O conceito de segurança psicológica em um ambiente organizacional foi cunhado pela Dra. Amy Edmondson, professora da Escola de Negócios de Harvard, especialista em culturas de grupos e acadêmica de liderança, formação de equipes e aprendizado organizacional. Interessada em pesquisar sobre como as equipes lidavam com erros, em meados dos anos 90, a acadêmica norte-americana escolheu o ambiente hospitalar para iniciar sua pesquisa por se tratar de um ambiente desafiador, altamente técnico e onde os erros podem, muitas vezes, ser fatais.
Observando o funcionamento das equipes, ela
esbarrou na Segurança Psicológica como principal elemento do aprendizado, da
inovação e da alta performance dos times. Segundo a professora de Harvard,
Segurança Psicológica é a crença compartilhada pelos membros de um
time de que o time é, em si, um ambiente seguro para se tomar
riscos interpessoais.
No ambiente de trabalho, em diferentes áreas, em
times psicologicamente seguros, as pessoas assumem riscos essenciais que podem
levar o rumo de uma decisão para outro caminho como, por exemplo, divergir de
uma ideia, dialogar sobre temas sensíveis, contribuir com pontos de vistas
diferentes sem medo de ser julgado, humilhado ou de sofrer qualquer tipo de
retaliação. E, quando isso acontece, o time é capaz de aprender junto,
incluindo todos os pontos de vista para arriscar mais, tomar as melhores
decisões de forma mais ágil e inteligente, melhorando o seu desempenho e,
consequentemente, o nível de colaboração e engajamento.
Segurança psicológica é o meio e não o fim. É o
funcionamento e não o resultado. É o ingrediente essencial para que times
aprendam e performem melhor juntos. Esse conceito levantou o interesse da
Google que em 2012, numa iniciativa chamada Projeto Aristóteles, estudando suas
equipes internas com o objetivo de descobrir o que fazia alguns times terem
melhor performance do que outros, considerando que faziam parte de uma mesma
cultura organizacional.
O Projeto Aristóteles reuniu e cruzou centenas de
dados e concluiu algo revelador para os executivos da empresa (e,
posteriormente, para o mercado): as melhores equipes não tinham como padrão a
combinação dos melhores talentos individuais trabalhando juntos. Não era o
fator “quem” que fazia a diferença. O segredo estava em como o time interagia e
trabalhava junto.
Neste projeto, a Google revelou cinco padrões
essenciais presentes nos times, sendo o primeiro a Segurança psicológica, onde
os membros da equipe sentem-se seguros em arriscar e serem vulneráveis na
frente de seus colegas. Depois a Confiabilidade, quando as pessoas entregam
suas tarefas no prazo e atendem um padrão de excelência esperado. A Estrutura e
clareza funciona quando os membros da equipe possuem papéis, planos e metas
claras. O Significado do trabalho é quando o próprio trabalho, é pessoalmente
significativo para os membros da equipe e no Impacto do trabalho, os membros da
equipe percebem que seu trabalho importa e gera mudanças.
Ainda nesse estudo, o Google revela ainda que o
padrão mais relevante relacionado à performance dos times é o nível da
Segurança Psicológica existente. Sem ele, times não alcançam a alta
performance.
A segurança psicológica acabou ganhando mais
holofotes e atenção após uma publicação em 2016 do jornal “New York Times”.
Após a Google, outras empresas e universidades realizaram estudos que validam a
teoria original da Dra. Amy Edmondson.
Desenvolver a Segurança Psicológica
Desenvolver a segurança psicológica é um processo
complexo que requer um novo modelo de trabalho, uma nova dinâmica e uma nova
prática do time. Simplificar esse conceito é um risco e tratá-lo como ações de
saúde e bem-estar, é um erro.
A segurança psicológica acontece dentro do time e
está na potência desse time, portanto, é responsabilidade de todos os
integrantes fazer isso acontecer. O compromisso diário com isso é que vai fazer
a diferença na qualidade das relações e dos resultados a serem entregues.
É preciso que os membros do time determinem o
trabalho a partir de uma perspectiva de aprendizado ao invés de simplesmente
execução de uma tarefa. Criar um espaço de aprendizado permite que todos
cometam erros e aprendam com eles, o que é fundamental para uma atmosfera de
alta segurança psicológica. Os membros da equipe precisam reconhecer
que todos são passíveis ao erro e falar sobre eles. Em times
psicologicamente seguros, o medo do silêncio é maior do que o medo da
fala. Em terceiro lugar, todos os membros precisam manter um alto grau de
curiosidade e se colocar num lugar de que não sabem tudo.
Empresas que querem se manter competitivas e
relevantes no mercado, precisarão encontrar novas formas de fazer negócio.
Criar ambientes psicologicamente seguros será essencial para alavancar o
desenvolvimento e a performance dos seus times e alcançar resultados de maneira
sustentável. Trazer o componente psicológico para o negócio é um processo
complexo, bastante desafiador e longo, porém necessário.
Instituto Internacional em Segurança Psicológica
Patrícia Ansarah - Master Trainer e
especialista em Segurança Psicológica em Times. Com certificação internacional
em Coaching & Action Learning e em modelagem de cultura. Facilitadora de
aprendizagem de grupos e desenvolvimento de liderança com mais de 25 anos
atuando em RH com experiência executiva em grandes empresas como
Colgate-Palmolive, McDonalds, J&J, Latam Airlines e Serasa Experian.
Veruska Galvão - Master Trainer e
especialista em Segurança Psicológica em Times. Psicóloga especialista em
relacionamentos humanos nas organizações, com certificação internacional em
Coaching e em modelagem de cultura e pós MBA em docência empresarial e
liderança. Mais de 20 anos atuando com desenvolvimento de liderança e cultura
organizacional em grandes empresas como Manpower, Hertz e Coca-Cola FEMSA.
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