Médico referência no Brasil e no exterior comenta as principais mudanças na última década e fala sobre singularidade, acolhimento e sensibilidade
A tecnologia mudou o nosso comportamento e nos
desafia constantemente com a adaptação seja na educação, na forma de se
comunicar, de trabalhar, de produzir ou nas relações interpessoais. Na
medicina, claro, não é diferente, especialmente na cirurgia plástica, onde a
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – SBCP, destaca o aparecimento da
robótica oferecendo alta precisão para o profissional, anulando tremores da
mão, permitindo incisões menores e acesso a locais de difícil acesso com
visualização detalhada.
Segundo Ícaro Samuel, membro titular da SBCP e
referência nacional e internacional em cirurgia plástica e estética reparadora,
atualmente a tecnologia auxilia tanto na segurança quanto nos resultados, no
sentido de garantir que tudo vai sair conforme a expectativa do paciente.
“Antes mesmo da cirurgia, com o Crisalix, por exemplo, que é uma tecnologia de
simulação, eu consigo mostrar para a paciente em 3D, qual vai ser o resultado
da mamoplastia de aumento, ou seja, como ela vai ficar com o tamanho da prótese
escolhida e isso é muito disruptivo”, diz.
O que mudou
Muita coisa mudou na cirurgia plástica desde quando
o especialista Ícaro Samuel começou, há mais de 10 anos, e mesmo antes dos mais
de 5 mil procedimentos realizados. Sobre as próteses de silicone, por exemplo,
era necessária toda uma programação, porque as mulheres tinham que se ausentar
do trabalho e da rotina em casa por, pelo menos, 30 dias para ficar em repouso.
“Hoje, com a evolução e a tecnologia, eu opero com a técnica conhecida como
R24R, ou de rápida recuperação, onde a paciente tem alta hospitalar no mesmo
dia, pode pegar até 15kg e voltar para uma rotina praticamente normal, com
atividades como amarrar os próprios cabelos, dirigir, lavar uma pequena louça e
até mesmo retornar ao trabalho no dia seguinte”, explica.
Segundo o membro titular da SBCP, além da R24R, outras
tecnologias chegaram para facilitar a vida dos pacientes. “Para as pessoas que
praticam atividade física e têm hábitos de vida saudáveis, boa musculatura, mas
mesmo assim não conseguem o chamado abdômen ‘trincado’, que valoriza as curvas
do corpo, hoje é possível lipoaspirar uma quantidade mínima de gordura e com a
tecnologia de retração, manter a pele firme e livre de flacidez”, afirma.
Jamais substitui
Até que se prove ao contrário, nenhuma máquina
possui autonomia de movimentos ou criatividade, ela é apenas a extensão do
braço do médico. A experiência e a sensibilidade ainda fazem toda a diferença.
“Apesar de todo avanço tecnológico, o momento mais esperado pelas pacientes é o
de estar com o médico para fazer perguntas, pois as escolhas sempre dependem da
orientação e posicionamento do profissional. O uso da tecnologia é apenas um
complemento para o trabalho do cirurgião e da equipe. Quando a gente fala em
acolhimento, cuidado e olhar técnico, só o cirurgião pode entregar. O
acolhimento é essencial, para sanar dúvidas e prestar assistência durante e
após o procedimento”, diz.
O especialista - que também é escritor do livro:
“Ame-se! Você em primeiro lugar” e palestrante reconhecido no Brasil e no
exterior - finaliza reforçando que alguns pacientes pesquisam os procedimentos
na internet e já chegam sabendo o que querem, mas cada caso é único. “Só o
olhar apurado do médico é que pode apontar a possibilidade de semelhança ou
não, pois cada corpo é único e nenhuma tecnologia é capaz de tratar desta singularidade”,
finaliza.
Instagram: @dricarosamuel
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