No Dia da Gestante, Sociedade Brasileira de Diabetes alerta sobre riscos para mãe e o bebê se a doença não for controlada
Hoje,
15 de agosto, é comemorado o Dia da Gestante, data criada para fortalecer os
cuidados que as grávidas precisam para uma gestação saudável e sem
preocupações. Neste sentido, a Sociedade Brasileira de Diabetes alerta para o
Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), que pode causar complicações, a curto e a
longo prazo, tanto para a mãe quanto para o bebê. As complicações obstétricas
variam desde parto prematuro até pré-eclâmpsia; o bebê pode nascer grande e ter
complicações como hipoglicemia e desconforto respiratório. É importante
salientar também que as mulheres que tiveram diagnóstico de DMG têm maior risco
de progredir para Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e os seus filhos, maior chance
de ficarem obesos e com DM2 ao longo da vida.
Durante
a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê, a mulher passa por
mudanças em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, é uma fonte
importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela
captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas, consequentemente, aumenta
a produção de insulina para compensar este quadro. Em algumas mulheres,
entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem um quadro de diabetes
gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Há
algumas características que elevam o risco de a gestante ter essa complicação,
como história familiar de diabetes mellitus; já ter exames de sangue com
glicose alterada em algum momento antes da gravidez; excesso de peso antes ou
durante a gravidez; gravidez anterior com feto nascido com mais de 4 kg;
histórico de aborto espontâneo sem causa esclarecida; ter hipertensão arterial;
ter ou já ter tido em gestação anterior pré-eclâmpsia ou eclâmpsia; ter
síndrome dos ovários policísticos e usar corticoides.
A
prevalência de DMG é muito variável, dependendo da região, indo de 9,5% na
África para 26,6% no Sudeste Asiático. No Brasil, estima-se que a prevalência é
de 18%. De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), o DMG afeta
aproximadamente 15% das gestações em todo o mundo, representando cerca de 18
milhões de nascimentos por ano. O DMG é uma das complicações médicas mais
comuns da gravidez.
“É
importante alertar que mulheres diabéticas (Tipo 1 ou Tipo 2) que engravidam
não são consideradas portadoras de diabetes gestacional, que só aparece somente
após iniciada a gravidez”, explica dra. Patricia Dualib, endocrinologista e
coordenadora do Departamento de Diabetes Gestacional da Sociedade Brasileira de
Diabetes.
O
diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher e nem sempre os sintomas
são identificáveis. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem a
glicemia de jejum no início da gestação e, a partir da 24ª semana de gravidez
(início do 6º mês), como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a
glicemia após estímulo da ingestão de glicose, o chamado teste oral de
tolerância à glicose. “O pré-natal é essencial para a mãe e
para o bebê”, afirma dra. Patricia. “Nas consultas, o obstetra pode detectar a
doença e iniciar o tratamento.”
A
base do tratamento do DMG é uma alimentação saudável, atividade física e
controle das glicemias capilares. As refeições, por exemplo, devem ser
fracionadas ao longo do dia e as gorduras dar lugar às frutas, verduras,
legumes e alimentos integrais. Se não houver contraindicação do obstetra,
exercícios físicos moderados também devem fazer parte da rotina. Se, apesar de
todos esses cuidados os níveis de glicose continuarem altos, o médico pode
indicar insulina para manter a glicose no nível desejado (no jejum < 95
mg/dl e 1 hora após a refeição < 140 mg/dl).
Se
não for tratada, a diabetes gestacional pode acarretar problemas à gestação e
ao bebê. O excesso de glicose no sangue da mãe atravessa a placenta e chega ao
feto. O pâncreas do feto passa a produzir grande quantidade de insulina, na
tentativa de controlar a hiperglicemia. Como a insulina é um hormônio que
estimula o crescimento e o ganho de peso, o feto cresce excessivamente e
habitualmente nascem com mais de 4 kg, necessitando ser submetido a parto por
cesariana.
Normalmente o problema acaba logo
após o parto, mas é importante que mulheres que tiveram altas taxas de glicemia
na gravidez façam um novo teste de sobrecarga de glicose após 6 semanas do
parto.
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