Dra Fernanda
Weiler, médica cardiologista do Hospital Sírio Libanês de Brasília, conta como
a Medicina do Estilo de Vida pode ajudar a melhorar a qualidade da saúde do
coração da mulher
Os dados não são animadores: as doenças
cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres não apenas no
Brasil, mas no mundo todo. No Brasil especificamente, cerca de 30% das mulheres
que vão ao óbito, são decorrentes de acidentes cardiovasculares, uma
porcentagem alta e que representa mais que o dobro dos casos de câncer de mama
ou de colo do útero juntos (dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia). E se
os dados assustam, outro dado espantador: grande parte desses 30% poderiam ser
evitáveis se prestassem mais atenção às nossas escolhas de vida.
Ainda existe uma lacuna bastante significativa no que diz respeito à prevenção
e diagnósticos das doenças cardiovasculares, um problema que mora na escassez
da conscientização a respeito dessas doenças, especialmente para as mulheres. E
conhecimento, como todo mundo sabe, é o que promove de fato as mudanças que
precisamos para melhorar.
“A
saúde do coração da mulher é bastante diferente da do homem, especialmente por
conta de fatores hormonais. Mas é preciso alertar que os desafios que a mulher
enfrenta em sua saúde cardíaca também dependem dos contextos emocionais e até
mesmo sociais. Gestação, menopausa, uso de anticoncepcionais, de medicações que
prometem emagrecimento em tempo recorde, o estresse, a sobrecarga mental…tudo
isso é muito presente na rotina da mulher e todos esses fatores desempenham um
papel fundamental no aumento do risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares”, explica a cardiologista e médica certificada
internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida, doutora Fernanda Weiler.
E não é só no aumento do risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares
que as mulheres estão em maior risco que os homens, os sintomas das doenças
também podem ser manifestados de maneira diferente quando comparamos aos
homens. Se na população masculina os sintomas mais comuns são intensa dor no
peito, nas mulheres os sintomas costumam ser mais sutis, como fadiga, falta de
ar e dor em regiões como pescoço, costas e mandíbula. “A
diferença entre os sintomas manifestados podem levar a sub-diagnósticos,
resultando na demora de um tratamento adequado. Por serem sintomas bastante
fora do que normalmente se espera quando se fala em doenças do coração, muitas
mulheres acabam por ‘deixar para lá’ ou considerarem que estão ansiosas. Essa
falta de ajuda profissional pode ser a diferença entre uma vida salva ou não”,
completa Fernanda.
Mas não é apenas no tratamento que podemos diminuir
os 30% apresentados como dados de mortalidade das doenças cardíacas nas
mulheres. As escolhas de vida, ou seja, os hábitos adotados todos os dias são
fundamentais na prevenção ou no risco diminuído de uma doença do coração. “O cuidado
com a saúde cardíaca está muito além da realização de exames de rotina ou uso
de medicamentos, embora esse dois sejam de fundamental importância”,
diz a doutora. “Alimentação equilibrada e natural, com poucos alimentos ultraprocessados
ou industrializados, prática constante de atividade física, controle do
estresse, boas noites de sono, controle do uso de álcool e tóxicos e até mesmo
as nossas relações interpessoais são pilares que são fundamentais para um
coração saudável”, completa a cardiologista.
Os resultados de um estilo de vida saudável são
comprovados em estudos conduzidos em diferentes universidades ao redor do mundo
e eles surpreendem: cerca de 80% dos eventos cardiovasculares podem ser
prevenidos através de escolhas saudáveis de vida.
“As mulheres precisam se priorizar, se escolher.
Muitas vezes, cuidamos de todos ao nosso redor e esquecemos de olhar para nossa
própria saúde. Mas para que possamos cuidar de quem amamos, desenvolver o
trabalho que tanto gostamos e aproveitarmos o melhor da vida, é preciso que
cuidemos antes de mais nada, da nossa saúde - do coração, inclusive. Pequenas
mudanças no dia a dia têm um impacto gigantesco na nossa qualidade de vida e
longevidade”, finaliza a médica.
Dra Fernanda Weiler - formada em medicina pela Universidade de Brasília (UNB) com residência em cardiologia pela mesma Universidade. É membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida. Entre 2014 e 2015 foi professora da UNB, mesma Universidade em que se formou. Sua extensão em Medicina do Estilo de Vida, feita na Harvard Medical School (EUA) fez com que Dra Fernanda passasse a olhar a saúde cardíaca como resultado também (e principalmente) das escolhas de vida de cada pessoa. Defensora da atividade física e da promoção dos bons hábitos, dedica parte de sua carreira a incentivar seus pacientes e seguidores das redes sociais a adotarem melhores hábitos no que tange aos seis pilares da Medicina do Estilo de Vida. Dra Fernanda é também co-fundadora do grupo “Mais uma D.O.S.E (dopamina, ocitocina, serotonina, endorfina)”, que visa a melhora na qualidade de vida através da Medicina do Estilo de Vida.
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