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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

PELO FIM DA PEC DA BENGALA


        Num vídeo, vejo o atual presidente do STF, em palestra realizada no ano de 2014, discorrendo com enorme naturalidade sobre um crime de supressão de documentos ocorrido sob suas barbas. Na TV, fico sabendo que, sob múltiplos apelos, a CPI Lava Toga foi morar no arquivo do Senado. Nas redes sociais, informam-me que o Supremo começa a deliberar sobre ações envolvendo aborto, crime de homofobia e temas conexos. Há poucos dias, chocou-se a nação com a liminar concedida por Toffoli, quando ainda longe a alvorada, para que a eleição do presidente do Senado ocorresse como convinha à banda podre do PMDB e do PT. A imensa maioria dos senadores lixou-se para a ordem judicial, exibiu o voto dado, destronou a turma sinistra e ficou por isso mesmo. Um mês antes, Marco Aurélio não determinara a soltura de mais de 200 mil presos? No twitter, o Procurador do Ministério Público de Contas junto ao TCU, Júlio Marcelo Oliveira aponta três pilares de sustentação da impunidade, sendo, um deles, “a visão de mundo de Gilmar, Toffoli, Lewandowski e Marco Aurélio, que parecem sofrer quando um corrupto é preso”. E arremata: “O STF, hoje, é parte do problema e não da solução”. Há que dar um jeito no Supremo e a revogação da PEC da Bengala é o jeito.
        Resulta difícil conciliar toda uma infinita cadeia de ocorrências nada louváveis e o muito mais que se sabe e presume, com a arrogância que tão decisivamente se manifesta naquele recinto. A mais recente evidência está no ingresso em pauta de temas que todos sabem ser de competência do Congresso Nacional, como a criminalização da homofobia e do aborto.
        A alegação que empurra ou puxa essas pautas para endereço errado é pueril: o Legislativo se recusa a legislar. Diante disso, com muita propriedade, indaga o Promotor de Justiça Bruno Carpes: “E quando o Judiciário deixa de julgar, o Legislativo julga por ele?” (cai o pano, o público aplaude).
        Então, vamos explicar bem devagar para que até os ministros do STF entendam. Nos parlamentos, as coisas funcionam assim. Suponhamos (apenas um exercício de imaginação, tal projeto não existe) que um deputado protocole proposta para permitir, que, em nome do multiculturalismo, famílias de certas etnias possam promover a mutilação genital feminina (infibulação), segundo seus próprios costumes, com atendimento pelo SUS para evitar riscos à saúde (argumentos, aliás, que têm sido usados para justificar crimes muito maiores contra a vida). O projeto “Infibulação gratuita e segura” poderia circular durante décadas sem ser votado porque o autor, sabendo-o sem apoio, não o quer rejeitado. Omissão do Legislativo? Não! O projeto não tem apoio suficiente, não conseguiu formar maioria, não vai a plenário porque não tem voto, e o autor não tem interesse em perder.
Raramente, muito raramente, um projeto de parlamentar vai a plenário para ser rejeitado. O que acontece com esses temas que o STF se dispõe a abraçar é exatamente isso: envolvem assuntos sobre os quais não há maioria formada para aprovação, o que equivale a rejeição. E rejeitar um projeto, ou não o aprovar, é prerrogativa do Poder. Deu para entender, senhores ministros, ou preciso desenhar? Quem sabe um Power Point? Um videozinho? Uma entrevista com qualquer funcionário do protocolo da Câmara dos Deputados facilitaria a compreensão.
        Quando o STF, alegando “omissão do Legislativo”, invade sua competência e passa a legislar, está, pura e simplesmente, impondo a ilegítima vontade de sua pequena maioria sobre legítima decisão majoritária do Legislativo. É uma reiterada usurpação de competência que está, também ela, a apontar para necessidade de revogar a PEC da Bengala, conforme iniciativa proposta pela deputada Bia Kicis.




 Percival Puggina -  membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Sérgio Moro defende mais rigor na punição a homicidas


Segundo o ministro, país precisa ter um tribunal mais efetivo e que não leve de 10 a 20 anos para condenar alguém que cometa um homicídio


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, voltou a defender nesta quinta-feira (14) mais rigor na punição aos condenados por crime de homicídio.
Em um evento organizado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), em Brasília, o ministro ressaltou que é fundamental retirar o criminoso homicida de circulação.

No início do mês, quando apresentou o Projeto de Lei Anticrime, Moro já havia afirmado que iria endurecer o combate a crimes violentos, como o homicídio.
“Nós não desconhecemos que existe uma condição carcerária difícil no país, que existe superpopulação nos presídios, mas é necessário endurecer o cumprimento de penas para determinadas espécies de crimes e aumentar o tempo de regime fechado para a criminalidade mais grave. Aqui, basicamente, o alvo é o criminoso profissional, certo? Se você é um criminoso profissional, o sistema vai ser mais rigoroso com você”, afirmou o ministro.

No evento desta quinta, Moro deu detalhes sobre o Projeto de Lei Anticrime que o governo federal vai encaminhar ao Congresso Nacional nos próximos dias. O ministro afirmou que o país precisa "ter um tribunal mais efetivo, um tribunal que não leve dez, 20 anos para condenar alguém que cometa um homicídio". O intuito do projeto de lei, segundo Moro, é tirar das ruas os criminosos reincidentes ou comprovadamente membros de facções.



 


Fonte: https://agenciadoradio.com.br


Conheça as cinco principais tendências para o marketing em mídia social em 2019


Se até poucos anos atrás o conceito sociológico de rede social era que a mesma servia apenas  para analisar as interações entre indivíduos e grupos, atualmente as redes sociais são plataformas de relacionamento que conectam pessoas, grupos e, também, empresas e seus clientes, permitindo uma interação e integração bem mais intensa, muito além do anúncio de produtos ou serviços.
Por se tratar de uma organização viva e em constate mutação, de tempos em tempos as regras do jogo mudam e aparecem novas tendências, desafios e formas de envolvimento que são seguidas por marcas, empresas e usuários.
Mesmo com as mudanças que ocorrem em termos de tecnologia, a importância de um bom conteúdo e a adequação da linguagem para cada uma das redes, saber selecionar as redes sociais mais apropriada ao público de cada marca é um desafio que exige cada dia mais rigor, estudo dos dados e compreensão dos desejos do cliente. De acordo com o HootSuite, sistema norte americano de gestão de marcas em mídias sociais, as principais tendências para as redes sociais em 2019 são.

1.   Confiança - 60% das pessoas não confiam mais nas informações vindas das mídias sociais. Essa mudança apresenta novos desafios e oportunidades. Em 2018, houve um desgaste de confiança nas mídias sociais e os usuários desconfiam de muitos meios de comunicação e influenciadores/celebridades (cujos seguidores, muitas vezes, são comprados ou falsificados). Em 2019, a credibilidade pessoal passa a ser mais importante que o número de seguidores.

2.   Stories – Essa forma de interação está crescendo 15 vezes mais rápido  que o compartilhamento baseado em feeds. Dois terços dos entrevistados da pesquisa do Hootsuite incorporaram o Instagram Stories em seus negócios ou pretendem fazê-lo. As Histórias estão prontas para superar os feeds como a principal maneira de as pessoas compartilharem coisas com seus amigos em 2019. Na prática é necessário publicar menos texto e usar mais os recursos multimídias sem perder de vista a autenticidade.

3.   Fechando a lacuna de anúncios - Uma em cada quatro páginas do Facebook usa mídia paga. E o Facebook já representa 23% do total de gastos com publicidade digital nos EUA. Mas o aumento dos custos e a atenção rápida estão limitando o ROI para os anunciantes. Embora as empresas estejam pagando mais pelos anúncios, isso não garante que o seu público-alvo esteja prestando atenção. Isso acontece porque os usuários estão mais atentos e filtram os anúncios com ferramentas de bloqueio. Portanto, as empresas devem ter em mente que o objetivo final deve ser o de gerar discussão e engajamento do usuário, em vez de simplesmente "transmitir" um anúncio para o público.

4.   Quebrando o código de comércio - É fundamental encontrar maneiras de tornar as compras ao vivo, interativas e perfeitas mesmo em dispositivos móveis. Um estudo com 5.500 consumidores da empresa de marketing de vídeo BrightCove, mostra que 74% dos consumidores estabeleceram uma conexão entre assistir a um vídeo social e fazer uma compra. Portanto, configure suas postagens do Instagram para compras; mantenha um perfil comercial; marque os produtos em suas postagens para que os seguidores possam navegar e comprar; e exiba os produtos em diversos cenários adicionando variedade e mantendo o público envolvido. Ao criar conteúdo, pense sempre no seu clientes-alvo, como ele compra, suas necessidades, desafios e etc. Outra dica interessante é criar concursos de produtos com destaque nas postagens de compra, mas lembre-se de definir as regras do concurso e usar uma hashtag de fácil localização. Sempre verifique se o seu concurso cumpre as diretrizes de promoção das redes sociais. 

5.   Mensagens no mundo -  Os usuários estão gastando mais tempo com mensagens e menos tempo compartilhando notícias nas redes sociais. Essa mudança do público para os espaços privados está mudando as expectativas do usuário. Isso mostra que os consumidores não querem mais canais de publicidade. Estão mais interessados em se envolverem em conversas privadas com pequenos grupos. Portanto, as marcas inteligentes terão de mudar a conversa de um espaço público para um privado o mais rapidamente. É essencial ser criativo nas campanhas de mídia social pensando além do feed de notícias.

Depois do boom e da popularidade global, as redes sociais estão voltando as suas raízes e o ambiente digital está se tornando mais íntimo, com conteúdo de qualidade e transparência nas informações.



Adriana Vasconcellos Soares - formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes e Pós-graduada em Comunicação Organizacional e Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero. Possui 19 anos de experiência em assessoria de imprensa e comunicação empresarial. Desde 2012 é sócia da Six Bureau de Comunicação.

Proteger a sociedade ou facilitar negócios de risco



Sinais explícitos, aportados ao público de forma dramática, demonstram a inversão de valores daqueles que sustentam a necessidade de flexibilização de ações de licenciamento e de fiscalização relacionadas ao meio ambiente. De certa forma, uma oportunidade para que as tão conhecidas pressões políticas e econômicas setoriais, que enfraquecem as estruturas públicas da área ambiental, ao longo dos anos, sejam reconsideradas pelos novos governantes, abrindo necessário espaço à evidente demanda de moralização e intensificação de processos de controle.

Está exposto um duro recado sem emendas. Uma situação grave que impõe profunda reflexão dos novos gestores públicos. São eles que terão a prerrogativa de dar o tom na gestão ambiental do País: seguindo uma retórica de priorizar o atendimento a favores setoriais extrapolados ou estabelecendo uma nova agenda que respeite os limites no uso e na exploração do patrimônio natural de nosso País.  

As últimas eleições, a exemplo do que sempre ocorre em outros pleitos, tiveram amplo lastro de setores da economia em relação a temas que dizem respeito ao meio ambiente, uma prática amplamente difundida. Longe de existir preocupação com a proteção da natureza e com o bem-estar da população, esses atores, reiteradamente, reclamam estar impedidos de viabilizar seus empreendimentos, ao menos da maneira com a qual pretendem.

Em troca do apoio nas eleições, participado a muitos dos candidatos, um pedido padrão passou a ser explorado na mídia recente, como discurso diário de muitos governantes: conter a "fome insaciável de agências ambientais em fiscalizar e emitir multas". Também é parte dessa pauta a existência de uma "legislação inapropriada", que dificulta licenciamentos, engessa os negócios e inibe investimentos com alta capacidade de gerar lucros e empregos. Enfim, do ponto de vista desses atores, um entrave ao desenvolvimento do País que deve ser desestruturado para não incomodar mais.

Tal cenário, uma vez mantido em pauta, limitará ainda mais o cumprimento da legislação ambiental e o incentivo a práticas responsáveis para discernir, com isenção e boa técnica, sobre a viabilidade de empreendimentos potenciais, com base no conjunto de seus impactos. Essa má condição de trabalho, que já é parte da realidade do dia a dia, permite que muitas irregularidades e excessos não sejam contestados adequadamente.

O discurso do desenvolvimento a qualquer custo se tornou mais explícito nos dias atuais, lastreado por amplos esforços de propaganda em busca de um verdadeiro endeusamento de alguns setores da economia. O objetivo é blindá-los de obrigações e permitir, cada vez mais, avanços no atendimento de seus interesses próprios. O recente fenômeno de Brumadinho, alçado à categoria de catástrofe sem precedentes, coloca de forma mais aguda a incoerência dessa forma viciada de tratamento dos temas relativos ao meio ambiente.

De fato, há uma intenção declarada em dar continuidade ao desmonte dos órgãos ambientais, objetivo anunciado nas últimas campanhas eleitorais. E não se trata de uma agenda limitada a esse ou aquele partido. Pela capacidade de influência implantada, trata-se de uma causa aceita e defendida praticamente pelo conjunto dos políticos brasileiros, com honrosas e pontuais exceções. Um verdadeiro rolo compressor que precisa ser adequadamente entendido pela sociedade.

O exacerbado poder econômico e político setorial, capaz de manipular de forma muito contundente os poderes constituídos, impede uma atuação consistente de instâncias públicas responsáveis por ações de licenciamento e fiscalização no campo ambiental. Estas, cada vez mais débeis e suscetíveis a todo o tipo de pressões. Consequências calamitosas, agudas ou crônicas, difundidas em diversas atividades, são decorrentes dessa postura totalmente desviada do interesse público.

Há um ambiente de permissividade instalado na sociedade brasileira, que garante que a agenda de interesses suplante sistematicamente posicionamentos técnicos e de coerência com o que representa o interesse público. Seria ingenuidade não reconhecer a nossa própria cultura, baseada em valores frágeis e que assimila de forma muito pouco reativa desvios de conduta dessa natureza.

Vale lembrar nossa origem histórica essencialmente extrativista e calcada na busca por resultados para ganhos próprios, mesmo quando há evidência de prejuízos a terceiros. É notório que, não fosse o horror das centenas de óbitos da tragédia mais recente, os aspectos ambientais pesariam substancialmente menos no que se refere à comoção que temos presenciado.

Esse caldo de má influência e a sua tendência de progressão se sustentam, portanto, numa real possibilidade no incremento da atuação de instâncias externas aos governos, garantindo a cooptação de órgãos ambientais para o atendimento aos seus interesses.

Mas é fundamental permitir que se estabeleça, por uma questão de senso de oportunidade e de sobrevivência política, uma visão dissonante das tendências mais óbvias e medíocres. Os recentes passos mais cautelosos do governo federal em relação ao meio ambiente, com a manutenção do Brasil no Acordo de Paris e do reconhecimento tácito da necessidade de maior rigor em processos de licenciamento e fiscalização, embora em parte dissimulado, podem representar sinais de alguma esperança.

Em outras palavras, uma agenda virtuosa de desenvolvimento representa uma equação simples, embora dependa criticamente de pré-requisitos básicos, como honestidade e boas intenções: implica no reconhecimento da importância da agenda ambiental e do respeito aos direitos humanos, com a implantação de uma política séria de gestão ambiental e a limitação drástica das influências setoriais exacerbadas. Um caminho pavimentado para a atração de investimentos e novos negócios, e consequentemente para avanços da economia do Brasil e do bem-estar de toda a sociedade.






Clóvis Borges - diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza


A indiferença humana diante do excesso de tragédias



Como a sucessão de notícias ruins gera a indiferença


"Brumadinho: número de mortos vai a 150; 182 estão desaparecidos" - noticiou o portal Terra no dia 06/02/19; "Incêndio atinge CT do Flamengo no Rio de Janeiro e mata 10 jogadores da base" - título da matéria publicada em 08/02/19 no portal IG; "Morre Ricardo Boechat" - chamada em destaque na homepage do portal UOL no dia 11/02/19.

Nas últimas semanas, essas e algumas outras notícias ruins ganharam os holofotes na mídia brasileira em um espaço de tempo tão curto que, mal o público lamentava determinada tragédia, outra já se anunciava. A pergunta que se pode fazer é: será que a exibição incessante de tragédias, no lugar de nos tornar sensíveis à dor do outro, pode nos tornar insensíveis?

Para o pesquisador e especialista em imagens, Prof. Dr. Jack Brandão, a propagação desmedida de notícias e imagens trágicas, da forma como temos visto nas últimas semanas, acabam nos tornando não só indiferentes como também insensíveis à avalanche informacional, pois “pior que a inércia reflexiva observada frente a imagens de desgraças [...] é o fato de que se num momento são paralisantes, em outro, são catalisadoras”.  

O pesquisador, em sua obra Imagem: Reflexo do Mundo e do Homem?, ainda acrescenta que “ao nos depararmos com imagens fortes, estas podem, seguramente, nos anestesiar e nos tornar inertes diante delas; mas que, após o choque inicial, não nos importamos de ver mais e mais; pelo contrário, queremos isso, a ponto de elas não nos atingirem como antes.” Se tomarmos Brumadinho como exemplo, perceberemos que para se manter o interesse na notícia somos condicionados a querer outras imagens que nos deem mais elementos, numa compulsão devoradora, a ponto de perdemos o controle.

É, nesse momento, segundo Brandão, que se perde “completamente, a emoção inerte e compassiva que houve naquele primeiro momento de choque. Isso porque somos seres iconotrópicos, ou seja, somos atraídos, compulsivamente, às imagens, como as plantas à luz; e, diante, de sua abundância, tornamo-nos devoradores vorazes”.

Na obra, o pesquisador traz uma série de fotografias que demonstram como algumas atrocidades do passado – a de aborígenes presos e acorrentados na Austrália, para serem executados; a de mulheres armênias crucificadas por serem cristãs no Genocídio Armênio; a de missionários britânicos ao lado de congoleses posando com mãos decepadas sob o império de terror do rei Leopoldo II; entre outras –, não nos atingem mais, talvez pelo fato de estarmos distantes temporalmente delas.

No entanto, como ressalta o pesquisador, o excesso imagético proporcionado pela mídia, em nossos dias, faz com que não ajamos dessa maneira apenas com as imagens extemporâneas; mas, de modo especial, com as situações do presente. Tomemos, como exemplo, o caso das três notícias citadas na abertura desse texto.

Se partirmos de Brumadinho, cujo cataclismo foi exponencial, perceberemos que a falta de imagens que demonstrassem a dor da maioria daquelas vítimas anônimas teve um impacto menor em relação à consternação que se sentiu pelos garotos do Flamengo, mas o fato de ainda serem desconhecidos minimizaram sua comoção, como a percebida, logo a seguir, pela trágica morte do jornalista Boechat. 

Como em uma escala, ainda segundo o Dr. Jack Brandão, percebe-se que a subexposição das vítimas, por pior que seja o acidente, teria uma importância menor em relação àquelas notícias em que suas imagens são, de forma maciça, difundidas. Naquele caso, para que o público mantenha o mínimo de interesse e de consideração iniciais, a mídia se vê obrigada a expor fotos das vítimas em sua vida pré-acidente. Por fim, chega-se, a um grau maior de importância, beirando inclusive à comoção, quando a vítima é alguém de destaque na mídia, já que é tida, muitas vezes, como um membro de sua própria família.





Prof. Dr. Jack Brandão - Doutor pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisador sobre a questão imagética em diversos níveis, como nas artes pictográficas, escultóricas e fotográficas. Autor de diversos artigos e livros sobre o tema no Brasil e no exterior. Coordenador do Centro de Estudos Imagéticos CONDES-FOTÓS Imago Lab e editor da Lumen et Virtus, Revista interdisciplinar de Cultura e Imagem.  
condesfotosimagolab.com.br 


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