Homens e mulheres vivem a “crise da meia idade”, mas de maneiras específicas. De uma forma geral, a crise da meia idade é caracterizada como uma fase da vida, um período de transição. Por isso, muitas vezes, é nomeada “a passagem do meio”, “a metade da vida”. Muitos teóricos da psicologia chamam de uma espécie de “adolescência” da vida adulta.
Justamente porque é um
período de ebulição naquilo que a gente chama de passagem da primeira para a
segunda metade da vida. A primeira metade vai do nascimento até, mais ou menos,
os 40, 50 anos, varia muito.
A primeira metade é quando se está na plena expansão da
consciência: a pessoa nasce, cresce, estuda, realiza projetos, consegue uma
profissão, etapa em que há identificação com um aspecto cultural, ideológico,
religioso. Também representa a fase em que ela se casa, tem filhos. É o momento
que a gente chama de “fase natural da vida”, não é?!
Já a segunda metade da vida é um período em que o ser humano lida
com questões que não foram resolvidas na primeira fase; quando também se lida
de forma mais realista com a nossa finitude. Começa a aparecer, por exemplo, o
medo do envelhecimento, o medo da morte.
Nesse período, geralmente, os pais começam a adoecer ou falecem.
Aparece então um certo pavor, pânico de enfrentar essa segunda metade da vida.
Contudo, não deixa de ser um período de grandes descobertas, no qual a gente
ressignifica a vida, caminha muito mais para a sabedoria, para o sentido da
existência.
A crise da meia idade não é uma questão muito cronológica, e sim
de desenvolvimento psicológico. Por exemplo, um dos primeiros sinais é essa
insatisfação generalizada, com tudo o que se tinha numa vida comum até aqui, e
que, de repente, começa a tornar a vida mais ‘cinza’. Começa a ter uma
insatisfação com o cônjuge, com o trabalho, com os filhos, que provavelmente já
estão crescidos, na adolescência ou até na vida adulta.
A isso existe uma certa nostalgia associada ao passado. Coisas que
estavam lá atrás começam a ser desenterradas. Surgem pensamentos sobre o que se
poderia ter feito melhor da vida. Há a sensação que poderia ter vivido mais.
Principalmente para as mulheres, surge uma preocupação excessiva com as marcas
do envelhecimento, com o corpo, com a aparência física.
E, por causa de um processo de transição para a segunda metade da
vida, pode-se colocar a perder muito das suas conquistas, como, por exemplo,
família, filhos. Então, é preciso ter muito cuidado, porque, muitas vezes, o
problema não é o casamento, o emprego, aquilo que se conquistou na primeira
metade da vida, mas justamente essa ebulição que traz para fora questões não
resolvidas na primeira metade da vida. E não se pode mais caminhar com essas
coisas escondidas!
Vale a pena procurar uma ajuda terapêutica. O acompanhamento
psicológico é muito importante nessa fase, quando chega “a crise da meia
idade”, para que se viva bem essa transição, essa passagem, a adolescência da
vida adulta.
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