Médico reumatologista, Dr. Felipe Grizzo comenta sobre o metabolismo ósseo durante o período de gestação e lactação
As taxas de
aleitamento materno aumentaram mais de 12 vezes desde 1986 em crianças menores
de quatro meses. No entanto, o Brasil está distante das metas estabelecidas
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para 2030: 70% na primeira hora de
vida, 70% nos primeiros seis meses de forma exclusiva. De acordo com um estudo
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alcançamos taxas de 62,4% de
amamentação na primeira hora de vida e 45,8% de aleitamento exclusivo nos
primeiros seis meses.
O Dr. Felipe Grizzo,
médico reumatologista membro da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo
(ABRASSO), destaca que apesar de causar uma perda óssea temporária
durante a fase de amamentação exclusiva, estudos mostram que ocorre uma
recuperação óssea completa após o desmame. Além disso, pesquisas não
encontraram um aumento no risco de osteoporose pós-menopausa relacionado à
gestação ou lactação.
“O aleitamento
materno não traz malefícios para a saúde óssea da mãe. Embora cada caso deva
ser analisado individualmente, geralmente não há contraindicações para
amamentação, por causa de problemas osteometabólicos. Fraturas durante a
amamentação são extremamente raras e, geralmente, estão associadas a condições
de saúde pré-existentes. Durante o pré-natal, é importante avaliar
individualmente a gestante para identificar condições de risco para fraturas
durante a amamentação e implementar as medidas protetivas necessárias”, pontua
o Dr. Grizzo.
O especialista da ABRASSO destaca que a falta de conscientização da sociedade
sobre a amamentação leva muitas mulheres a abandonarem esse processo devido a
dificuldades e falta de apoio. Embora amamentar seja desafiador, a desinformação
é frequentemente um fator decisivo. O médico enfatiza que a melhor maneira de
ressaltar os benefícios da amamentação é por meio da informação.
“Durante a
gestação, ocorre uma mobilização significativa de cálcio pela mulher para a
formação do esqueleto do feto. A absorção intestinal desse mineral é ampliada
nesse período em comparação com o antes de engravidar. Para prevenir a perda
óssea, é essencial garantir a ingestão adequada de cálcio ou a suplementação
durante o segundo e o terceiro trimestre gestacional”. Todo o estoque de cálcio
que será utilizado na lactação é formado no esqueleto materno durante a
gestação”, explica o reumatologista.
No caso de
gravidez na adolescência, a gestação ocorre durante o período de pico de massa
óssea, o que levanta questionamentos sobre o impacto tardio no esqueleto
materno. No entanto, estudos não demonstraram aumento da osteoporose na
pós-menopausa nessas mulheres. Em relação às gestações gemelares, existem
poucos estudos disponíveis sobre o assunto. No entanto, a intensidade da
amamentação resulta em um maior consumo de cálcio. Portanto, é recomendado
garantir a ingestão adequada durante o segundo e terceiro trimestre de
gravidez. Por outro lado, durante a lactação, a absorção intestinal do cálcio
da mãe retorna aos níveis pré-gestacionais. Por esse motivo, a maior
importância se refere ao consumo de cálcio durante a gestação e não, na
lactação.
Por último, o
médico da ABRASSO destaca que dentre os benefícios da amamentação, estão o
fortalecimento do sistema imunológico, a importância nutricional e o
fortalecimento do vínculo afetivo entre mãe e criança.
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