A Semana Mundial de Aleitamento Materno, um evento anual que começa no dia 1 de agosto e vai até o dia 7, celebra e promove a importância da amamentação para a saúde e o bem-estar de mães e bebês ao redor do mundo. Durante esta semana, há a conscientização e incentivo à prática da amamentação, destacando seus benefícios para o desenvolvimento saudável das crianças e o fortalecimento do vínculo entre mãe e filho.
Segundo recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), as crianças até os seis meses de vida, devem receber o aleitamento materno exclusivo, sendo apenas o leite materno, evitando a inclusão de qualquer outro tipo de alimento complementar ou bebidas.
De acordo com Michelle Ferreira, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais), especialista em nutrição na saúde da mulher e fertilidade, os principais benefícios nutricionais da amamentação para o bebê representam a redução em 13% da mortalidade até os cinco anos, evita diarréia e infecções respiratórias, diminui o risco de alergias, diabetes, colesterol alto e hipertensão, leva a uma melhor nutrição e reduz a chance de obesidade. Além disso, o ato contribui para o desenvolvimento da cavidade bucal do pequeno e promove o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.
O sistema imunológico da criança também é favorecido, pois a transferência de imunoglobulinas antimicrobianas maternas por meio do leite materno confere imunidade passiva à criança amamentada enquanto seu sistema imunológico está amadurecendo.
A exposição precoce a antígeno oral por
meio do leite materno leva à tolerância ou a memória imunológica, dependendo da
natureza do antígeno transferido e acompanhando os cofatores presentes no leite
materno. As alergias e intolerâncias são processos mediados pelo sistema
imunológico e durante a amamentação o bebê recebe toda a parte
imunológica que a mãe adquiriu em toda sua vida, é de fundamental importância a
amamentar. Os estudos mostram que o fator de proteção para a criança não ter
alergia ou ter a possibilidade de ficar curada o mais rápido possível é a
amamentação.
· Cuidados da mãe lactante quanto à nutrição
Para as mulheres, os benefícios da amamentação, tanto no aspecto físico quanto emocional são diversos. Michelle diz que um dos principais benefícios no aspecto físico é a aceleração na perda de peso que muito incomoda as mulheres nesse momento. Existem estudos relacionando a redução da incidência de cânceres de mama, ovário e endométrio durante o período de lactação.
Acredita-se que a
amamentação traz benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. “Uma
amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e
filho certamente fortalecem os laços afetivos entre eles, oportunizando
intimidade, troca de afeto e sentimentos de segurança e de proteção na criança
e de autoconfiança e de realização na mulher”, diz a nutricionista. A
amamentação é uma forma muito especial de comunicação entre a mãe e o bebê e
uma oportunidade de a criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e
confiança.
Quanto às recomendações nutricionais específicas para mães que amamentam para garantir a qualidade e quantidade adequada de leite materno, é importante saber que as mulheres que amamentam necessitam de aproximadamente 500 kcal/dia adicionais além do recomendado para mulheres não grávidas. A estimativa é derivada do volume médio de leite materno produzido por dia (média de 780 mL, faixa de 450-1200 mL) e o conteúdo de energia do leite (67 kcal / 100 mL). Durante a gravidez, a maioria das mulheres armazena de 2 a 5 kg (19.000 a 48.000 kcal) extras em tecido, principalmente como gordura, em preparação fisiológica para a lactação. Se as mulheres não consumirem as calorias extras, as reservas corporais serão usadas para manter a lactação. Por isso, não é incomum que as mulheres lactantes percam 0,5-1,0 kg / mês após o primeiro mês pós-parto.
Há ainda menos
recomendações baseadas em evidências para a ingestão de nutrientes durante a
amamentação em comparação com a gravidez. A lactação é considerada bem sucedida
quando a criança amamentada está ganhando uma quantidade adequada de peso. A
dose diária recomendada de proteína durante a lactação é de 25 g/dia
adicionais.
Os requisitos de
muitos micronutrientes aumentam em comparação com a gravidez, com exceção das
vitaminas D e K, cálcio, flúor, magnésio e fósforo. Como tal, recomenda-se que
as mulheres continuem a tomar uma vitamina pré-natal diariamente enquanto
amamentam.
“Parece que, desde
a amamentação, o bebê já pode sentir os sabores e aromas dos alimentos
consumidos pela mãe por meio do leite, e isso o deixa mais disponível para
aceitar os mesmos alimentos durante a introdução da alimentação complementar”,
argumenta Michelle.
Ela indica que é
imprescindível ter uma alimentação rica em nutrientes, o mais natural,
diversificado e menos industrializado possível:
Deve-se
consumir no mínimo 5 porções de frutas e vegetais durante o dia - prefira a fruta inteira e, se
possível, com casca. Consuma os vegetais antes das refeições principais;
Sucos
naturais (não industrializado ou de caixinha) - maracujá, limão, morango, acerola, folhas verdes com
vegetais, caju e frutas vermelhas (sem açúcar). Inclua vegetais no suco como
cenoura, salsão, couve, beterraba, entre outros;
Consuma
de 3,0 a 3,5 litros de água por dia;
Evite
o álcool, mesmo em quantidade reduzida;
Usar e
abusar de temperos e ervas naturais.
Para as mães que
desejam continuar amamentando durante o período de introdução alimentar do
bebê, as principais orientações nutricionais são de que a introdução alimentar
deve ser feita de forma lenta e gradual, pois inicialmente devem complementar o
leite materno e não substituí-lo. A partir dos seis meses, os bebês precisam de
uma alimentação variada, mas o aleitamento materno deve continuar até o segundo
ano de vida da criança ou mais. O leite materno continua sendo uma importante
fonte de energia, proteína e outros nutrientes, como vitamina A e ferro. O
leite materno ajuda a prevenir doenças enquanto for consumido.
· Cuidados ginecológicos para a mulher que está amamentando
Thaís Fonseca, médica do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), ginecologista e obstetra pela UFRJ, pós graduada em Nutrologia pela ABRAN, apresenta que os principais cuidados na questão ginecológica para as mulheres são:
·
Manter uma boa higiene na região genital ajuda a prevenir
infecções;
·
Certifique-se de amamentar corretamente, avaliando sempre a pega
ideal do bebe, para evitar problemas de saúde mamária, como mastite;
·
Uma dieta equilibrada e nutritiva é essencial para a saúde geral
da mãe e do bebê;
·
Beber bastante água é importante para uma boa produção de leite
materno e para o bem-estar geral;
·
Escolher absorventes adequados durante o período pós-parto é
essencial para evitar irritações e infecções;
·
Continuar realizando exames ginecológicos de rotina é importante
para a detecção precoce de problemas de saúde;
·
Sempre consultar um profissional de saúde antes de tomar qualquer
medicamento durante a amamentação;
·
Exercitar-se de maneira segura e apropriada pode contribuir para a
saúde física e emocional da mãe;
·
Priorizar o descanso e o sono adequado é fundamental para o
bem-estar geral;
·
Manter uma rede de apoio emocional pode ajudar a lidar com as
demandas da maternidade e contribuir para o bem-estar emocional da mulher
lactante.
Os sintomas ou alterações ginecológicas durante a lactação podem requerer atenção médica e acompanhamento mais próximo, as patologias que podem acontecer na amamentação são lesões mamárias, como mastite, fissuras, devido a pega e produção de leite. Então em caso de dor, vermelhidão e edema das mamas, deve-se procurar o seu médico assistente.
A amamentação pode
trazer problemas como por exemplo afetar a menstruação e a lubrificação
vaginal, por isso Thaís explica que essas mudanças
ocorrem devido aos hormônios envolvidos na produção do leite materno e no
pós-parto.
Durante a
amamentação, algumas mulheres podem experimentar um atraso ou ausência da
menstruação, especialmente quando amamentam exclusivamente (sem oferecer outros
alimentos ou líquidos ao bebê). Isso acontece devido ao hormônio prolactina,
que é liberado em resposta à sucção do bebê e inibe temporariamente a ovulação
em algumas mulheres. No entanto, é importante notar que a ausência da
menstruação não é um método confiável de contracepção, e a ovulação pode
ocorrer mesmo antes que a menstruação retorne. À medida que a amamentação
diminui em frequência, os níveis de prolactina tendem a diminuir, e a
menstruação pode retornar gradualmente. O momento exato do retorno varia de
mulher para mulher e não pode ser previsto com precisão.
“Algumas mulheres
podem notar uma diminuição temporária na lubrificação vaginal durante este
período. Isso também está relacionado aos níveis hormonais, particularmente ao
estrogênio. A queda deste hormonio, pode causar secura vaginal, tornando as
relações sexuais desconfortáveis. No entanto, a lubrificação geralmente retorna
ao normal após o período de amamentação”, diz ela.
É importante que a
mulher comunique qualquer preocupação ou sintoma incomum ao seu médico. Além
disso, é recomendável utilizar lubrificantes à base de água para tornar as
relações sexuais mais confortáveis, se necessário.
A higiene íntima também pode acender um sinal de alerta, e a lista de cuidados inclui:
·
Sempre lave as mãos antes de tocar ou cuidar da região genital
para evitar a transmissão de germes indesejados;
·
Lave a área genital externa com água morna e sabonete neutro ou
específico para a região íntima. Evite o uso de sabonetes perfumados, duchas
vaginais ou produtos químicos agressivos que possam irritar a região;
·
Se estiver usando absorventes após o parto, troque-os regularmente
para manter a área limpa e seca;
·
Opte por roupas íntimas de algodão confortáveis e evite o uso de
roupas apertadas, que podem reter umidade e favorecer o crescimento de
bactérias;
·
Após cada sessão de amamentação, limpe delicadamente os mamilos e
a aréola com água para remover resíduos de leite e prevenir a acumulação de
umidade;
·
Caso tenha feridas ou fissuras nos mamilos, siga as orientações do
profissional de saúde para o tratamento adequado e evite a contaminação por
germes;
·
Além da higiene íntima, mantenha uma boa higiene geral, tome
banhos regulares e troque as roupas suadas ou molhadas prontamente.
Para evitar
infecções ginecológicas e problemas mamários durante esse período, é importante
manter o acompanhamento e rotina com seu médico assistente. Voltar a ter
relação sexual apenas no tempo indicado pelo seu médico, usar preservativo,
manter uma higiene adequada e avaliar se a pega do bebe na hora da amamentação
está correta.
· Relação com baixa líbido
Segundo Thaís,
isso ocorre devido a várias razões hormonais, emocionais e físicas. Durante o
período de amamentação, os níveis hormonais, como a prolactina, podem afetar o
desejo sexual. Além disso, a fadiga e o estresse relacionados à maternidade
podem impactar a disposição sexual.
Para promover o bem-estar sexual da mulher lactante, algumas estratégias podem ser adotadas:
·
Comunicação aberta: falar abertamente
com o parceiro sobre as mudanças na libido e nas necessidades emocionais é
essencial para manter a intimidade e o entendimento mútuo;
·
Redução da pressão: é normal que a
prioridade da mulher esteja voltada para o bebê durante o período de lactação.
Reduzir a pressão sobre si mesma em relação à atividade sexual pode ajudar a
aliviar ansiedades e expectativas;
·
Tempo para intimidade: encontrar momentos
de tranquilidade e intimidade com o parceiro pode ser benéfico. Mesmo que a
frequência sexual seja menor, buscar conexão emocional pode fortalecer o
vínculo;
·
Cuidados com a saúde: manter uma dieta
equilibrada, praticar atividades físicas (após a liberação médica) e buscar o
descanso adequado podem contribuir para a energia e bem-estar geral;
·
Lubrificação vaginal: como mencionado anteriormente,
algumas mulheres podem experimentar secura vaginal durante a amamentação. O uso
de lubrificantes à base de água pode ajudar a tornar as relações sexuais mais
confortáveis;
·
Converse com um profissional de saúde: se a falta de libido
ou quaisquer problemas relacionados ao bem-estar sexual persistirem, converse
com seu ginecologista para obter orientações adicionais e suporte.
É fundamental lembrar que cada mulher é diferente, e a experiência durante o período de lactação pode variar. A comunicação com o parceiro e o autocuidado são aspectos essenciais para promover o bem-estar sexual durante esse período.
· Métodos de anticoncepção durante a amamentação
Para as mulheres
que estão amamentando, garantindo o seu bem-estar e evitando uma nova gestação
indesejada, Thaís aponta que todos os métodos que não possuam
estrogênio são indicados, como Pílulas de Progesterona, DIUs de cobre e
hormônios, a escolha vai depender do padrão menstrual prévio, sintomas durante
ciclo e tempo de contracepção.
FONTES:
Michelle Ferreira - nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais (@NutrindoIdeais), especialista em nutrição na saúde da mulher e fertilidade. Nutricionista da equipe do Instituto Nutrindo Ideais, Michelle Ferreira é formada pela UGF 2006, pós graduada em nutrição funcional e esportiva, especializada em saúde da mulher e fertilidade.
Thaís Fonseca - médica do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), ginecologista e obstetra pela UFRJ, pós graduada em Nutrologia pela ABRAN, pós graduada em Endócrino e nutrição clínica, atualmente cursando pós graduação em performance mental e otimização da saúde.
REFERÊNCIAS:
https://www.unicef.org/brazil/aleitamento-materno
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf
https://www.saude.ce.gov.br/2019/08/22/leite-materno-e-fundamental-na-prevencao-de-alergias-alimentares-em-bebes/
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/12_-_AMAMENTACAO_E_IMUNIZACAO.pdf
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