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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Varizes tem cura?

 Entenda as causas, os tratamentos e se há cura das varizes!


Você certamente conhece alguém que já tratou ou operou varizes e voltou a sofrer com o problema, não é? Isso é bastante comum e faz surgir uma dúvida: afinal, varizes têm cura?

A verdade é que as varizes são apenas um sinal de uma doença mais ampla. Por isso, embora possam ser tratadas, muitas vezes elas voltam a aparecer porque o problema de origem não é resolvido.

Entenda melhor tudo o que envolve esse assunto neste pequeno guia. Aqui, abordaremos brevemente as causas, os tratamentos e se há cura das varizes. Acompanhe!

 

O que são varizes e como elas surgem? 

Varizes são veias tortuosas e dilatadas que deixam de cumprir com eficiência a função de conduzir o sangue de volta ao coração, provocando o acúmulo sanguíneo nas pernas e tornozelos, que sobrecarrega os capilares e favorece o inchaço. Além disso, as veias dilatadas ficam mais visíveis e, até mesmo, deformadas sob a pele.

Isso acontece porque as veias são dotadas de válvulas unidirecionais que, associadas à contração dos músculos da panturrilha, impulsionam o sangue das pernas para cima, vencendo a gravidade. No entanto, ao se dilatarem, suas paredes se tornam mais frouxas e seu calibre aumenta, fazendo com que as válvulas comecem a falhar.

É importante ressaltar que, muito mais que uma questão de estética, as varizes são sinais de um problema de saúde mais amplo, a Doença Venosa Crônica. Essa condição afeta cerca de 38% da população adulta brasileira e se apresenta em 6 (seis) diferentes graus.


 As varizes surgem, portanto, quando a Doença Venosa Crônica (DVC) está presente. 

 

Varizes têm cura? 

Uma vez que são um sinal de uma doença crônica, as varizes podem ser tratadas e extintas, mas não têm cura, porque a causa específica do problema não é totalmente conhecida. Entretanto, sabemos que as veias dos portadores tendem a ficar debilitadas com o passar dos anos, perdendo a funcionalidade. Estudos recentes mostram um componente genético ainda não totalmente esclarecido e uma influência importante de fatores ambientais. A medida que a pessoa vai vivendo mais, maior é a atuação destes fatores. Portanto quanto mais vive o indivíduo, maior o risco de ter varizes.

Sendo assim, os tratamentos visam eliminar as veias varicosas e os sintomas associados, porém, não tratam a origem do problema. Por isso, a pessoa que tem tendência a desenvolver varizes, além de fazer o tratamento, deve adotar alguns cuidados para retardar a evolução do quadro e amenizar os sintomas. Dentre as medidas para evitar varizes, podemos citar: 

  • praticar exercícios físicos que estimulem o retorno venoso, por exemplo, caminhar 30 minutos. O retorno venoso depende também da capacidade muscular da sua panturrilha. Quanto mais forte, mais ela ajudará suas veias neste difícil trabalho de vencer a gravidade;
  • evitar permanecer sentado ou em pé sem se movimentar durante muitas horas. Se o seu trabalho exigir esta permanência ou fizer viagens longas, use meias de compressão;
  • intercalar períodos de dois a três minutos de caminhada ao longo da jornada de trabalho;
  • elevar as pernas duas vezes por dia ou, pelo menos, no fim do dia;
  • usar meias de compressão, inclusive quando se exercitar melhorará muito sua capacidade de retorno do sangue e diminuirá o inchaço;
  • cuidar da alimentação para o controle da obesidade e do inchaço do corpo. Alguns nutrientes facilitam o controle do inchaço e estimulam a circulação. Um nutricionista poderá ajudar muito. 


Quais são os tratamentos para varizes? 

Existem vários tratamentos para varizes, desde a aplicação de substâncias químicas ou o uso do calor para a inutilização da veia em questão até a retirada por meio de cirurgia. Embora o método cirúrgico seja o mais tradicional, técnicas menos invasivas evoluíram bastante nos últimos anos, tornando-se a melhor opção em muitos casos. Estas técnicas são chamadas de ablação venosa e divididas em ablação térmica (cujo princípio é o uso do calor que provoca queimadura leve no interior da veia doente) e ablação química em que a injeção de substância provoca irritação no interior da veia que se transforma em cicatriz imperceptível abaixo da pele.

 

  • Laser e radiofrequência: 

São procedimentos minimamente invasivos, utiliza o calor para provocar irritação do interior da veia doente levando a sua destruição, ou seja, queimá-la internamente. A técnica quase indolor, precisa de anestesia local, é feita com cateteres sendo indicada principalmente para o tratamento da veia safena. É frequentemente associada a outro tratamento para obter mais eficácia no tratamento das varizes propriamente ditas.

O raio laser tem múltiplos usos, dependendo do tipo de luz e pode também ser usado para tratamento de pequenos vasos superficiais até 3mm de tamanho, os “vasinhos”. Também chamado de escleroterapia a laser ou laser de superfície, esse tratamento exige cuidados como evitar a exposição da área tratada ao sol e utilizar filtro solar.

 

  • Cirurgia 

cirurgia consiste na retirada da veia doente e pode ser realizada em vasos de diferentes tamanhos e calibres, e não afeta a circulação sanguínea. Ela é indicada nos casos de doença venosa crônica em que há varizes apenas, sem sintomas ou mais graves, com a presença de sintomas como manchas, coceira, dor, etc. Já não é mais a única opção para eles.

Como todo procedimento cirúrgico, ela envolve alguns riscos e cuidados pós-operatórios. O tempo de recuperação varia em função da quantidade e do tamanho das veias retiradas, mas, em todos os casos, é necessário fazer repouso por vários dias antes de retomar as atividades normais.

 

  • Escleroterapia com espuma 

tratamento com espuma é realizado por meio da injeção de um agente esclerosante, o polidocanol na forma de espuma, nas veias afetadas, . A espuma espalha-se por todas veias doentes, promovendo a sua esclerose deixando uma cicatriz imperceptível no organismo.

O procedimento é guiado por ultrassom e deve ser realizado por um médico especialista, que determinará a concentração de polidocanol de acordo com a extensão e o calibre das veias, podendo ser usado até mesmo para veias maiores e mais grossas, incluindo a veia safena.

Além de ser uma técnica minimamente invasiva e de baixo risco, seu principal benefício é permitir o retorno imediato às funções diárias. Inclusive, exercícios físicos podem ser retomados em apenas três dias.

 

As varizes podem voltar? 

Como já explicamos, as varizes podem ser tratadas, mas não há cura definitiva. Isso significa que independentemente do tratamento adotado elas podem voltar. São as chamadas varizes recidivadas ou residuais. Estima-se que cerca de 20% a 25% dos pacientes operados apresentam varizes recidivadas e, em média, metade deles precisa de outra operação no período de 5 anos após o tratamento.

Isso acontece porque o tratamento não atinge a origem do problema, apenas elimina as veias doentes. Sem resolver a causa, nada impede que veias saudáveis continuem a adoecer e as varizes surjam novamente. 

Muitos fatores estão relacionados ao reaparecimento das varizes, principalmente genéticos. Veja alguns: 

  • genética: nesse caso, o histórico familiar deve servir de alerta para aumentar os cuidados preventivos;
  • ocupacionais: permanecer em pé ou sentado por longos períodos sem alternar a posição nem se movimentar;
  • alimentares: a obesidade também é um fator de risco para esse problema;
  • comportamentais: o sedentarismo é outra causa, por isso, é essencial caminhar por 30 minutos diariamente após o tratamento.
  • falta do uso de meia elástica durante o período do trabalho é hoje considerado fator de risco nas pessoas predispostas a desenvolver varizes. 

Além disso, outras causas para o reaparecimento do problema são: diagnóstico incompleto, falha na execução do tratamento ou cirurgia, fenômeno de neovascularização, entre outras. 

Além de entender se varizes têm cura, é importante compreender que o diagnóstico médico feito pela entrevista médica e exame de ultrassom (ecodoppler), o tratamento adequado e a prevenção devem ser associados para obter um resultado melhor. Por isso, é essencial buscar somente clínicas médicas e vasculares especializados, dotados de infraestrutura e equipamentos adequados. 



Dr. Eduardo Toledo de Aguiar - Diretor da Spaço Vascular, Presidente da Associação Brasileira de Flebologia e Linfologia, Cirurgião Vascular e Angiologista, Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
https://www.spacovascular.com.br/
IG: @spaco_vasular


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