Comunidade médica
do país se mobiliza neste mês de novembro para alertar o público sobre as
causas associadas ao distúrbio que, além de comprometer a audição, pode ser
indicativo de doenças mais graves
Levantamento publicado em 2022 pela revista
científica JAMA Neurology aponta que o chamado “zumbido de ouvido”
(também chamado de tinnitus ou acúfenos) está presente na vida de
aproximadamente 740 milhões de pessoas pelo mundo. Ou seja, 14% da população
mundial adulta sofre com esse problema.
No Brasil, são cerca de 28 milhões que fazem parte dessa atordoante
estatística, conforme dados da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde. Uma
questão, portanto, que desafia toda a sociedade mundial e, claro, merece a
nossa atenção.
É por essa razão, a propósito, que, anualmente, a comunidade médica se mobiliza
em torno da campanha “Novembro Laranja”. O objetivo é justamente conscientizar
a população sobre a realidade preocupante do aumento de problemas do ouvido em
todas as idades e motivar mais profissionais da saúde a abraçarem as causas
relativas ao zumbido.
"Não se trata propriamente de uma doença, mas de um sintoma que pode ser
provocado por inúmeros problemas clínicos, otológicos ou neurológicos. Por
isso, o zumbido sempre deve ser investigado. Quando o indivíduo começa a
apresentar esse tipo de sintoma, deve procurar um médico para avaliação",
alerta o Dr. José Ricardo Gurgel Testa, otorrinolaringologista do Hospital
Paulista - referência em saúde de ouvido, nariz e garganta.
De acordo com o médico, algumas condições que levam ao zumbido podem ter origem
no próprio sistema auditivo ou em outros sistemas que afetam o ouvido de forma
indireta. A perda da audição é a mais comum e pode ser decorrente da
deterioração das células sensoriais do ouvido, problemas que alteram a condução
do som, exposição a ruídos intensos ou mesmo à presença de excessiva de cerume
nos canais auditivos.
Outras causas associadas são possíveis alterações dos ossículos da audição;
doença de Ménière (que causa zumbido, vertigem e perda de audição); e neurinoma
do acústico (tumor raro que acomete o nervo auditivo), dentre outros distúrbios
relacionados à articulação têmporo-mandibular, metabolismo, sistema
cardiovascular e, até mesmo, a quadros de depressão e hábitos de consumo pouco
saudáveis.
Diagnóstico e tratamentos
O diagnóstico, segundo o especialista, depende da avaliação do tipo de
zumbido (ou seja, qual a emissão sonora que é captada); quando surge; o tempo
que dura; além dos sintomas associados, que eventualmente podem incluir
tontura, desequilíbrio ou palpitações, por exemplo.
Um dos exames mais recomendados é a acufenometria,
que consiste na emissão de sons com determinadas frequências até o paciente
identificar um som semelhante ao zumbido que o incomoda. O procedimento é
realizado a partir da avaliação de um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista,
com o audiômetro – equipamento utilizado para a obtenção dos limiares
auditivos.
Esse trabalho de investigação,
ainda segundo o médico, também inclui a observação interna dos ouvidos,
mandíbula e vasos sanguíneos da região, além de exames de imagem, como
tomografia computadorizada ou ressonância magnética, que podem identificar de
forma mais precisa alterações cerebrais ou na estrutura dos ouvidos.
"Para tratar o zumbido, é necessário conhecer a sua causa. Algumas vezes,
o tratamento é simples, podendo incluir a remoção de cera pelo médico
otorrinolaringologista, o uso de antibióticos para tratar a infeção ou uma
cirurgia para corrigir defeitos no ouvido, por exemplo”, afirma.
Entretanto, em alguns casos, conforme o Dr. Testa, o tratamento é demorado e
mais complicado, podendo necessitar de um conjunto de terapias que podem ajudar
a aliviar os sintomas ou a diminuir a percepção do zumbido. “Por isso, é
importante que as pessoas tenham consciência sobre o tema e investiguem as
causas”, finaliza.
Hospital Paulista de
Otorrinolaringologia
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