Pesquisar no Blog

terça-feira, 11 de março de 2025

Covid-19: 5 Anos Depois – Lições, Desafios e o Futuro da Saúde Pública


Há exatos cinco anos, em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu a Covid-19 como uma pandemia pela primeira vez. Naquele momento, o mundo começava a encarar uma crise sanitária sem precedentes, que impactaria drasticamente todas as dimensões da sociedade: da saúde pública à economia, das relações de trabalho às estruturas sociais.

A propagação da doença para o Ocidente teve um marco na Itália, que rapidamente se tornou o epicentro da Covid-19 na Europa. As cenas de hospitais lotados, profissionais de saúde exaustos e cidades inteiras em lockdown foram o prenúncio do que o restante do mundo enfrentaria. No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em São Paulo: um homem de 61 anos, que havia retornado de uma viagem à Itália, foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein. A partir daí, os registros da doença escalaram de forma vertiginosa, levando o país a uma crise sanitária devastadora.

Cinco anos depois, o Brasil acumula cerca de 39,2 milhões de casos confirmados e mais de 715 mil mortes em decorrência da Covid-19. São números que representam vidas interrompidas, famílias enlutadas e uma sociedade profundamente impactada por um inimigo invisível, que testou nossa resiliência e nossa capacidade de resposta coletiva.
Durante os momentos mais críticos da pandemia, enquanto os países tentavam conter o avanço dos casos, cientistas trabalhavam em tempo recorde para desenvolver vacinas. No Brasil, a Coronavac, fruto de uma parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac, marcou o início da imunização da população. A vacinação foi um divisor de águas na luta contra o vírus e demonstrou a importância da ciência e da pesquisa para a proteção da sociedade.

No entanto, a batalha contra a Covid-19 não foi travada apenas no campo da saúde. Tivemos que vencer também o negacionismo, as fake news e a desinformação, que colocaram em risco a adoção de medidas sanitárias fundamentais, como o uso de máscaras, o distanciamento social e, principalmente, a vacinação em massa. Enfrentamos um período em que a crise sanitária se misturou à crise política, tornando o combate ao vírus ainda mais desafiador.

Os trabalhadores brasileiros sentiram na pele os impactos da pandemia. Milhares perderam seus empregos, viram seus direitos ameaçados e precisaram se adaptar a novas formas de trabalho, como o home office, enquanto outros, como os profissionais de saúde, do comércio essencial e da limpeza urbana, permaneceram na linha de frente, garantindo o funcionamento da sociedade. O movimento sindical teve papel fundamental nesse período, lutando por medidas de proteção, condições de trabalho dignas e auxílio emergencial para os mais vulneráveis.

O Sindicato dos Comerciários teve um papel essencial na proteção dos trabalhadores do comércio. Em meio ao avanço da Covid-19, a entidade negociou com redes de supermercados a instalação de divisórias acrílicas nos caixas, garantindo uma barreira de proteção entre funcionários e clientes. Essa iniciativa pioneira, conquistada pelo Sindicato, tornou-se um modelo e foi adotada em estabelecimentos de todo o país, reduzindo a exposição ao vírus e ajudando a preservar vidas. A atuação sindical foi decisiva para garantir segurança e dignidade aos trabalhadores em um dos momentos mais críticos da história recente.

Cinco anos depois, ainda vivemos as consequências da pandemia. Muitas pessoas que contraíram a doença convivem com sequelas prolongadas, como fadiga crônica, dificuldades respiratórias e comprometimentos neurológicos. O Sistema Único de Saúde (SUS) segue lidando com os desafios de um pós-pandemia que exige atenção contínua à saúde pública. O impacto econômico também ainda é sentido, com o aumento da desigualdade social e a necessidade de reconstrução do mercado de trabalho.
Se há algo que a pandemia nos ensinou, é que a solidariedade e a valorização da vida devem estar no centro das nossas decisões. A luta pela saúde pública, pelo fortalecimento do SUS, pela valorização da ciência e pela garantia de direitos dos trabalhadores não pode ser esquecida.

A pandemia nos mostrou o quão vulneráveis somos, mas também o quão fortes podemos ser quando nos unimos em prol do bem comum. Que este marco de cinco anos sirva para lembrarmos não apenas das vidas perdidas, mas também da importância de seguirmos vigilantes, fortalecendo políticas públicas de saúde e enfrentando, com ciência e responsabilidade, os desafios que ainda estão por vir.

Ricardo Patah – presidente da UGT

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados