Especialista do CEJAM explica a
importância do diagnóstico precoce
As cardiopatias congênitas são malformações
estruturais ou distúrbios do ritmo cardíaco que afetam a formação e o
funcionamento do coração ainda durante a fase fetal, dentro do útero materno.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30 mil crianças nascem com
essa condição no Brasil anualmente, sendo que aproximadamente 40% delas
necessitam de cirurgia ainda no primeiro ano de vida.
Esse "defeito" no coração é uma das principais causas de
mortalidade infantil e a terceira maior causa de óbitos no período neonatal. As
cardiopatias, que podem variar de pessoa para pessoa, são subcategorizadas em
dois tipos: cianogênicas e acianogênicas.
"As cianogênicas são caracterizadas por um fluxo pulmonar
reduzido ou por defeitos que causam a mistura do sangue dentro do coração. Por
outro lado, as acianogênicas estão associadas a um fluxo pulmonar normal ou
elevado", explica o Dr. Jaime da Conceição Padeiro Junior, cardiologista
pediátrico do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”.
As malformações cardíacas estruturais, geralmente, ocorrem por
volta da 8ª semana de gestação, período em que se dá a formação do sistema
circulatório do bebê. Toda pessoa diagnosticada já nasce com a condição.
"Algumas patologias maternas podem estar associadas, como lúpus
eritematoso sistêmico, rubéola e diabetes gestacional, entre outras",
esclarece o profissional.
O diagnóstico pode ser feito precocemente pelo ecocardiograma
fetal, enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe. Desde junho de 2023, o exame
faz parte do protocolo de pré-natal e tornou-se obrigatório pela rede pública
de saúde do Brasil.
"Os recém-nascidos são extremamente vulneráveis às infecções,
e quando não há esse diagnóstico, torna-se difícil planejar um parto adequado.
Dependendo do caso, alguns bebês portadores necessitam de assistência logo após
o nascimento, o que torna mais efetivo o tratamento e a prevenção de
sequelas", acrescenta o Dr. Jaime.
Antes da alta hospitalar, é comum, ainda, a realização do teste do
coraçãozinho, que também faz parte da triagem neonatal do SUS. Feito entre 24 e
48 horas após o nascimento, ele reforça o direcionamento de diagnóstico precoce
de possíveis doenças cardíacas congênitas, reduzindo a proporção de bebês que
são liberados do hospital sem o reconhecimento de complicações nesse sentido.
A progressão da doença não segue um padrão fixo, podendo se
apresentar de forma mais grave, onde os bebês necessitam de suporte logo após
vir ao mundo, ou de formas mais simples, com resolução espontânea ou acompanhamento
clínico ambulatorial. Por isso, dependendo do tipo da alteração no coração, nem
sempre é possível esse diagnóstico na primeira fase da vida.
Assim, bebês que apresentam cansaço ao mamar, dificuldade em
ganhar peso, irritação frequente e lábios ou pontas de dedos arroxeados devem
receber acompanhamento médico. Em outras faixas etárias, sintomas como fadiga,
cansaço e falta de ar podem indicar um alerta para a busca de ajuda.
"Ao notar algum desses sintomas no bebê, é importante
retornar à unidade de saúde para uma avaliação com um cardiologista pediátrico,
além de realizar uma ecocardiografia transtorácica", destaca o
profissional.
Para bebês,
crianças e adultos diagnosticados, os tratamentos, que dependem de cada caso,
podem ser clínicos (realizados através da avaliação médica e uso de medicações)
ou envolver intervenções cirúrgicas ou hemodinâmicas.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “ Dr. João Amorim”
@cejamoficial.
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