Especialistas da Sociedade Brasileira
de Oncologia Clínica (SBOC) alertam sobre risco de câncer de pele e orientam
sobre a prevenção da doença.
Segundo uma pesquisa realizada pela Iarc (sigla em
inglês para Agência Internacional para Pesquisa do Câncer), braço da
Organização Mundial da Saúde (OMS) para a pesquisa na área oncológica, o risco
de câncer de pele aumenta em cerca de 75% quando as pessoas fazem uso de
câmaras de bronzeamento artificial antes dos 30 anos. O órgão elevou o nível de
alerta da prática difundida em diversos países. No último dia 03 de janeiro, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou, em nota, que as
câmaras de bronzeamento são proibidas em todo o território nacional.
Em novembro deste ano, dois estabelecimentos
fabricantes desses equipamentos foram interditados na Grande São Paulo em uma
operação conjunta da Anvisa com a polícia, sendo apreendidas 30 câmaras.O Dr.
Rodrigo Munhoz, médico oncologista e coordenador do Comitê de Tumores de Pele
da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), explica que a exposição à
radiação ultravioleta (UV) por meio do bronzeamento artificial é extremamente
prejudicial à pele, podendo causar queimaduras, o envelhecimento precoce e até
o desenvolvimento de tumores.
“A regulamentação para as câmaras de bronzeamento
artificial varia conforme o país e no Brasil elas são proibidas”.O desejo de
uma pele com aparência bronzeada, no entanto, leva às pessoas a se submeterem a
sessões de bronzeamento artificial em clínicas clandestinas, adverte o médico
oncologista: “Mesmo assim, há alternativas mais seguras que promovem o bronze
temporário, como o bronzeamento a jato, no qual é aplicado um spray na camada
superior da pele, e cremes autobronzeadores, que não requerem a exposição à
radiação UV. De todo modo, há pessoas que podem ter alergia a esses produtos”.
Câncer de pele - Especialistas
da SBOC esclarecem sobre esse tipo de tumor, que é o mais frequente no Brasil.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam 180 mil novos casos de
câncer de pele anualmente no País, destes, até 95% são diagnósticos de câncer
não-melanoma e em torno de 5% de câncer melanomas.
O médico oncologista Antonio Carlos Buzaid, membro da SBOC, detalha que há diferenças entre o câncer não-melanoma e o melanoma: “Eles nascem de células diferentes. Enquanto o melanoma nasce de células que produzem a melanina, o melanócito, os outros cânceres de pele são mutações devido à exposição solar, mas em outros tipos de célula da pele”. Ele também conta que o melanoma é mais agressivo e quanto mais profundo, maior a chance de ele entrar nos canais linfáticos ou nos vasos sanguíneos e se espalhar, ameaçando a vida do paciente. “Então, quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cura”, afirma.
Em aspectos gerais, o desenvolvimento do câncer de pele está relacionado à exposição à radiação UV sem proteção adequada e a um histórico da doença na família. Munhoz orienta que as pessoas evitem se expor ao sol nos períodos com radiação mais nocivas (das 10 às 16 horas) e não se submetam a câmaras de bronzeamento artificial.
“Para se expor ao sol, é necessário usar protetor solar com fator de proteção solar mínimo de 30, o qual deve ser reaplicado a cada 2 horas ou sempre após entrar no mar ou piscina, e vestir roupas, boné ou chapéu e óculos escuros para proteger as áreas mais expostas”, diz o coordenador do Comitê de Tumores de Pele da SBOC. “O ideal é deixar o protetor solar ao lado da escova de dente para se lembrar de aplicar o protetor solar na pele já de manhã”, sugere ele.
Os especialistas chamam a atenção a sinais como feridas que não cicatrizam, manchas ou nódulos na pele de crescimento rápido e pintas com ardência ou sangramento. Os critérios ABCDE ajudam a identificar pintas suspeitas e que devem ser mostradas para um médico dermatologista. Tais critérios dizem respeito a pintas com Assimetria, Bordas irregulares, com Cor mais escura, com Diâmetro variável e de Evolução constante. Além disso, tumores de pele podem surgir em áreas pouco expostas ao sol, como palmas das mãos e plantas dos pés.
Caso esses sinais sejam notados, os especialistas
orientam que um dermatologista seja procurado.
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