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Formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo triplicou a sua participação na economia do planeta e hoje representa 26% do PIB global
O Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul, reúne-se pela 15ª vez a partir desta terça-feira, 22/8, em Joanesburgo,
África do Sul, com a expectativa de ganhar adesão de novos países.
Dos cinco membros originais, o encontro terá a presença de
chefes de Estado de quatro países. Por causa da guerra na Ucrânia, o presidente
russo, Vladimir Putin, enviou representantes.
A reunião ocorre sob a tensão da guerra e o plano da China de
permitir a ampliação do grupo.
O bloco, no entanto, não divulgou a lista dos países que querem
fazer parte do Brics. Apenas informou que cerca de 40 países manifestaram
interesse e listas paralelas de 18 candidatos passaram a circular nos últimos
dias.
A decisão sobre a inclusão de novos membros e uma eventual
ampliação do bloco precisa ser tomada por consenso dos cinco integrantes
atuais.
FILIAÇÃO
Com 26% do Produto Interno Bruto (PIB) global, o Brics não tem
um critério formal de filiação. O grupo funciona mais ou menos nos moldes do G7
(grupo das sete maiores economias do planeta), que periodicamente se reúne para
discutir políticas externas.
Nos últimos anos, o Brics tem ganhado força ao promover acordos
de cooperação mútua e constituir um banco de desenvolvimento, atualmente
presidido pela ex-presidenta Dilma Rousseff.
Nascido de um acrônimo (palavra formada por iniciais) cunhado em
2001 por Jim O’Neil, então economista-chefe do banco de investimentos Goldman
Sachs, o Brics nasceu como Bric, que também significa tijolo em inglês.
Na época, o economista tentava designar economias emergentes com
alto potencial de crescimento no século 21.
Somente em 2006, os quatro países constituíram um fórum formal
de discussões, na Reunião de Chanceleres organizada à margem da 61ª Assembleia
Geral das Nações Unidas, em setembro daquele ano.
Após um período em que apenas ministros de Relações Exteriores
se encontravam, o Bric promoveu a primeira reunião de chefes de Estado em 2009,
na Cúpula de Ecaterimburgo, na Rússia.
Em 2010, foi realizado o segundo encontro, em Brasília. Em 2011,
na terceira reunião de cúpula, em Sanya (China), a África do Sul foi incluída, e
a sigla ganhou a letra s.
BANCO
Em 2014, a integração aumentou, com o anúncio da criação do Novo
Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como Banco do Brics, na
reunião de cúpula em Fortaleza, em julho daquele ano.
Fundada formalmente em 2015, a instituição financia projetos de
infraestrutura e crescimento sustentável nos países-membros.
Em oito anos, o NDB emprestou US$ 33 bilhões para 100 projetos
de infraestrutura, energia renovável, transporte, entre outras iniciativas.
Também em 2014, foi formado o Fundo de Reservas do Brics para
preservar a estabilidade financeira dos países membros em tempos de crise.
Reserva de recursos para ser usada como socorro em caso de
necessidade, o fundo nasceu com US$ 100 bilhões. Desse total, US$ 41 bilhões
vieram da China.
Brasil, Índia e Rússia contribuíram com US$ 18 bilhões cada, e a
África do Sul entrou com os US$ 5 bilhões restantes.
No caso do Brasil, os recursos vieram de uma parte das reservas
internacionais do Banco Central alocadas no fundo.
Nos últimos três anos, o NDB expandiu-se e passou a permitir a
adesão de países em desenvolvimento ou do chamado “sul global”. Bangladesh,
Egito e Emirados Árabes Unidos ingressaram no banco. O Uruguai passará a
integrar a instituição em breve.
PERSPECTIVAS
De 8% do PIB global em 2001, o Brics mais que triplicou a
participação na economia do planeta de lá para cá.
No mesmo período, a participação do G7 recuou de 57% para 43%,
segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
No entanto, esse crescimento não é homogêneo. Nos últimos dez
anos, as economias da China e da Índia cresceram 6% anuais em média, enquanto o
PIB do Brasil, da Rússia e da África do Sul aumentou 1% anualmente.
Além da integração financeira, o Brics traz oportunidades para a
ampliação do comércio entre os países membros.
O Brasil exporta comida, minérios e tecnologia para a extração
de petróleo. Em contrapartida, uma política de integração aumenta o acesso do
país a minérios raros e a tecnologias emergentes desenvolvidas pela China (como
painéis solares, baterias de longo armazenamento, carros elétricos, 5G e
inteligência artificial).
O Brasil também pode se beneficiar dos recursos naturais e
energéticos da Rússia, dos produtos farmacêuticos e dos serviços de tecnologia
de informação da Índia e dos minérios tradicionais (ouro, platina e diamante)
da África do Sul.
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