Desde 2018, o
limite de faturamento anual do Microempreendedor Individual (MEI) permanece
fixado em R$ 81.000,00, um valor que já não acompanha a realidade econômica do
país. Com a inflação acumulada e o aumento do salário mínimo, muitos pequenos
empresários enfrentam dificuldades para se manter dentro dessa faixa, o que
limita o crescimento de seus negócios. "O limite atual não reflete mais a
realidade econômica", afirma André Charone, contador e professor
universitário com formação em Empreendedorismo em Países Emergentes pela Universidade
de Harvard, nos Estados Unidos. "Um ajuste é essencial para a
sustentabilidade dos pequenos negócios."
Projetos
de Lei em Tramitação
Atualmente, há
diversos projetos no Congresso Nacional que buscam ajustar o limite de
faturamento do MEI. Entre eles, destaca-se o Projeto de Lei Complementar (PLP)
108/2021, que propõe aumentar o limite para R$ 144.000,00 anuais, permitindo um
faturamento mensal de até R$ 12.000,00. Essa proposta visa não apenas atualizar
o limite com base na inflação, mas também estimular a formalização e o
crescimento dos pequenos negócios.
Outra proposta
discutida no Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
sugere uma "rampa de transição" para facilitar a mudança do MEI para
microempresa, proporcionando um período de adaptação sem a aplicação retroativa
de impostos. Essa medida visa evitar penalizações severas para empreendedores
que ultrapassem o limite de faturamento devido a picos de vendas ocasionais.
A
Necessidade de Reajuste com Base na Inflação
Desde 2018, a
inflação tem corroído o poder de compra e aumentado os custos operacionais.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o reajuste
necessário para manter o poder aquisitivo seria de aproximadamente R$
115.000,00. Este ajuste permitiria que os MEIs mantivessem a competitividade
sem precisar migrar para categorias tributárias mais onerosas.
Comparação
com o Salário Mínimo
Outra métrica
para o ajuste do limite de faturamento é o salário mínimo. Em 2018, o salário
mínimo era de R$ 954,00, e em 2024, é de R$ 1.412,00. Seguindo essa lógica, o
limite de faturamento do MEI deveria ser próximo a R$ 120.000,00 para refletir
o aumento do custo de vida e dos salários.
Impacto
no Dia a Dia dos Empreendedores
Para muitos
microempreendedores, o limite de faturamento estagnado significa desafios
constantes. “Se o limite fosse ajustado, mais pessoas estariam dispostas a se
formalizar, contribuindo para a economia local”, comenta André Charone. A falta
de atualização empurra muitos empreendedores para a informalidade ou para
categorias tributárias mais complexas e custosas, o que contraria os objetivos
de simplificação e incentivo à formalização que motivaram a criação do MEI.
Caminho
para o Futuro
"Além de
reajustar o limite, é essencial rever periodicamente essa faixa, adaptando-a às
realidades econômicas e sociais do país", destaca Charone. Com milhões de
MEIs operando no Brasil, ajustar o limite de faturamento poderia estimular a
economia e promover um crescimento sustentável para os pequenos negócios,
fortalecendo a base econômica do país.
Os debates e
propostas em tramitação no Congresso são um passo na direção certa, mas a
urgência de um ajuste imediato não pode ser ignorada. O aumento do limite de
faturamento não é apenas uma questão de justiça para os microempreendedores,
mas também uma estratégia vital para fomentar o desenvolvimento econômico e
reduzir a informalidade no Brasil.
Em resumo, enquanto o projeto de lei não é aprovado, os empreendedores devem estar atentos às suas obrigações fiscais e buscar aconselhamento contábil para evitar problemas com o fisco. A atualização do limite de faturamento é uma necessidade premente que pode gerar benefícios significativos para a economia brasileira, promovendo a inclusão e o crescimento sustentável dos pequenos negócios.
André Charone - contador, professor universitário, Mestre em Negócios Internacionais pela Must University (Flórida-EUA), possui MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV (São Paulo – Brasil) e certificação internacional pela Universidade de Harvard (Massachusetts-EUA) e Disney Institute (Flórida-EUA). É sócio do escritório Belconta – Belém Contabilidade e do Portal Neo Ensino, autor de livros e dezenas de artigos na área contábil, empresarial e educacional. André lançou dois livros com o tema "Negócios de Nerd", que na primeira versão vendeu mais de 10 mil exemplares. Os livros trazem lições de gestão e contabilidade, baseados em desenhos e ícones da cultura pop.
Instagram: @andrecharone
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