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segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Coçar os olhos na infância pode levar ao desenvolvimento do ceratocone



Esse péssimo hábito pode até ser gostoso, mas é um verdadeiro perigo para a saúde dos olhos. A fricção continua dos olhos, com o passar do tempo, pode levar ao desenvolvimento do ceratocone, uma doença degenerativa que atinge a córnea, que se deforma e ganha um formato de cone, daí o nome “ceratocone”. A forma cônica da córnea leva ao astigmatismo irregular, com grande impacto da acuidade visual.

A deformação da córnea leva à dificuldade de focar as imagens, levando aos principais sintomas do ceratocone: visão embaçada e distorcida. Para quem sofre com a doença, ler ou reconhecer pessoas pode ser uma missão quase impossível. Porém, na fase inicial, o ceratocone pode passar despercebido e ser diagnosticado como miopia ou astigmatismo, de acordo com a oftalmologista pediátrica e neuroftalmologista, Dra. Marcela Barreira.

“A prevalência estimada do ceratocone é de aproximadamente 50 a 230 casos a cada 100 mil habitantes. Embora relativamente rara, o ceratocone é uma doença de longa duração que se inicia na pré-adolescência. Há um impacto importante na visão e, consequentemente, na qualidade de vida do paciente”, diz a oftalmologista.

Origem ligada à fricção contínua dos olhos
“Um dos fatores mais importantes na origem do ceratocone é a frequente fricção dos olhos (ato de coçar os olhos). Este hábito gera traumas repetitivos que resulta em alterações expressivas na córnea”, comenta Dra. Marcela. Acredita-se que coçar os olhos regularmente pode liberar substâncias inflamatórias que alteram o colágeno da córnea, levando à deformação.

“A prevalência de doenças alérgicas como a asma, eczema e alergia ocular é maior em pacientes com ceratocone. Por isso, pais de crianças alérgicas devem ficar atentos, já que nessa população o ato de coçar os olhos é comum e frequente. Também há uma ligação importante entre a síndrome de Down e o ceratocone”, diz a médica.


Correção de grau contínua chama atenção
 
O grande problema do ceratocone é que nos estágios precoces os sintomas são os mesmos de qualquer outro erro refrativo, como miopia, astigmatismo e hipermetropia. O que pode ser interpretado como um sinal de alerta é a necessidade frequente de correção do grau ou ainda a diminuição da tolerância do uso de lentes de contato.

“Nos estágios iniciais, se o médico não solicitar exames específicos, como a topografia de córnea, não é possível fazer o diagnóstico. Mas, com o passar do tempo, o astigmatismo se torna irregular (formato da córnea é muito desigual), sendo, portanto, um forte indício da presença do ceratocone”, diz Dra. Marcela.

Quando o ceratocone é clinicamente evidente, há diminuição importante da acuidade visual, tanto para perto quanto para longe, associado à miopia e/ou astigmatismo, sensibilidade à luz (fotobobia), cansaço visual, coceira, irritação e desconforto ocular. Alguns pacientes podem ainda ter visão dupla (diplopia), poliopia (percepção de várias imagens de um mesmo objeto), além de feixes de luz e distorção dos reflexos em volta da luz.


Dos óculos à cirurgia
 
A doença costuma progredir por aproximadamente seis anos. Quando a córnea já está bastante deformada, apenas o transplante de córnea é capaz de recuperar a visão. Porém, antes do transplante, são usadas algumas técnicas para diminuir a progressão da doença ou estabilizar a curvatura da córnea, como o cross-linking.

“O cross-linking é um tratamento pouco invasivo e seguro, que se baseia no uso de gotas de riboflavina, um dos tipos de vitamina B. A riboflavina é pingada nos olhos, para, depois, ser usado um feixe de luz UV”, explica Dra. Marcela.  O ultravioleta promove a ligação da vitamina com o colágeno da córnea, fortalecendo-a. Com isso, consegue-se fixar a córnea no formato em que ela se encontra naquele momento.


Prevenir é sempre melhor
 
“Além de levar a criança para uma avaliação com um oftalmopediatra, os pais devem ficar de olho nos maus hábitos. Coçar os olhos pode levar ao ceratocone, assim como a outros problemas oculares. Nem crianças nem adultos devem fazer isso. Outro ponto é monitorar as crianças alérgicas e que apresentam quadros crônicos de alergia ocular”, alerta a especialista.

Quanto a hereditariedade, os estudos mostram que apenas 10% dos casos são hereditários. Portanto, pais com ceratocone também devem consultar um oftalmologista pediátrico para avaliar a criança.






A ação da vacina contra dengue dentro do organismo



O passo-a-passo da ativação do sistema imunológico para proteção contra a doença


Fomos acostumados a buscar maneiras de tratar uma doença depois que ela já está presente em nosso organismo. Para muitas pessoas, é difícil pensar em prevenção - talvez porque não entendam a maneira que mecanismos de precaução, como as vacinas, são capazes de nos proteger. Por isso, gostaria de sugerir uma pauta que mostre como uma vacina age dentro do nosso corpo.

Um exemplo é a vacina contra dengue. A imunização completa acontece depois de aplicadas três doses, com intervalos de seis meses entre cada uma, completando um ano da primeira até a última dose1. A partir da primeira aplicação, a vacina já oferece proteção, mas é fundamental receber as três doses para garantir que a imunização seja adequada para todos os sorotipos de dengue2. Por isso é importante aproveitar esta época do ano, em que a circulação dos vírus da doença – transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti – está menor, já que o inverno é o que podemos chamar de “baixa temporada”, pois a proliferação do mosquito transmissor é maior quando as temperaturas estão elevadas.
                                                                                                                                                    
A vacina contra dengue é um imunizante recombinante tetravalente, isto é, oferece proteção para os quatro sorotipos existentes da doença – tipos 1, 2, 3 e 4, produzida com vírus vivo atenuado1. Uma vez no corpo, ativa o sistema imunológico e a produção de anticorpos1. Na prática, o sistema imunológico é ativado em etapas3:

1.   As células dendríticas (glóbulos brancos ou leucócitos) capturam e transportam as cepas da vacina (os quatro sorotipos vivos, porém atenuados) por meio dos vasos linfáticos para os gânglios linfáticos3.

2.   Nos gânglios linfáticos, as células T, leucócitos responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos(ou antígenos) são ativados e, em seguida, acionam as células B, outro tipo de glóbulos brancos. Ao se multiplicarem, as células B produzem os anticorpos contra cada um dos 4 vírus da dengue, inseridos no organismo pela vacina3.

3.   Os anticorpos contra os quatro tipos de vírus da dengue são disseminados em todo o corpo por meio da corrente sanguínea3. Quando um mosquito infectado pica alguém que já foi vacinado, o vírus que entra no corpo é reconhecido pelo sistema imunológico3. Os anticorpos específicos (gerados pela vacina) podem atuar neutralizando o vírus, que é bloqueado pelo próprio sistema imunológico da pessoa3.

No Youtube, você pode acessar um vídeo que mostra por meio de animações gráficas como estas etapas acontecem.


Mais informações sobre a vacina

Produzida pela Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da Sanofi, é indicada para pessoas de 9 a 45 anos de idade que vivem em áreas endêmicas, e oferece proteção contra os quatro sorotipos existentes da doença (tipos 1, 2, 3 e 4), produzida com vírus vivo atenuado e possui em sua estrutura o vírus vacinal da febre amarela1.

Aprovada pela ANVISA no Brasil, em dezembro de 2015, a vacina chega como uma adicional ferramenta de saúde pública para contribuir, junto com as estratégias e educação e controle do vetor transmissor, o mosquito Aedes Aegypti4. Pode ajudar na redução dos gastos com internações, uma vez que os estudos demonstraram redução de 81% das internações e de 93% dos casos graves2. A eficácia global é de aproximadamente 66% o que significa que em um grupo de 1 milhão de pessoas, 660 mil evitariam contrair a doença, ou a prevenção de dois em cada três casos da doença2.

É a primeira vacina contra dengue aprovada no Brasil e no mundo4. Recebeu, em 2016, a recomendação da Organização Mundial de Saúde para introdução em países endêmicos (como o Brasil), além da indicação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e também da Sociedade Latino Americana de Infectologia Pediátrica (SLIPE) e da Associação Latino Americana de Pediatria (ALAPE)4-7. Em 2017, recebeu a recomendação da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM)8,9.







Referências:
1. Bula da vacina dengue 1, 2, 3 e 4 (recombinante e atenuada), Dengvaxia®, registrada pela ANVISA em 28/12/2015.
2. Hadinegoro SR, et al. Efficacy and Long-Term Safety of a Dengue Vaccine in Regions of Endemic Disease. N Engl J Med. 2015 Sep 24;373(13):1195-206.
3. Guy B, et al. Dengue vaccine: hypotheses to understand CYD-TDV-induced protection. Nat Rev Microbiol. 2016 Jan;14(1):45-54
4. World Health Organization (WHO). Dengue vaccine: WHO position paper – July 2016. Wkly Epidemiol Rec. 2016 Jul 29;91(30):349-364
5. Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm); Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI); Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Nota Técnica 31/08/2016 - Vacina Dengue. [Internet] Disponível em: http://sbim.org.br/images/files/nota-tecnica-sbim-31082016-v2.pdf. Acesso em: 2017 Set 01.
6. Sociedad Latinoamericana de infectologia Pediátrica (SLIPE). Documento de Posición. [Internet]. Disponível em: http://www.slipe.org/DENGUE_PositionPaper_Revision_References.pdf. Acesso em: 2017 Set 01.
7. Asociación Latinoamericana de Pediatría (ALAPE). Apoyo al Documento de Posición de La International Dengue Iniciative. [Internet] Disponível em: http://alape.org/documento_%20iniciativa_%20internacional_%20dengue_%20completo.pdf. Acesso em: 2017 Set 01.
8. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Vacina contra a dengue. [Internet] Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/images/comissoes/Vacina_contra_a_dengue_V_Cecilia_Julio_13MAR17_REVISADO.pdf. Acesso em: 2017 Set 01
9. Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM). Nota Técnica sobre a Vacina contra Dengue. [Internet] Disponível em: http://www.sbcm.org.br/arquivos/vacinaDengue.pdf. Acesso em: 2017 Set 01.





ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

Saúde: 30% dos idosos têm dificuldade para realizar atividades diárias 

Pela primeira vez, são estabelecidas medidas para reduzir risco de perda da capacidade funcional, aumentar a sobrevida e o desempenho cognitivo. Idosos já representam 14,3% da população 


O Ministério da Saúde vai qualificar o atendimento aos idosos na rede pública de saúde. Lançada nesta segunda-feira (6/11), a Estratégia Nacional para o Envelhecimento Saudável traz pela primeira vez orientações aos profissionais de saúde e gestores para aumentar a qualidade de vida dessa população, que vai representar cerca de 20% dos brasileiros em 2030. Com as novas medidas, o atendimento às pessoas com 60 anos ou mais deve priorizar avaliação funcional e psicossocial, além dos dados clínicos. O objetivo é reduzir a perda da autonomia, aumentar o desempenho cognitivo e a sobrevida desses pacientes.
O Brasil possui a quinta maior população idosa do mundo, com cerca de 29,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Desse total, 69,9% são independentes para o autocuidado e 30,1% têm alguma dificuldade para realizar atividades da vida diária, segundo estudo de 2017 (Lima-Costa, MF et al, com base em dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013). Dessa parcela, 17,3% tem muita dificuldade com atividades instrumentais, que são aquelas diárias, como preparar alimentos, cuidar da casa, se deslocar; e outros 6,8% apresentam dificuldades com atividades básicas, como vestir-se e alimentar-se.

Preocupa também o avanço das doenças crônicas nessa população. Atualmente, entre os idosos de 60 a 69 anos, 25,1% tem diabetes, 57,1% foram diagnosticados com hipertensão, além de a maioria estar com excesso de peso (63,5%) e 23,1% com obesidade.

“O Brasil está com a projeção de ter um crescimento de pessoas idosas muito maior que outros países e de forma muito acelerada. Com isso, precisamos estar mais preparados para essa nova realidade e é justamente isso que estamos fazendo. A nossa proposta é que o olhar não seja focada apenas na doença e sim na saúde, ou seja, vamos parar de financiar a doença e investir em um atendimento integral à população idosa, justamente para evitar que essas pessoas desenvolvam doenças”, destaca o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

De acordo com as estimativas, em 2030 o número de brasileiros idosos ultrapassará o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos e representará 41,5 milhões de pessoas, ou 18,7% da população. Diante desse cenário, o Ministério da Saúde tem priorizado ações que fortalecem a organização da rede e investido na promoção da saúde, no acesso aos serviços e na qualificação dos profissionais para responder a essa nova realidade.

Entre as novidades anunciadas está, por exemplo, a implementação do atendimento multidimensional em que o foco deixa de ser apenas na doença. O cuidado passa a ser orientado pela avaliação clínica, psicossocial e funcional, o que permitirá identificar as reais necessidades de cada caso. Assim, o acompanhamento desses pacientes será norteado a partir de um projeto terapêutico individual, com ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, tratamentos, reabilitação e cuidados paliativos.

Com as novas diretrizes, o profissional deverá levar em consideração, por exemplo, o nível de independência e autonomia para atividades cotidianas, as necessidades de adaptação ou supervisão de terceiros, a vulnerabilidade social e o estilo de vida das pessoas idosas, como alimentação, prática de exercícios, prevenção de quedas, hábitos de saúde e histórico clínico.

O atendimento deve ser feito por meio da Atenção Básica, principal porta de entrada para o SUS, em uma das 41.688 Unidades Básicas de Saúde distribuídas por todo o Brasil. Quando for necessário, o paciente será encaminhado a unidades especializadas de saúde.

“O envelhecimento é um assunto prioritário e deve ser tratado com cuidado, para que seja possível qualificar o atendimento integral a essa população. Pela primeira vez nós estamos fazendo isso, reorganizando todo o serviço e capacitando os profissionais. Já foram 14 mil profissionais capacitados no ano passado e este ano e outros 10 mil devem ser capacitados. Todos são atuantes na Atenção Básica, porta de entrada para o SUS”, reforça o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo.


METAS – Com a implementação da linha de cuidado da pessoa idosa no âmbito do SUS, será possível obter diversos resultados a curto, médio e longo prazo. Além de adaptar os serviços de acordo com o novo cenário populacional que está se formando e organizar o percurso das pessoas idosas nos serviços de saúde, será possível promover a interlocução entre as unidades de saúde e a rede local de assistência social e proteção de direitos.

A maior aproximação do profissional de saúde à realidade do paciente visa, além da maior autonomia, sobrevida e desempenho cognitivo da pessoa idosa, prevenir prescrições inadequadas de medicamentos, o que evitará uso desnecessário de fármacos e reduzir eventuais complicações em função desse uso, diminuindo custos com internações, exames e medicamentos. 

“O envelhecimento saudável é muito mais que a ausência de doença. A perda das condições físicas e mentais impossibilita o idoso de realizar atividades do seu cotidiano, o que causa sofrimento para ele e para a família. Por isso reafirmamos a importância de que o cuidado seja multidimensional, organizado por meio de uma linha de cuidado muito mais ampla, considerando diferentes fatores que influenciam na sua condição de saúde”, completou a coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, Cristina Hoffmann.


CADERNETA DA PESSOA IDOSA – Outra novidade é a atualização e implementação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que permite conhecer as necessidades de saúde dessa população atendida na atenção básica. As informações contidas nesse documento passarão a ser inseridas no Prontuário Eletrônico.

Pela Caderneta é possível identificar o comprometimento da capacidade funcional, condições de saúde, hábitos de vida, vulnerabilidades, além de ofertar orientações para o autocuidado como alimentação saudável, atividade física, prevenção de quedas, sexualidade e armazenamento de medicamentos. Em 2017, serão distribuídas 3,9 milhões de exemplares aos municípios, um investimento de R$ 2,9 milhões. Em 2018, mais 1,5 milhão de unidades serão entregues.


APLICATIVO – O Ministério da Saúde também está lançando, em parceria com a Universidade Aberta do SUS (UNASUS/DF), um aplicativo que possui três ferramentas para subsidiar profissionais de saúde na avaliação das pessoas idosas. Com o aplicativo, será possível identificar a pessoa idosa vulnerável na comunidade, identificar a vulnerabilidade familiar para definir o foco do acompanhamento e avaliar a massa corporal em relação à altura, detectando o estado nutricional dos idosos. A ferramenta estará disponível gratuitamente pelo Google Play para Android.

A partir de 7/11, o Ministério da Saúde vai colocar em consulta pública o documento com as orientações técnicas para implementação da linha de cuidado da pessoa idosa no SUS, para colaboração de cidadãos e especialistas. O documento ficará disponível para contribuições por 30 dias no link http://portalms.saude.gov/audiencias-e-consultas-publicas.





Gustavo Frasão
Agência Saúde




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