Pesquisar no Blog

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

ESG & NEGACIONISMO DEI

 Como priorizar iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) em tempos de escassez?

 

Em tempos de crise, quando o dinheiro está curto e cada decisão de investimento passa pela lente da urgência e da eficiência, priorizar Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) torna-se um exercício de resiliência estratégica. A pressão por resultados imediatos muitas vezes empurra as iniciativas alinhadas a essa pauta para um canto vulnerável das planilhas orçamentárias, mas o impacto da negligência reverbera muito além dos números. Por outro lado, se feito direito, pode ser justamente o que salva uma empresa no longo prazo. Vamos descomplicar isso e ver como priorizar DEI, mesmo quando o orçamento está apertado?

Primeiro, vamos tirar o elefante da sala: DEI não é só sobre "fazer o bem". É sobre resultados. Estudos mostram que empresas diversas são mais inovadoras, tomam decisões melhores e têm maior retenção de talentos. E, em um mundo onde a Geração Z (aquela galera que já está dominando o mercado de consumo) valoriza empresas que praticam o que pregam, ignorar DEI é um tiro no pé. Ou seja, não é lucrativo ser um negacionista da inclusão.

Saibam que, segundo o relatório Consumidor do Futuro 2025, 67% dos jovens entre 16 e 34 anos no Reino Unido procuram empresas que promovam uma economia mais justa; e 75% fazem a conexão entre a crise climática e os sistemas capitalistas. Para essas pessoas, a inclusão não é um detalhe; antes, é uma exigência. Empresas que ignoram essas expectativas arriscam perder relevância – e mercado.

Mas, e quando o dinheiro está curto? Aí é que entra o pulo do gato: priorizar DEI não significa gastar mais, mas gastar melhor. É sobre focar no que realmente gera impacto. E, olha só, os dados mostram que, em tempos de crise, os grupos mais marginalizados – como pessoas trans – são os primeiros a sentir o baque. Os relatórios da TransEmpregos mostram que, desde 2023, houve uma queda na oferta de empregos para pessoas trans. Isso é um alerta de que estamos retrocedendo.

Precisamos colocar no radar as iniciativas que geraram impacto real no passado, e quais têm potencial para moldar o futuro da organização. Sem metas claras, a DEI corre o risco de se dissolver na abstração, quando deveria ser uma âncora em momentos de incerteza.

Aqui vão algumas dicas práticas e que cabem no bolso.

  • Treinamentos para Inclusão da Diversidade: contratar um curso focado em preparar as pessoas colaboradoras para as novas demandas da diversidade, melhorar a retenção de talentos diversos e adotar uma cultura de colaboração e crescimento organizacional já fazem uma diferença enorme. E o melhor: muitos desses treinamentos podem ser feitos on-line, com custos reduzidos.
  • Grupos de Afinidade (GA): adotar rodas de conversas e programas de mentorias para acelerar e desenvolver habilidades de forma colaborativa; esses espaços são essenciais para nutrir a comunidade e para fazer com que as pessoas se sintam acolhidas e tenham voz ativa na empresa.
  • Voluntariado corporativo com ONGs e Coletivos: investir em programas do terceiro setor, tendo em contrapartida a oportunidade de engajar as pessoas colaboradoras em atividades voluntárias. Essas parcerias podem ajudar a identificar talentos e trazer insights valiosos para resolver problemas internos. E, de quebra, é uma excelente forma de fortalecer a imagem da empresa como socialmente responsável.
  • Programas de empoderamento e desenvolvimento de lideranças LGBTI+: contratar programas específicos para desenvolver lideranças da comunidade LGBTI+, incluindo pessoas trans. Isso não só ajuda a construir uma cultura de inclusão, mas também prepara a empresa para ter líderes diversos e representativos. E, claro, isso pode ser feito com mentorias internas e em parceria com consultoria especializada.
  • Agregar DEI a todas as áreas: integrar em todas as áreas da empresa os conhecimentos e os valores da DEI – do recrutamento até o marketing, passando pela gestão de pessoas e todas as tomadas de decisões. Isso pode ser feito criando regulamentos, comunicados semanais e induzindo na cultura o comportamento inclusivo.

Essas práticas vão ajudar as organizações a navegar pelas complexidades de um mercado que exige, cada vez mais, responsabilidade social e inclusão óbvia. Então, a próxima vez que alguém disser que DEI pode esperar, lembre-se: inclusão não é um gasto, é um investimento. E, em um mundo que está mudando rapidamente, quem não investir nisso vai ficar para trás.

 

Judá Nunes - licenciada em Teatro pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Especialista em Educação para Inclusão da Diversidade, analista de ESG e reconhecida como LinkedIn Top Voices Orgulho, tem atuado como educadora, gestora de projetos, comunicadora, escritora, palestrante e consultora; a especialista se destaca como mentora de um novo tempo, oferecendo insights sobre a dinâmica da diversidade no século XXI. Desde 2016, seus estudos em gênero, educação, movimentos sociais, trabalho e transformação humana culminaram no desenvolvimento de uma metodologia exclusiva e crítico-analítica para a formação de executivos na educação corporativa e para a gestão de projetos de impacto social, com foco em DEI. Sua paixão pela promoção da inclusão reflete-se em sua missão de comunicar e impactar positivamente, eliminando barreiras e conscientizando sobre vieses.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados