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terça-feira, 11 de março de 2025

Técnicas acessórias da FIV aumentam as chances de gravidez?

 Inovações em reprodução assistida são bem-vindas, mas a indicação deve ser avaliada com cuidado, pois em muitas a efetividade ainda não tem comprovação científica 

 

A medicina reprodutiva, com o avanço das técnicas de reprodução assistida, tem oferecido esperança a milhares de pessoas que encontram dificuldade para engravidar. O principal tratamento ainda é a Fertilização in Vitro (FIV), técnica que apresenta os percentuais mais altos de sucesso na gravidez.

Desenvolvida, inicialmente, com o propósito de solucionar problemas de infertilidade feminina causados por obstrução das tubas uterinas, a FIV evoluiu muito nas últimas décadas. O método, hoje, possibilita também o tratamento de infertilidade, feminina e masculina, provocada por várias outras causas.

Porém, mesmo com essa evolução nos últimos anos, é importante lembrar que quantidade e qualidade não são, necessariamente, sinônimos em medicina reprodutiva. As chamadas técnicas acessórias da FIV, amplamente divulgadas como soluções inovadoras e que devem ser agregadas ao tratamento para que as chances de gravidez aumentem, ainda não possuem evidências científicas robustas que provem a sua efetividade para se ter resultado. Isso foi corroborado, em estudo recente, pelo Comitê Científico da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM).

“São técnicas como plasma enriquecido com plaquetas para espessar o endométrio ou melhorar a resposta ovariana, teste genético PGT-A (Pré-implantacional para Aneuploidias, que analisa alterações numéricas nos cromossomos) em casos de pacientes abaixo de 40 anos sem histórico de vários abortos, simplesmente para aumentar a taxa de implantação, ou como a incubadora time lapse sem inteligência artificial e o uso de hormônio de crescimento na indução da ovulação. São exemplos de técnicas que vêm sendo oferecidas, mas que não tiveram ainda a comprovação científica de que alcancem resultados expressivos para melhorar as taxas de gravidez’’, explica o Dr. Marcos Sampaio, diretor do Centro de Medicina Reprodutiva Origen BH.

“A questão é ainda mais complexa pelo fato de alguns serviços de reprodução assistida continuarem a agregar várias técnicas, com custo elevado, que, embora atraentes para as pessoas que desejam ter filhos e estão ansiosas para que isso ocorra, não garantem a eficácia na FIV", completa o especialista em reprodução assistida.


Inovação e tecnologia

A busca pela inovação na medicina reprodutiva é válida e, atualmente, é impulsionada pela inteligência artificial (IA). No entanto, o compromisso com a eficácia e com a segurança assistencial dos pacientes deve continuar a ser prioridade dos serviços.

Há várias pesquisas que ainda estão em estágio inicial e estão sendo monitoradas pelos especialistas. “Embora esses estudos possam abrir portas para novas abordagens terapêuticas no futuro, há ainda uma distância entre os resultados obtidos em experimentos e a sua aplicabilidade”, pontua Dr. Marcos.

Por isso, é importante que as informações sobre os avanços científicos sejam acompanhadas de um debate ético e com foco na segurança e na qualidade do serviço prestado, para que as expectativas sejam gerenciadas de forma adequada, realista e transparente.


Informação, equipe multidisciplinar, estrutura clínica e saúde

Para Dr. Marcos Sampaio, hoje, o alcance de bons resultados na FIV está mais associado ao suporte de uma equipe multidisciplinar e à boa estrutura da clínica de reprodução assistida. “Uma investigação criteriosa da infertilidade do casal, que começa na primeira consulta, passando pelo acompanhamento médico e psicológico, complementado pelo trabalho da enfermagem e de uma equipe experiente de embriologistas, além de um laboratório bem equipado, é o mais importante para reduzir ao máximo possível o estresse dos pacientes nessa jornada”, enfatiza.

Isso porque, cada paciente tem necessidades específicas e, por isso, o tratamento deve ser individualizado. Para o especialista, a informação é a principal aliada de quem deseja engravidar. “O meu conselho é buscar uma segunda opinião, avaliar todas as possibilidades e tirar suas dúvidas antes de aceitar a inclusão de várias técnicas de reprodução assistida no tratamento, com a promessa de que irão aumentar as suas chances de gravidez na FIV’’, finaliza o médico.

 



Clínica Origen BH de Medicina Reprodutiva

 

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