Embora condições sejam mais comuns em
adultos, nos últimos 5 anos SUS registrou 10.688 atendimentos infantojuvenis;
Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão alerta sobre a possível relação com o
uso em excesso de celulares
Levantamento
divulgado em fevereiro pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade de Informação), a partir das bases de dados das
pesquisas TIC Kids Online Brasil e TIC Domicílios, referentes ao período de
2015 a 2024, indicou um aumento significativo na quantidade de crianças de até
8 anos que possuem celular próprio e acesso à internet.
Em 2015, a
pesquisa mostrou que 3% das crianças de 0 a 2 anos tinham um celular, o que
acontecia com 6% entre 3 e 5 anos e com 18% entre 6 e 8 anos. Atualmente, o
cenário aponta que, entre os mais novos, 5% têm um dispositivo, o mesmo com 20%
dos pequenos de 3 a 5 anos (mais que o triplo) e com 36% das crianças de 6 a 8
anos (o dobro).
O uso de
dispositivos eletrônicos desde cedo, e em excesso, pode estar associado ao
aumento de casos de dores nas mãos em crianças e jovens, condições que são mais
frequentemente observadas em adultos. Nos últimos cinco anos, o Sistema Único
de Saúde (SUS) registrou 10.688 atendimentos ambulatoriais na faixa etária dos
7 aos 17 anos com diagnóstico de tenossinovite e sinovite. O número de casos
cresceu 32,3% entre 2020 e 2024, segundo dados do Sistema de Informações
Ambulatoriais (SIASUS). Nesse período, o estado de São Paulo liderou os
atendimentos, com 3.400 casos, seguido pelo Rio de Janeiro (1.591), Pará
(1.245) e Minas Gerais (491).
“O uso constante
das mãos para digitar, rolar a tela ou segurar o celular pode, em algumas
situações, contribuir para o surgimento de dores nas mãos, devido a sobrecarga
das estruturas do sistema musculoesquelético. Sinais claros de inflamação nos
tendões, músculos e estruturas periarticulares, não são comumente observados.
Mas, eventualmente, podem estar presentes, resultando em variados graus de
dificuldade de movimentação das mãos. Embora não haja comprovação científica
robusta, o uso excessivo de dispositivos móveis é um possível fator de risco
para as dores nas mãos”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de
Cirurgia da Mão (SBCM), Rui Barros.
Dor ao mover os
dedos, sensibilidade ao toque e inchaço, podem representar sintomas da
tenossinovite. “Essa condição se manifesta através de dor, inchaço, rigidez
articular e sensação de calor na região afetada”, fala o médico.
Dedo em
gatilho
Embora mais comum
em adultos, o chamado ‘dedo em gatilho’ tem sido registrado em crianças e
adolescentes. O número de atendimentos ambulatoriais no SUS, na faixa etária
entre 7 e 17 anos, foi de 288 em 2020, manteve-se estável em 2021, subiu para
466 em 2022, 631 em 2023 e chegou a 566 em 2024, um crescimento de 96,5% no
período. Nos últimos cinco anos, São Paulo registrou o maior número de casos
(453), seguido por Rio de Janeiro (263) e Minas Gerais (252). “Movimentos
repetitivos realizados durante a digitação ou navegação nas telas podem, em
alguns casos, sobrecarregar os tendões das mãos, levando à dor e eventual
inflamação”, comenta o médico.
O especialista ressalta a importância de controlar o uso de dispositivos eletrônicos e incentivar a mudança de hábitos. “É importante estimular atividades que promovam o movimento natural das mãos, como esportes, brincadeiras ao ar livre e até mesmo a escrita manual, que exige uma variação maior dos movimentos”, pontua. “Precisamos alertar os pais sobre esses riscos. As mãos são essenciais para praticamente todas as atividades diárias, e lesões nessa região podem ter impactos duradouros. Criar hábitos saudáveis no uso da tecnologia agora pode evitar problemas futuros para essa geração”, conclui.
SBCM - Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão
https://www.cirurgiadamao.org.br/
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