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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Automedicação prejudica perda de peso

Além de oferecer riscos à saúde, medicamentos sem orientação médica atrapalham o emagrecimento a longo prazo   

 

No Brasil, cerca de seis em cada 10 pessoas estão acima do peso. “Isso é preocupante, visto que o excesso de gordura corporal está associado à causa ou agravamento de mais de 250 condições de saúde”, alerta a endocrinologista Dra. Daniele Tokars Zaninelli. A médica explica ainda que a redução, mesmo que de poucos quilos de gordura corporal, está associada a um menor risco de desenvolver e à melhora do controle de doenças como o diabetes, problemas cardiovasculares e câncer. 

De acordo com a Dra. Daniele, cada pessoa responde de forma diferente aos quilos extras. Além disso, a forma de reagir à dieta e aos exercícios físicos, ou mesmo ao uso de medicamentos ou à cirurgia bariátrica, é variável. Por isso, cada pessoa deve ser avaliada levando-se em conta a história com o peso, as causas por trás do ganho de peso e as consequências ou riscos à saúde. 

O tratamento adequado do sobrepeso e da obesidade oferecem melhora da qualidade e da expectativa de vida. “Por ‘tratamento’ devemos entender o conjunto de ações tomadas com o auxílio de um profissional habilitado no enfrentamento do problema, de forma individualizada”, ressalta a médica. A Dra. Daniele esclarece que o processo deve iniciar com uma avaliação clínica para identificar e tratar possíveis causas e consequências do excesso de peso. Mudanças de hábitos de vida devem fazer parte das orientações, identificando o que funciona para cada paciente em termos de cuidados alimentares e atividades físicas. “Sono, níveis de estresse, consumo de bebidas alcoólicas e uso de medicamentos que podem influenciar no peso também devem ser levados em consideração”, lista a endocrinologista. 

A mudança de estilo de vida nem sempre leva a uma perda significativa de peso, mas deve ser mantida mesmo assim, já que melhora uma série de parâmetros de saúde. “Infelizmente essas mudanças costumam ser difíceis de manter em longo prazo, e as pesquisas mostram o que vemos na prática: a maioria dos pacientes recupera o peso que havia sido perdido. Isso porque o organismo reage à perda de peso com aumento do apetite e redução do gasto calórico”, complementa a Dra. Daniele. Segundo ela, é nesse ponto que a prescrição de medicamentos ou mesmo da cirurgia podem trazer benefícios, pois são capazes de levar a uma perda mais significativa de peso, e ainda auxiliam na manutenção do peso perdido ao longo do tempo. 

“Nos últimos anos temos sido agraciados com uma série de novos medicamentos que se mostram mais eficazes e seguros do que aqueles usados em décadas passadas”, destaca. Porém, de acordo com a Dra. Daniele, o que não é novidade, é que pessoas com excesso de peso costumam se sentir responsáveis pelo problema, como se fosse uma questão de opção, não levando em conta que se trata de uma doença crônica, com bases biológicas que explicam porque essas pessoas sentem mais fome e menos saciedade, assim como têm menor propensão a fazer exercícios, que pessoas de peso normal. 

“Nesse cenário, sentem-se responsáveis por encontrar sozinhos a solução para o problema, e se submetem à automedicação”, relata a especialista. Estudos mostram que o tempo decorrente entre a primeira preocupação do paciente com o peso e a primeira conversa com um médico sobre o assunto é de cerca de seis anos, o que coloca em risco a saúde e torna a solução do problema cada vez mais difícil.

 

Os principais riscos da automedicação são de:

- que o tratamento não funcione;

- abandono do tratamento por efeitos colaterais mal controlados;

- duração e condução inadequada do tratamento, com maior risco de efeito sanfona;

- falta de detecção e tratamento de condições médicas associadas;

- deficiências nutricionais;

- aparecimento de distúrbios alimentares;

- perda de massa muscular, entre outros, colocando a saúde em risco.

 

“Devemos ajudar a população a entender que este é um problema de saúde complexo, e que a solução não está apenas no uso de uma medicação, dieta ou treino que prometem milagres”, aconselha a endocrinologista. Uma solução que pode parecer simples a olhos desatentos ou esperançosos, pode culminar em mais uma tentativa frustrada de perder peso, com consequências muitas vezes imprevisíveis.

 

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