A suposição
do espaço organizacional como simplesmente um ambiente físico está sob pressão
há algum tempo, com a virtualização do trabalho tendendo muito antes da
interrupção causada pela pandemia do Covid-19. No entanto, essa intercepção
dramática forçou as organizações a repensar mais rapidamente como conectar e
envolver os trabalhadores em ambientes virtuais e híbridos e a abraçar as
possibilidades de um lugar sem fronteiras.
Infelizmente,
parece que velhos hábitos são difíceis de quebrar, já que vimos alguns
retrocessos devido a definições desatualizadas do que é trabalho e percepções
sobre produtividade do trabalhador ou cultura organizacional que muitas
empresas usam para pressionar a volta dos funcionários ao escritório.
Os
líderes devem se concentrar na questão fundamental, que é o design e a prática
da profissão em si, pois ele ditará a combinação do espaço físico e digital
necessário para atender aos resultados de negócios. De acordo com a pesquisa
Global Human Capital Trends 2023 da Deloitte, apenas 15% dos entrevistados
citaram a maneira como o ambiente organizacional é projetado como um dos
atributos mais importantes na criação do futuro local do trabalho.
O
sentimento do profissional mudou e os funcionários estão defendendo modelos de
local de trabalho que melhor atendam às suas necessidades e bem-estar. Muitos
trabalhadores agora consideram a capacidade de trabalhar remotamente como um
direito inalienável. De acordo com a pesquisa, 64% dizem que já consideram (ou
considerariam) procurar um novo emprego se o empregador os quisesse de volta ao
escritório em período integral.
A
tecnologia também está avançando rapidamente como um componente essencial do
design do local de trabalho. Isso vai além das ferramentas de colaboração e
agora inclui uma vasta gama de tecnologias relacionadas ao serviço, sendo o
exemplo mais proeminente o metaverso e a realidade ilimitada.
À medida
que as organizações reinventam o espaço organizacional em um mundo
pós-pandêmico, o resultado não é um local único ou uma solução de tamanho
único, mas uma variedade de recursos e espaços que oferecem suporte a
diferentes maneiras de realizar o trabalho.
A lacuna de prontidão
A
pesquisa da Deloitte apontou também que a grande maioria dos líderes
empresariais (87%) acredita que desenvolver o modelo de local de trabalho certo
é importante para o sucesso de sua organização. No entanto, apenas 24% sentem
que sua empresa está pronta para lidar com essa tendência.
Apenas 6%
das organizações pesquisadas estão satisfeitas com o status e dizem que não
mudaram – e não mudarão – sua estratégia de local de trabalho. Enquanto isso,
78% estão tentando criar um ambiente organizacional futuro em que os
trabalhadores possam prosperar redesenhando seus processos de negócios
existentes ou reimaginando o próprio serviço.
Os novos fundamentos
À medida
que as organizações projetam modelos de local de trabalho, elas devem começar
concentrando-se nos resultados que buscam gerar (cultura, inovação, impacto
social) e, em seguida, determinar onde esse valor é melhor criado. De acordo
com os líderes que responderam à pesquisa Deloitte 2023 Global Human Capital
Trends, o maior benefício que eles observaram de sua abordagem de ambiente
organizacional do futuro é o aumento do engajamento e bem-estar do trabalhador,
enquanto a cultura é a maior barreira.
As organizações
devem fazer o possível para alinhar (ou pelo menos equilibrar) suas
necessidades e desejos com as obrigações e vontades de toda a força de
trabalho. As empresas agora têm a oportunidade de experimentar com ousadia seu
modelo de local de serviço, equilibrando os resultados com as preferências do
trabalhador, para liberar o novo valor que procuram criar.
Olhando para frente
O espaço
organizacional deve se tornar um insumo para o próprio serviço, focado nos
resultados ou valor alinhado com a estratégia de negócios. Além disso, uma
abordagem estratégica do local de trabalho também pode criar benefícios ESG. À
medida que mais empresas e consumidores percebem a importância do desempenho
ambiental, social e de governança (ESG), temos uma ideia melhor de como essa
tendência moldará o ambiente organizacional.
Os
fatores ESG têm um efeito considerável no local de trabalho. O impulso para
práticas mais ecológicas reduz o desperdício no trabalho. Políticas mais
socialmente conscientes promovem um ambiente de trabalho mais saudável e a
governança empresarial aprimorada oferece transparência e mais diversidade.
Por meio
do design do ambiente organizacional, as empresas têm a oportunidade de
melhorar sua marca, atrair talentos e elevar os resultados. E tudo começa com
uma pergunta-chave: “Como podemos projetar o local de trabalho para melhor
apoiar o desenvolvimento dos colaboradores em si?”
Assim como em outras tendências do relatório deste ano, as necessidades do trabalho e as preferências dos trabalhadores continuarão mudando, exigindo que as organizações continuem experimentando, ouvindo e evoluindo.
Marcelo
Carreira - vice-presidente Go-To-Market América Latina da Access
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