Ainda
que muito recente, o Metaverso já mostra algumas fragilidades, que devem ser
refletidas para um futuro melhor
O metaverso ainda
causa muitas dúvidas para quem está começando a entendê-lo. Constituído por
diversos ambientes digitais onde é possível interagir, comunicar e fazer
negócios. Embora pareça utópico, o metaverso já é realidade em algumas esferas,
mesmo ainda tendo seu uso restrito, devido aos preços de participar do mundo
digital.
No entanto, o
Metaverso também abriga os mesmos malefícios que estão na vida real e na
internet usual. Questões como assédio, bullying, fraudes,
roubo de informações, entre muitos outros, ainda acontecerão no digital. Por
conta disso, rapidamente os órgãos jurídicos devem se adaptar às novas
demandas. Para se ter uma ideia da dimensão do Metaverso, uma pesquisa feita
pela Accenture mostrou que 72% dos executivos globais acreditam que o Metaverso
terá um impacto positivo em suas organizações.
O desafio dos
juristas será adequar seus trabalhos a um terreno ainda não explorado pela
área. O fato da legislação ainda não ser suficiente, abre margem para diversos
abusos que devem ser evitados. Para o advogado Rubens Leite, sócio-gestor
da RGL Advogados, é o
momento de aprender sobre a tecnologia. “O papel dos departamentos jurídicos é
buscar entender as vulnerabilidades do metaverso e como identificá-las e
processá-las. Ainda não existe uma legislação específica e desenvolvida sobre
esse meio digital, por isso, está bastante vulnerável a fraudes, roubos de
dados, lavagem de dinheiro, entre outros crimes que ainda não estão
regulamentados”, aconselha.
Desafios
do metaverso no direito: blockchain e transações
O grande incentivo
ao metaverso vem das empresas que estão investindo e apoiando a tecnologia,
logo há um interesse econômico intrínseco a tecnológica, que envolve desde
simples troca de dinheiro até venda de dados de usuários. “Mais do que
processos e acusações, o Metaverso deve ser pensado como um ambiente digital
que ainda não é regulado, mas que deve ser. Logo, ainda são muito nebulosas as
obrigações de compras e vendas neste local, questões como taxas, impostos e
declarações de bens digitais ainda devem ser pensadas”, ressalta.
No entanto, o
Metaverso pode trazer inovações importantes para o meio judicial, podendo
facilitar a vida real. “Esse novo local de relações sociais, tem o potencial de
digitalizar alguns processos do Direito, por exemplo, uma audiência, um
processo, ao invés de serem feitos em um tribunal, podem ser transferidos para
o Metaverso. Dessa forma, documentos, falas e testemunhas podem ter sua devida
importância para um processo sem a necessidade de estarem fisicamente no
tribunal”, explica Rubens.
Outro tópico que
deve ser ainda mais comentado com a popularização do Metaverso é a questão da
proteção de dados na internet. “A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), fez a
diferença para evitar o vazamento de dados pessoais para empresas. No
Metaverso, as mesmas atitudes devem ser mantidas, uma vez que é o plano de
muitas empresas migrarem para o universo digital, necessitando de uma garantia
da segurança de seus dados”, reforça.
Por fim, o Metaverso é, sem dúvidas, um
novo campo de possibilidades para relações sociais e negócios. Precisamos
ressaltar que os mesmos problemas da atual internet e da
realidade serão mantidos. “Tendo em mente que ainda vão acontecer crimes, erros
e fraudes no Metaverso, nos resta regular, vigiar e punir eventuais infrações,
de um código que ainda deve ser aperfeiçoado para garantir a segurança no
espaço digital”, finaliza Rubens Leite.
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