Estudo aponta que a longa espera na
fila do SUS impacta diretamente na saúde, levando milhões de brasileiros a
recorrer a alternativas do setor privado
O Instituto Locomotiva acaba de divulgar a pesquisa “A Classe C
e a Saúde: os Desafios de Acesso a Exames e Consultas”,
com um retrato aprofundado sobre as dificuldades enfrentadas por esse segmento para
conseguir atendimento médico. O levantamento evidencia que a demora na marcação de consultas e
exames, além de gerar frustração, pode agravar problemas de saúde e
comprometer tratamentos.
“A defesa do SUS, ainda mais depois da pandemia, é quase uma
necessidade civilizatória”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto
Locomotiva. De acordo com ele, “os dados podem servir como insumo para gestores
públicos buscarem soluções para resolver o dilema das filas para consultas e
exames”.
Ainda segundo ele, “a pesquisa mostra que essa
demora, muitas vezes, faz com que o diagnóstico atrase e doenças que poderiam
ser facilmente tratadas acabam se agravando. A imensa maioria dos
entrevistados, 94% deles, acredita que reduzir o tempo de espera para consultas
e exames deveria ser uma prioridade dos governantes”.
O levantamento também aponta que a população vê̂
benefícios na integração entre os sistemas público e privado, com 95% dos
entrevistados apoiando medidas que facilitem o compartilhamento de informações
entre os dois setores.
Principais conclusões
O estudo revela que a Classe C lida com barreiras significativas
no acesso à saúde e, diante da demora no SUS, muitos buscam alternativas no
setor privado. Os dados levantados pela pesquisa mostram que:
● 94% dos brasileiros da Classe C consideram que o tempo de espera
no SUS coloca em risco a vida de muitos brasileiros.
● 63% enfrentaram pessoalmente ou conhecem alguém que teve um
problema de saúde agravado pela demora no atendimento.
● 38% desistiram de uma consulta com especialista no SUS e
recorreram ao setor privado.
● 32% desistiram de uma consulta com médico generalista no SUS e
buscaram atendimento particular.
● 92% são favoráveis à oferta de um produto de saúde mais barato
com cobertura exclusiva para consultas e exames.
● 96% acreditam que essa alternativa pode melhorar o acesso ao
atendimento médico.
● 91% avaliam que essa solução pode contribuir para reduzir as
filas para consultas e exames no SUS.
Metodologia da pesquisa
O estudo foi realizado entre os dias 19 e 21 de novembro de 2024, com 1,5 mil entrevistas distribuídas em todas as regiões do Brasil e aplicadas via autopreenchimento digital. A amostra foi ponderada por gênero, faixa etária, classe social e escolaridade, seguindo os parâmetros da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (PNADC) do IBGE. A margem de erro estimada é de 2,6 pontos percentuais.
“A Classe C é objeto constante dos nossos estudos há́ mais de duas décadas”, diz Meirelles. “Essa nova pesquisa é uma iniciativa da própria Locomotiva, como parte de um estudo maior que estamos realizando sobre os 20 anos da classe C no Brasil. A ideia é que se some as outras pesquisas que embasarão um livro sobre tema”.
Com ampla experiência na análise de comportamento e tendências
sociais, o Instituto Locomotiva reforça que essa pesquisa qualifica o debate
sobre o acesso à saúde no Brasil, trazendo dados concretos sobre os desafios
enfrentados pela Classe C. O estudo também se insere no contexto das discussões
sobre novas alternativas reguladas para a saúde suplementar, a exemplo da
proposta de um novo produto com cobertura para consultas e exames, que está
sendo avaliada por meio de consulta pública pela ANS.
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