O mioma assusta, causa desconforto e dores em muitas mulheres. Sem os cuidados apropriados e, em casos raros, ele pode levar à infertilidade. O mioma é o tumor benigno mais comum no sistema reprodutivo feminino e pode atingir até 80% das mulheres em idade fértil. Ele cresce na parede do útero e, dependendo do tamanho e da localização no órgão, pode impactar ou não na fertilidade.
De
acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
(Febrasgo), cerca de 20% das mulheres que se submetem a tratamentos apresentam
recorrência da doença em até 5 anos. Ou seja, na maioria das mulheres, não vão
aparecer novos tumores.
“O
mioma realmente pode pegar as mulheres de surpresa, mas é importante entender o
que ele realmente é e como pode ter impacto na fertilidade”, diz a especialista
em reprodução assistida, Cláudia Navarro.
Causa e diagnóstico
A
causa do mioma ainda é estudada pela ciência, mas acredita-se em fatores
genéticos e hormonais. Para identificar o tumor, a mulher deve procurar seu
ginecologista, que irá estudar as características do período menstrual da
paciente. Isso porque o volume do fluxo, bem como a duração e a intensidade da
cólica podem ser indicadores, principalmente naqueles casos de miomas muito
grandes ou que se localizam na cavidade uterina.
“De
qualquer maneira, para confirmar o quadro, o médico deverá solicitar exames de
imagem, como ultrassom e ressonância magnética. A histeroscopia (inspeção
dentro do útero) pode ser útil nos casos de miomas submucosos”, comenta a
especialista.
Impacto na fertilidade
As
variações de tamanho e de localização no útero determinam o impacto que ele
terá na saúde do aparelho reprodutor feminino, determinando as chances de uma
futura gravidez. “Normalmente, os casos que não requerem tratamento são aqueles
em que o mioma é pequeno e não está distorcendo a cavidade endometrial, local
onde o embrião irá se implantar”, explica a médica.
Um
mioma muito grande ou localizado na região do endométrio merece atenção
especial com relação às chances de gravidez. A mulher pode até engravidar, mas
também poderá apresentar menos chances de que a gestação evolua.
“Existem
três tipos de miomas: subseroso, intramural e submucoso. Este último é o menos
comum, mas, como fica na cavidade uterina, pode ser uma causa de infertilidade”,
alerta Cláudia Navarro.
“A
cirurgia para retirada dos miomas só será necessária em casos em que o mioma
cause sintomas, seja muito grande, ou seja realmente o responsável pela
infertilidade ou abortos. Em casos extremos, é realizada a retirada do útero. O
tratamento com medicamentos se restringe a casos muito específicos”, pondera
Cláudia.
Cláudia Navarro - especialista em reprodução assistida. Graduada em
Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em Medicina
(obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atualmente, atua na área
de reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas:
infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e
congelamento de gametas.