Grandes tragédias,
como a de Brumadinho, deixam marcas profundas nas vidas de pessoas afetadas
No dia 25 de janeiro, a barragem da mineradora
Vale, em Brumadinho, se rompeu e causou uma avalanche de lama e rejeitos de
mineração na cidade, deixando uma enorme perda, com mais de 110 mortes
confirmadas e ao menos 279 desaparecidos. O deslizamento no município mineiro é
o maior acidente de trabalho da história do Brasil — e poderá se tornar o
segundo acidente industrial mais mortífero do séc. XXI em todo o mundo, segundo
especialistas e rankings compilados pela BBC News Brasil. O drama da população
de Brumadinho em busca de pessoas desaparecidas continua: os relatos se repetem
pela cidade e ainda há esperança de encontrar os entes queridos com vida.
Segundo o especialista em inteligência emocional,
Rodrigo Fonseca, presidente e fundador da Sbie (Sociedade Brasileira de
Inteligência Emocional), embora a morte seja a única certeza da humanidade,
lidar com ela provoca uma dor intensa, gera um sentimento de revolta e traz um
vazio interno profundo. “De acordo com a psicologia, tragédias que mobilizam
milhões podem deixar as pessoas mais vulneráveis a transtornos emocionais
como a ansiedade e a depressão. Sobreviventes de acidentes ou pessoas que perderam
alguém nessa situação podem sofrer efeitos ainda mais intensos, já que é comum
reviver as emoções do ocorrido, as sensações de medo, impotência e
impossibilidade de fazer algo”, explica.
Vivenciar o luto e suas fases é essencial para
aprender a conviver com a ausência e a saudade, e seguir em frente. Não existe
um tempo exato para essa experiência, pois ela varia de acordo com cada
indivíduo e situação. Conheça as fases do luto e suas vivências, explicadas por
Rodrigo Fonseca:
- Negação
Esse momento é marcado pela dificuldade em
acreditar que o fato realmente aconteceu. A dor é intensa e existe uma grande
dificuldade para lidar com a perspectiva de um futuro sem a(s) pessoa(s) que se
foi(foram).
- Raiva
Ao perceber que o fato realmente aconteceu e não
existe nada que possa ser feito a respeito, é comum sentir uma grande revolta.
Quando a pessoa percebe que não é possível reverter a situação, a
tendência é que a dificuldade em se conformar seja canalizada em raiva.
- Negociação
É nesta fase que a pessoa tenta aliviar sua dor e
começa a fazer algumas ponderações, imaginando possíveis soluções e fazendo
“acordos” internos. Essa negociação acontece dentro da própria pessoa e, muitas
vezes, é voltada para questões religiosas.
- Depressão
Geralmente é a fase mais longa do processo, e é
caracterizada por um sofrimento intenso. Essa etapa é marcada por uma sensação
de impotência, desesperança, culpa e melancolia, sendo comum que a pessoa
precise de um período de isolamento e apresente uma grande necessidade de introspecção.
- Aceitação
Nesse último estágio, a pessoa consegue ter uma
visão mais realista e passa a aceitar o fato. O desespero em relação à perda dá
lugar para uma maior serenidade, e o indivíduo começa a enfrentar a saudade com
mais consciência.
Não se culpar quando se perde alguém é um passo
importante para a “cicatrização” dessa ferida. “Nesse momento é importante ter
em mente que nenhuma relação é perfeita e que as falhas cometidas não
significam falta de amor. Entenda que você fez o que foi possível diante de
cada circunstância e não se torture pelo que não foi possível fazer. Faça todos
os ajustes possíveis para aprender a conviver com a ausência da pessoa.
Mude alguns hábitos e crie maneiras positivas de enfrentar a saudade — como
iniciar um curso, fazer um trabalho voluntário ou ir viajar por um período.
Procure algo que proporcione prazer e traga uma sensação de preenchimento.
Mesmo convivendo com a dor, é possível ser feliz encontrando motivação em
atividades produtivas”, revela.
Cuidar das próprias emoções é muito importante
durante o luto, permitindo que o indivíduo encontre coragem e força para
recomeçar.
Rodrigo Fonseca
- Comunicador social graduado
pela Universidade de São Paulo (USP), Mestrado e Doutorado em Neuromarketing na
Flórida Christian University (em curso), presidente e fundador da Sbie -
Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional. É autor do livro “Emoções – a
Inteligência Emocional na Prática”, “21 Chaves para Realização Pessoal” e
“Inteligência Emocional para Pais”. Membro da International Society for
Emotional Intelligence, criador da primeira Formação de Inteligência Emocional
do Brasil e da Sbie Academy. Nos últimos 21 anos, em sua carreira como
Especialista em Inteligência Emocional, já atingiu mais de 100 mil pessoas, por
meio de seus treinamentos e palestras. Possui ainda um Canal no Youtube, onde
está construindo um verdadeiro Legado, deixando registrado toda sua experiência
e conhecimento, para acesso gratuito de todo ser humano que busca se
desenvolver e usar todas suas Emoções para alcançar verdadeiras transformações
na sua própria vida. Site: http://www.sbie.com.br