de lado nesse momento. A prioridade é pagar as contas fundamentais”,
destaca.
O parcelamento de dívidas, o diálogo com os
credores e a pesquisa de preços são fundamentais de acordo com o especialista.
“O maior número de contas possíveis deve ser parcelado nesse início de ano. Os
pais devem conversar nas escolas dos filhos e tentar o parcelamento das
matrículas dos filhos sem juros, no maior número de parcelas possível. O
material escolar, depois de uma vasta pesquisa, também pode ser parcelado. Essa
prática faz com que o pouco dinheiro que restou estique por mais tempo”.
Para o professor da IBE-FGV, as despesas que não
devem ser, nunca, parceladas são as da fatura do famoso cartão de crédito. E
utilizar o cheque especial - nem pensar! “São os dois `nuncas´ que utilizamos
na economia. Em último caso, a melhor opção para o pagamento de dívidas é o
empréstimo consignado. É necessário fazer uma vasta pesquisa nos bancos e
verificar qual a menor tarifa de juros oferecida. É trabalhoso, mas se a pessoa
poupou o trabalho do planejamento, gastará seu tempo agora se reestruturando,”
ressalta.
“É necessário que, passado o sufoco, fique a lição
para guardar o 13° salário e fazer um planejamento para as contas de janeiro,
para não passar pela mesma situação novamente,” finaliza Ferreira.