Há exatos cinco anos, em 11 de março de
2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu a Covid-19 como uma
pandemia pela primeira vez. Naquele momento, o mundo começava a encarar uma
crise sanitária sem precedentes, que impactaria drasticamente todas as
dimensões da sociedade: da saúde pública à economia, das relações de trabalho
às estruturas sociais.
A propagação da doença para o Ocidente teve um marco na Itália, que rapidamente
se tornou o epicentro da Covid-19 na Europa. As cenas de hospitais lotados,
profissionais de saúde exaustos e cidades inteiras em lockdown foram o
prenúncio do que o restante do mundo enfrentaria. No Brasil, o primeiro caso
foi confirmado em São Paulo: um homem de 61 anos, que havia retornado de uma
viagem à Itália, foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein. A partir
daí, os registros da doença escalaram de forma vertiginosa, levando o país a
uma crise sanitária devastadora.
Cinco anos depois, o Brasil acumula cerca de 39,2 milhões de casos confirmados
e mais de 715 mil mortes em decorrência da Covid-19. São números que
representam vidas interrompidas, famílias enlutadas e uma sociedade
profundamente impactada por um inimigo invisível, que testou nossa resiliência
e nossa capacidade de resposta coletiva.
Durante os momentos mais críticos da pandemia, enquanto os países tentavam
conter o avanço dos casos, cientistas trabalhavam em tempo recorde para
desenvolver vacinas. No Brasil, a Coronavac, fruto de uma parceria entre o
Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac, marcou o início da
imunização da população. A vacinação foi um divisor de águas na luta contra o
vírus e demonstrou a importância da ciência e da pesquisa para a proteção da
sociedade.
No entanto, a batalha contra a Covid-19 não foi travada apenas no campo da saúde.
Tivemos que vencer também o negacionismo, as fake news e a desinformação, que
colocaram em risco a adoção de medidas sanitárias fundamentais, como o uso de
máscaras, o distanciamento social e, principalmente, a vacinação em massa.
Enfrentamos um período em que a crise sanitária se misturou à crise política,
tornando o combate ao vírus ainda mais desafiador.
Os trabalhadores brasileiros sentiram na pele os impactos da pandemia. Milhares
perderam seus empregos, viram seus direitos ameaçados e precisaram se adaptar a
novas formas de trabalho, como o home office, enquanto outros, como os
profissionais de saúde, do comércio essencial e da limpeza urbana, permaneceram
na linha de frente, garantindo o funcionamento da sociedade. O movimento
sindical teve papel fundamental nesse período, lutando por medidas de proteção,
condições de trabalho dignas e auxílio emergencial para os mais vulneráveis.
O Sindicato dos Comerciários teve um papel essencial na proteção dos
trabalhadores do comércio. Em meio ao avanço da Covid-19, a entidade negociou
com redes de supermercados a instalação de divisórias acrílicas nos caixas,
garantindo uma barreira de proteção entre funcionários e clientes. Essa
iniciativa pioneira, conquistada pelo Sindicato, tornou-se um modelo e foi adotada
em estabelecimentos de todo o país, reduzindo a exposição ao vírus e ajudando a
preservar vidas. A atuação sindical foi decisiva para garantir segurança e
dignidade aos trabalhadores em um dos momentos mais críticos da história
recente.
Cinco anos depois, ainda vivemos as consequências da pandemia. Muitas pessoas
que contraíram a doença convivem com sequelas prolongadas, como fadiga crônica,
dificuldades respiratórias e comprometimentos neurológicos. O Sistema Único de
Saúde (SUS) segue lidando com os desafios de um pós-pandemia que exige atenção
contínua à saúde pública. O impacto econômico também ainda é sentido, com o
aumento da desigualdade social e a necessidade de reconstrução do mercado de
trabalho.
Se há algo que a pandemia nos ensinou, é que a solidariedade e a valorização da
vida devem estar no centro das nossas decisões. A luta pela saúde pública, pelo
fortalecimento do SUS, pela valorização da ciência e pela garantia de direitos
dos trabalhadores não pode ser esquecida.
A pandemia nos mostrou o quão vulneráveis somos, mas também o quão fortes
podemos ser quando nos unimos em prol do bem comum. Que este marco de cinco
anos sirva para lembrarmos não apenas das vidas perdidas, mas também da
importância de seguirmos vigilantes, fortalecendo políticas públicas de saúde e
enfrentando, com ciência e responsabilidade, os desafios que ainda estão por
vir.
Ricardo Patah – presidente
da UGT
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