Ensaio clínico realizado em 20 países
aponta que ribociclibe combinado à terapia endócrina, pode mudar padrão de
tratamento do subtipo mais prevalente do câncer de mama
No Dia Internacional da Luta pela Saúde da Mulher (28/05), o
câncer de mama ainda é a principal causa de morte por câncer em mulheres,
segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Apesar dos avanços terapêuticos,
o risco de recidiva ainda é um desafio. O NATALEE, um estudo internacional
sobre a doença, com participação do Hospital Moinhos de Vento em
parceria com a Novartis, traz dados promissores: a combinação do medicamento
ribociclibe com a terapia hormonal reduziu em 25% o risco de recorrência em pacientes
com câncer de mama inicial do subtipo hormonal positivo (HR+) e negativo para o
receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2-) – proteína
que se encontra na superfície das células –, o mais prevalente entre as
mulheres.
Esse subtipo, HR+/HER2-, representa cerca de 3/4 de todos os casos
da doença. Mesmo com a terapia endócrina padrão, cerca de 13% das pacientes
apresentam recidiva nos três primeiros anos após o tratamento, e o risco pode
se estender por até duas décadas. O estudo NATALEE foi desenvolvido justamente
para enfrentar esse desafio.
A pesquisa acompanhou 5.101 mulheres de 20 países com câncer de
mama inicial, divididas em dois grupos: o grupo 1 recebeu ribociclibe combinado
com hormonioterapia (inibidores da aromatase não esteroidais - AINEs), enquanto
o grupo 2 não recebeu o medicamento e foi tratado apenas com hormonioterapia.
Depois de 33 meses de acompanhamento, os resultados mostraram uma redução de
25% no risco de recorrência invasiva da doença no grupo que utilizou
ribociclibe.
Em três anos, as taxas de sobrevida livre de recidiva foram de
90,7% no grupo 1 que combinou o tratamento com ribociclibe, em comparação a
87,6% de sucesso das pacientes que receberam apenas o tratamento hormonal,
representando um benefício absoluto de 3,1%. O efeito positivo foi consistente
entre os principais subgrupos, incluindo pacientes com câncer em estágio II e
III, com ou sem linfonodos comprometidos. O principal diferencial do tratamento
está na adição dessa medicação ao tratamento padrão, melhorando a perspectiva
de diminuir o risco de retorno do câncer.
“A pesquisa representa uma oportunidade valiosa para os pacientes,
ao oferecer uma opção de tratamento mais avançada e contribuir para a evolução
da medicina. É uma abordagem mais personalizada e precisa, pensada a partir de
diferentes perfis e fatores de risco”, afirma José Roberto Rossari, Oncologista
Clínico do Hospital Moinhos de Vento, também um dos pesquisadores participantes
no estudo.
Embora os dados de sobrevida global ainda sejam iniciais, as taxas
foram altas em ambos os grupos: 97,0% com ribociclibe e 96,1% sem o
medicamento, reforçando o potencial de benefício a longo prazo.
A pesquisa. O NATALEE é um ensaio clínico multicêntrico, randomizado e de fase
III, conduzido em 20 países. O estudo teve como objetivo avaliar se o ribociclibe,
já aprovado para casos avançados com metástase, também poderia prevenir a
recidiva quando administrado logo após a cirurgia e os tratamentos iniciais,
como radioterapia e quimioterapia em pacientes de alto risco. “A medicação
combinada à terapia hormonal padrão tem o potencial de atuar tanto na prevenção
do reaparecimento do câncer quanto no controle de casos recorrentes. O que nos
permitiu implementar o tratamento às nossas pacientes no Moinhos de
Vento", comemora Sérgio Roithmann, Chefe do Serviço de Oncologia do
Hospital Moinhos de Vento.
Dados mundiais do câncer de mama. Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), foram registrados 2,3 milhões de novos casos e 670 mil mortes em 2022. Até 2050, a expectativa é de que esses números cresçam para 3,3 milhões de diagnósticos e 1,1 milhão de óbitos anuais, crescimento de 38% e 68%, respectivamente. No Brasil, a projeção da IARC é de 54,5% de aumento de novos casos, passando de 94,7 mil registrados em 2022 para expressivos 146,3 mil em 2050.
Hospital Moinhos de Vento
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