Romantizar
as jornadas exaustivas de trabalho ou, até mesmo, promover a ideia de que um
trabalhador sequer deveria tirar um tempo para o seu descanso, são situações
que se tornaram comuns em uma ala dita "motivacional" no meio
corporativo. Esse tipo de discurso não apenas é perigoso para um colaborador de
qualquer empresa, como também pode ser nocivo até para os interesses de quem o
emprega. Um gestor que porventura leve essa linha de pensamento a sério demais,
com cobranças excessivas e desconsiderando que se trata de uma via de mão
dupla, pode não perceber que, no fim das contas, ele mais desmotiva do que
engaja quem presta aquele serviço.
Aliás, nos últimos anos, a Síndrome de Burnout -- o
distúrbio emocional caracterizado pela exaustão extrema, estresse e esgotamento
físico resultante de situações profissionais desgastantes, leia-se
"excesso de trabalho" -- também ganhou espaço nas discussões sobre a
relação funcionário x empresa. Além da improdutividade involuntária, a Síndrome
do Esgotamento Profissional, como também é chamada, gera, no mínimo, o
afastamento por razões médicas. Por aí, o maior interessado no lucro já começa
perdendo.
Outro ponto importante diz respeito à
responsabilidade jurídica de quem emprega. Em sua publicação Curso de Direito
do Trabalho, de 2020, o doutor e mestre em Direito Carlos Henrique Bezerra Leite
ressalta que “a interpretação do art. 2º da CLT conforme a Constituição
autoriza a ilação de que o empregador tem o dever de dar adequada e justa
função socioambiental à sua atividade econômica”. Segundo ele, essa obrigação
não surge de pactos ou cláusulas contratuais e advém de condutas danosas
praticadas dentro da relação de emprego, implicando o dever de indenizar a
parte prejudicada.
Não é exagero, portanto, entendermos a cobrança excessiva
por resultados e cumprimento de metas estando mais para um "tiro no
pé" da produtividade -- e consequentemente dos lucros de uma empresa -- do
que o contrário.
Como quase tudo na vida, o equilíbrio se torna viável
para os dois lados dessa relação. E não se trata de proporcionar apenas o
básico, que vai desde um ambiente harmônico até as boas estruturas e condições
de trabalho. O estudo Employee Happiness Index de 2019, publicado pela Benify,
revelou que os colaboradores mais satisfeitos com os benefícios oferecidos
alcançam níveis de engajamento 11,5% maiores que a média e 25,2% superiores em
relação aos colegas menos satisfeitos. Anteriormente, uma pesquisa de 2015,
feita pela Social Market Foundation, intitulada Happiness and productivity, já apontava
que os colaboradores que recebem "mimos" apresentam uma performance
20% superior na execução de suas tarefas.
Ou seja, as alternativas para aumentar o engajamento e
produtividade das equipes são várias e estão longe de ser um bicho de sete
cabeças, sendo, inclusive, mais eficientes hoje em dia. Os softwares mais
modernos de empresas especializadas em incentivos flexíveis, baseados no
sistema de cumprimento de metas e recompensas, disponibilizam -- e buscam
entender cada vez mais -- o que de fato é importante e de interesse dos
colaboradores.
Se, hipoteticamente, a motivação de grande parte de
seus colaboradores envolve questões salariais, oferecer incentivos financeiros
para que eles cumpram as metas no prazo estipulado se mostra um caminho
efetivo. Quando as questões familiares, por exemplo, são os principais aspectos
que norteiam determinados indivíduos, por que não oferecer experiências que
podem ser usufruídas em conjunto?
Enquanto o incentivo empodera o colaborador para
realizar suas atividades, a motivação traz o significado que aquele colaborador
tem sobre aquela tarefa. Depende bem mais de questões internas do indivíduo, de
sua missão de vida, de ele desejar realizar e deixar de legado ao longo de sua
existência, do que de esforços para o já ultrapassado conceito de "vestir
a camisa da empresa" de forma propriamente dita.
Somado a isso, temos o fato de que ao acompanhar suas
metas, diariamente e de forma organizada em plataformas personalizáveis, cada
integrante de cada equipe se sente menos ansioso. Não é mais uma bola de neve
de coisas pra fazer. São tarefas e objetivos claros, que auxiliam a organização
e o alcance dos objetivos. Esta já uma realidade implantada e bem aproveitada
por grandes grupos como Coca-Cola Femsa, iFood, Remax e Wizard, que servem de
inspiração para pequenas e médias empresas e futuros empreendedores.
Proporcionar ao trabalhador o mínimo, uma
contrapartida, o recompensando por seu trabalho "extra”, é mais motivador
-- e menos prejudicial -- do que a cobrança apenas pela cobrança, ampla e
irrestritamente. A simples valorização do indivíduo enquanto ser humano, aliás,
já institui uma excelente política de incentivo.
Rodolfo Carvalho -
CEO da Incentivar.io, primeira plataforma de incentivos inteligentes do Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário